Page 35 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1997
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Globalização
Seus reflexos sobre o setor de
telecomunicações no Brasil
Por Luiz Vieira
C om a presença das novas operadoras da banda B. das indústrias tradicionais
do segmento, das operadoras estatais e de representantes do governo, o XXXV
Painel Telebrasil, realizado em Recife, dias 17 e18 de novembro últimos, teve como
tema central "Globalização: seus reflexos sobre o setor de telecomunicações no
Brasil". O painel propiciou uma visão realista do novo quadro que se desenha para o
mercado de telecomunicações no País, não mais dependente do monopólio estatal e sim
totalmente privatizado: entram em ação as novas operadoras da banda B da telefonia celular e
a privatização das atuais estatais programada para meados de 1998. 0 governo, neste novo
modelo, terá uma atuação basicamente regulatória, definindo as linhas gerais de atuação das
empresas privadas, que competirão entre si para oferecer os melhores e mais baratos serviços
aos consumidores.
Durante o encontro, foi enfatizado que o processo de globalização está mtimamente ligado
à expansão das telecomunicações a nivel mundial, sendo esta causa e efeito da globalização,
com alguns países enfrentando dificuldades de uma maior integração no comércio internacional
devido à falta de uma estrutura eficiente de telecomunicações. As multinacionais, por exemplo,
realizam maiores investimentos em países com uma estrutura de razoável para boa neste
segmento. Este cenário internacional, aliado às mudanças políticas internas, levaram o Sistema
Telebrás a um total reposicionamento e mudanças de atitudes, para atender não só as crescentes
demandas por acessos e tráfego como à perspectiva de novos competidores no mercado antes
privativo.
A crescente globalização da economia brasileira, como a dos demais países, terá impactos
expressivos neste novo modelo de telecomunicações: com fornecedores internacionais passando
a disputar com as empresas aqui instaladas as encomendas das operadoras, principalmente
das controladas pelas grandes carriers mundiais, que têm uma política de compras a nível
global.Para compensar esta tendência, os fornecedores propuseram uma política governamental
de incentivo à produção local e à exportação visando reduzir o déficit na balança comercial
brasileira. Além deste impacto comercial sobre as indústrias nacionais, foi debatida também a
questão da manutenção de uma tecnologia nacional para
o setor, quando foi analisado o futuro, ainda não definido
claramente pelo governo, do CPqD da Telebrás, que
desenvolveu diversos produtos tecnologicamente de alto
nível e alguns inéditos no mundo Os incentivos que o
governo deve dar para o desenvolvimento de uma
tecnologia nacional foram discutidos no painel.
A mesa de abertura do evento foi composta por Luiz
Carlos Bahiana, presidente da Telebrasil; Renato Navarro
Guerreiro, presidente da Agência Nacional de
Telecomunicações - Anatei; Fernando Xavier Ferreira,
presidente da Telebrás; Clodoaldo Torres, presidente da
Telpe; Dílio Penedo, presidente da Embratel; Hélio
Machado Graciosa, diretor da Telebrás.
0 evento teve o apoio da Telpe. Ericsson, Iridium,
IBM e Método Engenharia.