Page 22 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1992
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0 problema da fibra em casa
Se cabos ópticos já atravessam ocea ópticas de silício e no extremo distan ativa, alimentadores primários de fi
nos, interligam centrais telefônicas te serem novamente reconvertidos a bras ópticas se irradiam da central
e vão cobrir distâncias como Porto fim de que recuperar a informação telefônica para formar uma estrela.
Alegre a Fortaleza por que eles ain original. Discute-se agora onde deve Das pontas ou nós desta grande es
da não chegaram à casa do usuá ocorrer esta transformação eletro-óp- trela saem alimentadores secundários
rio, substituindo a rede de cabos tiça, se na casa do assinante, ou num - podem ser condutores de cobre já
de cobre? equipamento pendurado num poste da existentes - formando nova distribui
esquina - comum aos vários usuários ção em estrelas. O conjunto resulta
do quarteirão - ou finalmente se na numa estrela maior, ornada com es
própria central telefônica. Toda al trelas menores, nascendo em suas ex
onhecida no ramo como o pro ternativa oferece vantagens e desvan tremidades. Na junção do alimenta
C blema do “ último quilômetro” , tagens. ção secundária, ou nó, é colocado um
dor primário com a rede de distribui
a distribuição dos serviços de TCs
John Edwards, da Corning, vê o
por fibra óptica, que até agora
tinha sido encarado como promessa, debate da distribuição óptica conver equipamento opío-eletrônico ativo ou
“ estágio remoto” cuja função é trans
gindo para a escolha entre a topolo
passa a se tornar realidade. Na distri gia da “ estrela dupla ativa” e a da formar sinais ópticos em elétricos e
buição convencional de sinais de TCs, “ rede óptica passiva” , na terminolo selecionar a informação apropriada a
tal como vem sendo feito há mais de gia inglesa active double st ar - A D S e cada usuário.
100 anos, um par telefônico de cobre passive optical netw ork-PO N . Em ter Na rede óptica passiva ou P O N
liga, ponto-a-ponto, o aparelho do as mos rápidos, é saber até que ponto (Passive O ptical NetW ork), a eletrô
sinante com o terminal numerado que interessa levar a transformação ele- nica da rede fica concentrada na cen
lhe corresponde na central de comu tro-óptica junto à casa do usuário. A tral telefônica que envia sinais ópti
tação. Pares telefônicos, por sua vez, arquitetura de rede com barramento cos a serem captados por dispositivos
se juntam para formarem cabos de comum, muito em voga nas redes lo passivos - em verdade divisores ópti
capacidade crescente, à medida que cais de computadores (LANs), está cos de sinais - que distribuirão a in
se aproximam dos centros telefôni descartada nas redes públicas. Seu prin formação para as casas dos assinan
cos. Armários de distribuição, caixi cipal inconveniente: isola da central, tes. A arquitetura PON utiliza a téc
nhas de conexões c o uso de múlti usuários a jusante de uma falha no nica de acesso múltiplo por divisão
plos, são técnicas que dão flexibilida barramento. em tempo ou TDMA.
de à rede tradional para que ela sc O objetivo da distribuição óptica é O consultor da ADC norte-ameri
adapte à topologia dos assinantes. o enlace do assinante. Este compreen cana, Patrick Cameron, descreveu na
Em contrapartida, na distribuição de um trecho alimentador, outro dis terminologia do Bell Core, o terminal
óptica, uma simples fibra pode car tribuidor e outro final. O todo forma remoto (host d ig ita l tcrminal-HDT)t
rear, via multiplexação TDM ou por uma via contínua da central de co a unidade óptica de rede (optical nd-
técnica equivalente, sinais referentes mutação ao aparelho do assinante. O w ork u n it-O N U ). O HDT é a interfa
a 200 ou mais assinantes. Isto vai al trecho alimentador é o mais compri ce com a rede pública. Na rede passi
terar a operação do sistema de TCs. do e o final - conhecido como fio va ela pode ficar junto à central de
Como observou Sebastian Andreat- drop - o mais curto. comutação, ao passo que a ONU éa
ta, da Raynet, “ o gerenciamento da Na distribuição em estrela dupla interface com o usuário e fica abriga-
rede não será mais baseado no con
trole de pares telefônicos e sim no da
faixa passante atribuída a cada assi
nante” .
Discussão
A comunicação óptica é, por to
dos, considerada um sucesso. O que
se analisa agora é a maneira, econo
micamente melhor, de levar a infor
mação digital, por meios ópticos, a
uma grande massa de usuários. Tal
estratégia, porém, deve levar em con
ta que há uma rede de cobre existen
te, cobrindo metade do planeta e que
representa fabuloso investimento a ser
amortizado.
A comunicação puramente óptica
ainda não existe e os vários laborató
rios do mundo investem milhões de
dólares para um maior domínio da
fotônica. Por ora, sinais elétricos têm
que ser transformados em sinais ópti
cos para serem trasmitidos por fibras A rede de cobre ainda não morreu, mas a longo prazo tem seus dias contados.