Page 32 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1992
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XXV PAINEL TELEBRASIL
então exclusividade da Embratel” . saltar que devemos manter o domí 7,3 terminais por 100 habitantes, pos
O Sistema Telebrás está definindo nio, ou até manter o monopólio, não sivelmente para 9,5 no final de 1994".
e redefinindo qual a sua missão. “ Nós por causa da Constituição ou de uma Renato Guerreiro disse, ainda, que
temos sentido a necessidade de um lei ou portaria, mas mantê-lo por com o Ministério da Economia não vem cum
planejamento estratégico um pouco petência“ . prindo o que havia acordado em rela
mais forte“ , observou Guerreiro, acres Mais adiante, o palestrante falou so ção a recuperação tarifária, o cresci
centando: “ Devemos ter como objeti bre a planta instalada, hoje com cerca mento real que havia sido negociado.
vo o atendimento da demanda dos di de 10 milhões de terminais, preten Quanto ao investimento para 1993.
versos segmentos, com soluções que dendo chegar a 1995 com 15,5 mi um número já negociado com o Minis
assegurem rentabilidade, além de man lhões (ver tabela2). “ Pretendemos tam tério da Economia, para o Congresso
ter o domínio do mercado e serviços bém evoluir um pouco a densidade te Nacional aprovar, é de US$ 3 bilhões,
de telecomunicações. E importante res- lefônica no Brasil, passando dos atuais com a possibilidade de, depois de apro
vado, se chegar em torno de mais 10%,
o que daria para implantar cerca de
965 mil terminais em todo o País.
Sobre telefonia móvel celular, o pa
lestrante lembrou que “ era um servi
ço que não tinha tarifa e há um mês
saiu uma tarifa de teto, quer dizer, a
luta é muita árdua para se conquistar
o mínimo necessário. Eu acho que nós
temos condições, competência, conhe
cimento suficiente, tanto nas indús
trias quanto nas empresas de teleco
municações, de fazer uma parceria pa
ra brigar por isso, porque só com uma
receita compatível é que vamos poder
ter uma garantia um pouco maior dos
investimentos nos programas de ex
pansão que o Sistema Telebrás se pro
põe a organizar“ , concluiu Guerreiro, i
Mesa de debates; ao microfone, L.C. Bahiana, presidente da Telebrasil. (JPí
Ferraz:
Estado X Economia de Mercado
professor Francisco Ferraz esco
O lheu como tema de sua palestra caminho tem na economia de merca volvimento uma sociedade em que a
do o seu motor e a sua variável estra
economia seja refém de um Estado
“ Resistência à Economia de Mercado: tégica, a produzir, direta ou indireta hegemônico, regulamentador e fisca-
Uma Agenda para as Empresas” . Ele mente, o desenvolvimento. lista.
explicou que era uma abordagem de Mas a economia de mercado, ao Sociedades que se desenvolveram
conjunto sobre o quadro dentro do qual contrário do que imaginam os radicais dentro da ideologia liberal extremada,
a nação se move, onde o país procura do liberalismo, não pode ignorar a le como é o caso da Inglaterra e dos
captar, não no fluxo conjuntural dos gitimidade de algumas funções eco Estados Unidos, foram forçadas, por
eventos do dia-a-dia, retratados pela nômicas do Estado. O desenvolvimen movimentos de autodefesa, a gradual
mídia, mas por componentes e variá to se dá como resultado de um “ mix“ mente reconhecer espaços para a ação
veis de natureza econômica, política, entre a livre iniciativa econômica e o estatal, cada uma compondo um "mix'
social e cultural. “ Se um cientista so Estado. A hegemonia do mercado res entre a iniciativa privada e o Estado.
cial tentasse apresentar uma análise peitando o espaço indispensável para Sociedades dominadas pelo Estado são
coerente sobre a realidade brasileira, a ação do Estado, inclusive no campo extremamente difíceis de remover o
com base na observação do cotidia econômico. Mas não chega ao desen- Estado do comando da economia.
no, apenas seguindo o noticiário, se Nelas o “ mix“ também se realiza,
ria um esforço análogo ao de uma pes mas não de forma dinâmica. 0 Estado
soa perseguir a própria sombra. Sujei aumenta sempre mais o seu poder e
tos a uma constante variação, os even a economia de mercado é apenas to
tos, nesse caso, mais confundem que lerada. Refreada em suas mais saudá
ajudam a entender o que realmente veis iniciativas, o seu dinamismo é dre
acontece no País. Quando acontece, nado por via de um fiscalismo voraz
bem entendido... Porque o mais co para financiar um Estado parasitário,
mum no Brasil é o não-acontecer, é o patrimonialista e ineficiente. Este é o
mudar para continuar do mesmo jeito caso do modelo brasileiro. Com hege
— para prover continuidade. monia do mercado, há o desenvolvi
O fim deste século demonstrou, sem mento. Com predomínio do Estado, há
qualquer dúvida, que, ao contrário do a estagnação” . Em síntese, foi este o
que se propalou por décadas, não exis tema desenvolvido pelo Professor Fer
tem vários caminhos para o desenvol raz, no XXV Painel Telebrasil.
vimento, mas apenas uma trajetória
básica comportando variações. Esse Ferraz: “ Economia não pode ser refém do
Estado"