Page 17 - Telebrasil - Maio/Junho 1993

volvimcnto (por falta de recursos).
sim que os japoneses conseguiram o

De comprovada eficiência e aceita­ grande sucesso mercadológico que ho­

ção no ramo da informática, uma das “ A cada dia je se observa.

soluções que se apresenta para fazer as empresas Para o caso brasileiro, não foi co­

frente a esta situação, é dissociar o gitada ainda uma transferência da fa­

hardware do software, oferecendo ao apresentam em seus bricação para países orientais. Entre­

cliente o hardware com as suas fun­ tanto, as aberturas um pouco exage­

ções básicas c comercializando as fa­ quadros, um maior radas, do governo Collor, ameaçam

cilidades de forma costumizada e in­ número de o desenvolvimento das indústrias lo­

dependente. cais, estabelecidas há dezenas de anos,
colaboradores com as consequências negativas apon­

Enigma envolvidos com tadas acima.

Sobre modismos aplicados à con­

Em 1968, professores da Universi­ software. cepção de uma sociedade pós-indus­

dade da Califórnia, em uma mesa re­ trial Bahiana teve uma palavra de cau­

donda sobre economia internacional, tela, alertando que os profetas dessas

questionaram as idéias correntrcs nos dução seja feita fora do país, auto­ teses esquecem que também se previu

Estados Unidos, consequência, talvez, maticamente eliminamos todos os em­ que a revolução industrial relegaria a

dos trabalhos de Alvim Toffler (A pregos existentes nas atividades dc ser­ agricultura a segundo plano. Tal não

terceira onda), segundo os quais ha- viços que listamos acima, isto é, ao aconteceu, porque a agricultura é res­

\eria uma evolução irreversível da ati­ invés de abandonarmos as atividades ponsável pelo enorme celeiro de ali­

vidade industrial para a atividade de produtivas em favor das atividades mentos sem o qual o mundo não so­

serviços. Em função disso, foi publi­ de serviços, estaremos, na realidade, breviveria. O que aconteceu, entre­

cado um artigo chamado “ O Mito da eliminando muitas destas últimas. tanto, foi que a agricultura se moder­

Economia Pós-industrial” . Mais cau­ Aos que dizem que a fabricação nizou, se automatizou e tornou-se mui­

teloso Luiz Carlos Bahiana prefere clas­ no Oriente é a única solução para se to mais eficiente sem perder o seu

sificar como “enigma" a evolução em conseguir a competitividade necessá­ papel, tão importante quanto a ativi­

causa, concedendo-lhe o benefício da ria à sobrevivência, contrapomos que dade industrial. Da mesma forma, que­

dúvida. é preciso aumentar a produtiv idade remos profetizar que a era dos servi­

Uma idéia surgida há algum tem­ através da automação, transferindo ços, em que pese o fato de que está

po separa a atividade econômica (à empregos da linha dc produção para em franco crescimento, não vai — e

exceção da agricultura e da constru­ a área dc informática especializada. não deve — ter efeito negativo de mo­

ção) em dois setores: a produção de E precisamos também aumentar a com­ do a tornar a produção menos im­

bens materiais c a produção de serviços. petitividade através da aplicação do portante do que até agora tem sido.»

Nos Estados Unidos, a produção princípio da qualidade total. Foi as-

material representava cerca de 47%

do PIB c os serviços ficavam cm tor­

no de 53%. Provavelmente foi a ob­

servação desses dados que levou al­ Informação em excesso prejudica

guns analistas a prever que haveria
Há uma dara relação entre o de­
uma clara predominância das ativi­ senvolvimento econômico de um pais nòmica pressupõe um limite na quan­
tidade de informação intcrcambiada
dades de serviços sobre as atividades e o de suas atividades de informação. Uma correspondência já bem anu

de fabricação de bens materiais. Mas essa relação e uma via dc mão ga da resista inglesa Naturc observou

Essa conclusão apressada levou a dupla, na medida em que o desenvol­ que o rendimento dos grupos britâni­

uma escola de pensamento cuja maior vimento da informação por sua vez in­ cos de pesquisas cientificas diminuía,

consequência seria a de que a fabri­ fluencia o desenvolv intento econômico. quando o numero de funcionários cres­

cação nacional era de relativa impor­ Pela primeira ve/, cm 1962. imagi­ cia.

tância. Melhor seria, para os Estados nou-se decompor a produção econô­ O que llahiana mostra e que a su­

Unidos, aproveitar-se da mão-de-obra mica em uma produção física ou ma­ perabundância de informação p o d e ser
terial e urna produção imaterial de in­
e de outras condições mais econômi­ noci\a. ao invés de v antajosa \a s for­
formação c de conhecimentos. Dados ças armadas, milhares de jovens vão

cas na região asiática e transferir pa­ recolhidos nos Estados Unidos, na Ale­ para o campo de batalha, dispsistos a

ra lá a fabricação, como fazem mui manha. na Austrália, na f rança e na perder a própria vida, p o r q u e a disse­

os países europeus, reservando pa­ Grã-Bretanha, revelam um crescimen­ minação de informação nas forças ar­

ra os serviços a grande c a mais nobre to do domínio da informação muito madas e extremamente limitada No

atividade nacional. mais rápido do que a média da econo­ momento em que o jovem, por jura­

Esquecem esses profetas, que a fa­ mia. mento. aceitou cumprir a risca o regu­

bricação inclui uma serie de serviços, Informações já bastante antigas mos­ lamento, não lhe compete fazer per­

como por exemplo, projetos de enge­ tram que, em 1958, nos Estados Uni­ guntas ou ter dúv idas. mas apenas se­
dos, o produto nacional bruto por tra­ guir ordens \> organizações religio­
nharia, controle de pessoal, estoques, balhador atingia cerca de 20 mil dóla­ sas oferecem exemplo semelhante.'

contabilidade, finanças, seguros, re­ res, dos quais cerca de 5 0 ° 'o em infor­ Pode-se di/er que o oposto desses

paro c manutenção da fábrica c das mação No hm do século passado, es­ exemplos c o anarquismo Caso 1 0 0 * *

máquinas, recrutamento e treinamen­ ta percentagem era apenas dc l2,5°o. das pessoas se dedicassem a informa

to de pessoal, serviços dc teste c labo­ Uma reunião de de/ pessoas, com di­ ção, não haveria mais produção Esta

ratórios de análise, fora os contado­ reito. cada uma. a I minutos de dis­ riam todos ocupados com telefones,

res, projetistas, publicistas, transpor­ curso e 3 minutos de réplica, levaria telex, f a x , microcomputadores, e se in

tadores dc bens e firmas que traba­ quatro horas paia se realizar! Desse formari/ando totalmente, ate a estag­

lham em projeto c manutenção de equi­ exemplo facilmente se conclui que a nação total da sociedade.

melhoria da eficiência na atn idade eco-
pamentos dc produção.

Ao permitirmos que a nossa pro-