Page 33 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1992
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Lomba:
Privatização x Obsolescência
A pesar da expectativa de evolução cação e cresce a taxas muito eleva
que passa por altos níveis de sofisti
e modernidade que as medidas de-
sestatizantes trazem para a economia, das, de 15% ao ano.
nem tudo são flores nos caminhos da Em 1988. na extinta União Soviéti
privatização das telecomunicações no ca, as ligações telefónicas internacio
Brasil. Questões políticas e gerenciais nais somaram menos de cem milhões
de grande complexidade, além de tu de minutos. No mesmo período, nos
multuadas relações com o mercado e Estados Unidos, o mesmo tipo de in
a pressão da força de trabalho, po tercomunicação via telefone totalizou
dem alterar o processo e prejudicar a cinco bilhões e quatrocentos milhões
eficiência das iniciativas privatizantes. de minutos. Os números falam por si
Concebido no final dos anos 60. Completado o processo inicial de
sob os cânones da doutrina militar de desregulamentaçáo. ele aponta três op
organização da economia, com total ções para as TCs no Brasil: a) manu
submissão desta ao domínio do Esta tenção da situação atual, com discre
do. o modelo das TCs brasileiras está tas evoluções, b) privatização nos mol
em questão. A reforma constitucional, des da AT&T nos Estados Unidos, ou
a ocorrer no próximo ano. coloca em da Bntish Telecom, na Inglaterra, via
discussão, desde já. os rumos a se Bolsa de Valores, para atrair capitais;
rem tomados pelo setor. Sobre o as e, c) a venda, pura e simples, do sis
sunto. falou Paulo Roberto Lomba Ri tema Telebrás a um grupo privado.
beiro. no XXV Painel Telebrasil. Concluiu observando que no mun
Embora as TCs tenham passado por do inteiro os movimentos de desregu-
profundas modificações, nos países do lamentaçào e privatização apresentam
hemisfério norte e, mais recentemen três características comuns: são re
te. na América Latina, cada caso guar Lomba "Que modelo adotaremos?" centes, avassaladores e estão intima-
da suas próprias singularidades. No Bra mente ligados.
sil. Paulo Ribeiro acha que a privatiza Paulo Ribeiro finalizou recomendan
ção não só é altamente desejável, co do que a reforma da Constituição eli
mo inevitável. Todavia, qualquer solu conversações por ano. Por volta de mine riscos legais às iniciativas de des-
ção, lembra, deve levar em conta o 1995 deverá totalizar entre 60 e 70 regulamentação ou privatização. Além
interesse das partes envolvidas. Prin- bilhões anuais. disso, deve ser estabelecido um cro-
cipalmente dos usuários e do patri Nesse contexto, o negócio das TCs nograma de licenças e permissões,
mônio técnico e humano acumulado transformou-se numa das maiores e compatível com a capacidade de cres
ao longo dos anos. mais rentáveis indústrias do mundo, cimento do mercado. Finalmente, de-
Os crescentes déficits comerciais ao lado do petróleo e da indústria au ve-se promover e divulgar internacio-
e a perda de competitividade indus tomobilística. O faturamento anual do nalmente o processo, com a maior par
trial, ocorridos na economia dos Esta setor alcança hoje US$400 bilhões. ticipação possível de empresas tele
dos Unidos, trazem a debate a impla No Brasil, a receita da Telebrás com fônicas e de bancos de investimento.
cável terceirização da sociedade nor para-se à da Petrobrás. É um setor (RNH)
te-americana, colocando-a no centro
da questão. Pode uma sociedade sub
meter sua economia à dependência
exclusiva de terceiros? É esta a prin
cipal questão com que se defrontam
os norte-americanos e. em menor es
cala. diversos países europeus. "A res
posta é obviamente não", diz Paulo
Roberto.
Este pano de fundo, segundo ele.
tem profundas implicações sobre o seg
mento das TCs. Como todos os servi
ços dependem fundamentalmente da
capacidade de troca de informações,
o efeito sobre as TCs resulta não ape-
nas num evolutivo aumento de deman
da. mas também numa caótica diver
sificação e ampliação de necessida
des de comunicações A cada dia ne-
cessita-se e depende-se mais de maior
numero e de mais complexas comuni
cações.
0 tráfego telefônico internacional
cresceu seis vezes na última década,
ungindo 35 bilhões de minutos de
Público se interessou pelas estratégias de planejamento da Telebrás