Page 15 - Telebrasil - Março/Abril 1991

Quandt:

Apenas um decreto a mais

Por fim, o ex-Ministro Quandt de Oli­
ex-Ministro das Comunicações e pre­ brança da publicidade, explicou Quandt veira revelou que a “Editei está pensan­
O tração da Editei opinou que o prazo de concorrência, nos próximos meses, para
sidente do Conselho de Administra­
de Oliveira.

do se participa ou não de uma suposta
O presidente do Conselho de Adminis­
ção da Editei, Comte. Euclides Quandt
de Oliveira, achou que o Decreto 99.679/90

contratação entre a Editora e a Cia. Tele­
foi mais um sobre listas telefônicas publi­ a confecção das listas do município do

cado no “Diário Oficial da União". Ele fônica não deveria ser fixo (6 anos mais Rio de Janeiro. Eu, como presidente do

defendeu que a atividade de editoração 6 renováveis), a fim de permitir investi­ Conselho de Administração da Editei,

de listas não é cartelizada, visto que pela mentos de maturação mais longos. “Se a meu voto é contra a participação da em­

lei só pode haver uma editora operando editora for confiável as listas devem ficar presa na esperada licitação da Telerj.

numa mesma área e é ela quem paga à definitivamente a seu encargo; caso con­ Quem ganhar a concorrência vai ter um

cia. telefônica pela edição das listas. trário, o contrato deve ser reincidido de investimento acima de USI 50 milhões

Referindo-se à atividade da editoração imediato”, explicou. Para ele, as listas te­ em material e pessoal, até que haja retorno".

de listas, explicou o ex-Ministro que ela lefônicas impressas ainda são um bom ne­

exige grande capital de giro, porque a co­ gócio, embora não cheguem a ser “a gali­

mercialização começa cerca de um ano nha dos ovos de ouro" como pensam alguns.

antes do recebimento dos anúncios corres­ Quanto à lista eletrônica, ela até hoje

pondentes. Ele lembrou que os congela­ ainda não se mostrou eficaz mesmo nos

mentos trazidos pelos “planos econômi­ países desenvolvidos, com exceção da Fran­

cos" criaram enormes dificuldades para ça que foi o único país em experimentar

as editoras. Segundo Quandt, são necessá­ o sistema e mesmo assim em regiões de

rios recursos para o papel utilizado na im­ menor densidade. “Eu acho que para a

pressão (são carretas e mais carretas); pa­ companhia telefônica a lista eletrônica é

ra equipamentos de automação da editora­ ainda um mal negócio, inclusive para o

ção; e para reciclagem periódica dos re­ assinante, que teria seus custos aumenta­

cursos humanos, principalmente de vende­ dos. As cias. telefônicas também teriam

dores e contatos com anunciantes. que se capacitar para receber uma lista

A filosofia da Editei ao receber qual­ telefônica, seja por um terminal de vide­

quer reclamação do anunciante, indepen­ otexto ou por terminal de televisão, além

dentemente do que possa ter acontecido, de perder a participação na publicidade”,

é aceitar a reclamação e suspender a co­ observou. Quandt "Não existe cartel de listas."

LTN:

De olho nas listas do Rio ABL:

Querem criar a

diretor comercial da Editora LTN nha rigidez é elevar substancialmente o
O risco da atividade, reduzindo, em primei­ “Listabrás”
Ltda., Joseph Claude Daou, acha que

as novas diretrizes emanadas pelo Decre­ro plano, a margem de lucro da operado­

to 99.679/90 foram feitas no sentido de ra a ser ofertada em licitação e, em segun­

não só desregulamentar o setor, mas tam­do plano, induzir as editoras à falência. diretor-executivo da Associação Bra­

bém conseguir a publicação das listas tele­ O diretor comercial da LTN acredita sileira de Listas Telefônicas-ABL, o

fônicas da cidade do Rio de Janeiro. “U- que muito mais que intervencionismo, a O
advogado Hélio Estrella, ex-Consultor Ju­

ma decisão de desregulamentação incon- Portaria 29/91 é de difícil aplicação e que rídico do Minicom, concorda com a opi­

teste é a liberalização da publicação da deverá ser revista em futuro próximo nião do Comte. Euclides Quandt de Oli­

relação de usuários de equipamentos co­ em função das próprias condições sócio- veira, na questão do Decreto 99.679/90,

nectados à rede telefônica como fax, mo­ econômicas do País. Ele disse que as lis­ achando que não houve liberalização. “Na

dems, microcomputadores, etc.", acrescen­ tas do Rio há oito anos não têm um edi­ verdade acrescentou — é uma repetição

tou o executivo, afirmando ainda que o tor oficial. "O mais provável é que o futu­ do decreto editado.no Governo Sarney.

aludido decreto atendeu, embora parcial­ ro vencedor da licitação venha a pleitear Com referência a listas, só no Governo

mente, seus objetivos. e conseguir a revisão de tais condições, Collor foram publicados dois decretos e

Quanto à Portaria n° 29/91, Joseph Da­ após a assinatura do contrato, ou então sete portarias”. Para ele, o que está haven­

ou alertou para os parâmetros fixados pe­ gerar novas controvérsias na Justiça, a do é a pressão de um grupo de “xiitas”,

lo Minfra que constrangem muito mais exemplo de situações anteriores", enfati­ dentro do atual governo, para que seja

as empresas do Sistema Telebrás do que zou. Joseph Daou alertou ainda que deve criada uma nova estatal, possivelmente

as editoras, “porque insiste em um pa­ haver uma criteriosa avaliação técnica e com o nome de “Listabrás”, ironizou o

drão de contratação de atividades de lis­ econômica dos concorrentes, a fim de evi­ executivo, “pois o que eles querem é in­

tas já ultrapassado ao longo dos últimos tar a presença de aventureiros, que ga­ viabilizar economicamente as editoras”.

anos, fechando os olhos a uma realidade: nham contratos, mas não têm condições Hélio Estrella fez um apelo à Secreta­

as operadoras não conseguem ver reco­ de cumpri-los. ria Nacional de Comunicações para que

nhecido o seu direito de exclusividade, A LTN edita listas telefônicas para decida, de uma vez por todas, sobre as lis­

mas cobram dos editores uma postura con­ 472 cidades do interior de São Paulo, en­ tas da Telerj, em respeito aos assinantes

tratual como se tal exclusividade existisse”. tre as quais os municípios de Osasco, So­ do município do Rio de Janeiro, que há

— Outro item importante da Portaria rocaba, Araçatuba, Assis, Presidente Pru­ oito anos não recebem seus catálogos tele­

29/91 — disse Joseph Daou — é o fato das dente, São José do Rio Preto, Votuporan- fônicos. “A TeleListas, vencedora da últi­

operadoras estipularem as condições de ga, Barretos, Bebedouro, Catanduva, Ara- ma concorrência, até agora não teve seu

comercialização de figurações opcionais raquara, Matão, São Carlos, Taquaritin- recurso administrativo julgado. E preci­

em edital. Em um contrato, para vigorar ga e Ribeirão Preto. so que este impasse seja resolvido", con­

por 12 anos, fixar tais regras com tama­ cluiu o diretor do ABL.