Page 20 - Telebrasil - Março/Abril 1991
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Informática:














                                                                                                                                                E   a g o r a ,   J o s é ?












                                                                                                                                                                                                                            Cristina de Luca (*)



















                    E            mbuído  do  compromisso  de  mo­

                                 dernizar  o  Brasil,  o  atual  gover­



                    no  está  promovendo  mudanças  radi­


                    cais  nas  políticas  industriais  que  du­


                     rante  décadas  nortearam  o  pretenso



                     desenvolvimento  do País. Entre elas,


                     a  Política  Nacional  de  Informática,


                     que,  nos últimos 20 anos, acalentou a


                     aventura brasileira de fabricar compu­



                     tadores  e  seus  programas,  e  equipa­


                     mentos periféricos.


                             O  maior alvo  do  governo Collor é



                     a reserva de mercado — principal ins­


                     trumento  fomentador  da  formação


                     da  indústria  de  informática  no  País.


                      Durante os anos 80, a defesa da reser­


                     va ganhou forte conotação ideológica,


                      de  caráter  emocional  e  nacionalista,



                      embasada na  importância estratégica


                      da capacitação e independência tecno­


                      lógica.






                                                  Modelo político







                              Na  época,  o  economista  William


                      Cline questionava a validade da prote­


                      ção  da  indústria  nascente,  alertando



                      para  o  risco  da  defasagem  técnica  e


                      perda de eficiência que a não coopera­                                                                                    tria nacional encerrou os anos 80 com                                                                                    equipamentos  de  médio  e  pequenc


                      ção com companhias estrangeiras po­                                                                                       um  faturamento  de  US$  4,3  bilhões                                                                                   porte  no Brasil.


                      deria causar. “A questão principal pa­                                                                                    em  1989.  Há dez anos,  a participação                                                                                          Os próprios defensores do modele



                      ra  o  futuro  —  escrevia  ele  —  é  se  o                                                                              da  indústria  local  não  ultrapassava                                                                                  admitem  a  necessidade  de  uma revi­


                      Brasil seguirá uma política de gradati­                                                                                   US$  280  milhões.  Gerou  70  mil  em­                                                                                  são,  principalmente  por  considerar


                      va  expansão  da  reserva  de  mercado                                                                                    pregos, 24,8% de nível superior e 52.3%                                                                                  que  o  desenvolvimento  da  informal


                      (chegando, por exemplo, aos mainfra-                                                                                      de  nível  secundário.  O  Pais adquiriu                                                                                 ca  não  pode  mais continuar dissocia


                      mes)  a  um  alto  custo.  Ou  se,  ao con­                                                                               know-how  em  diversos  segmentos                                                                                        do  de  outros  setores  da  eletrónica


                      trário, os legisladores começarão a di­                                                                                   da indústria, inclusive alguns de gran­                                                                                  Especialmente  aqueles  relacionados



                      rigir a indústria local para a competi­                                                                                   de  complexidade  tecnológica,  como                                                                                     com outras atividades econômicas co­


                      tividade internacional através de uma                                                                                     a  microeletrônica,  conseguindo  mui­                                                                                   mo  as  telecomunicações  e  a autom-


                      gradual  reabertura do mercado.”                                                                                          tas  vezes  reduzir  a  dependência  de                                                                                  ção industrial. Nestes setores, a res<'



                               Durante  anos  a  administração  da                                                                              tecnologia externa.                                                                                                      va  acabou  por  impedir  que  o  Bras»


                      política, exercida  pela Secretaria  Es­                                                                                          O  investimento das multinacionais                                                                               acompanhasse com a agilidade nece>


                      pecial  de  Informática (SEI),  seguiu  o                                                                                 foi, em parte, preservado. Tanto, que                                                                                    sária  o  avanço  tecnológico  de outros


                      caminho  da  expansão  da  reserva,  se                                                                                   o  próprio presidente  da  IBM,  Rudolf                                                                                  países.


                      tornando por isto motivo de desenten­                                                                                     Höhn, ao comentar a recente associa­                                                                                             A  questão,  para  eles,  é  saber



                      dimentos  diplomáticos  e  de  rusgas                                                                                     ção  da  empresa com  a  SID,  para  fa­                                                                                 mo se dará a transição para um mo#


                      dentro  do  próprio  governo.  Hoje,  no                                                                                  bricação  no  Brasil  dos  micros  PS-2,                                                                                 lo mais liberal. Alertam que u m a  abc*


                      entanto,  o governo Collor, parece, se­                                                                                   declarou  que  “a  IBM  do  Brasil  tem                                                                                  tura brusca colocaria a perder rodo


                      gue  com  determinação  draconiana  a                                                                                     visto  seus  negócios  expandir-se  a  ta­                                                                                        : se construiu  nestes 20 anos



                      estrada da  revisão  do  modelo,  com  o                                                                                  xas  de  18%  ao  ano”.  Segundo  ele,  a                                                                                         'leste  particular,  o  arroubo m,cl^


                      objetivo  de  promover  alianças ao  ca­                                                                                  intenção  da Big Blue  é  continuar  in­                                                                                          governo ao anunciar as mudíHÇf


                      pital e tecnologia estrangeiros.                                                                                         vestindo  muito  no  País.  Só  no  ano                                                                                             ece  ter cedido  lugar à cautdí-£


                               Do  ponto  de  vista  econômico,  o                                                                              passado,  foram  US$  100  milhões.  O                                                                                            didas já tomadas ainda são cofl-^  ‘


                       modelo  político  adotado  até  aqui  é                                                                                 caminho  dos  investimentos  é  trilha­                                                                                            as tímidas, embora apontem cia *



                       considerado vitorioso. Afinal, a indús- * 18                                                                             do também  por outros pesos pesados                                                                                               nte  a  direção  a  seguir.  A  rese^‘


                                                                                                                                                da informática, como a Unisys, a HP,                                                                                               preservada  até  1992,  conform«^-


                                                                                                                                                a  Nec  e a  Control  Data.  Além  da  fa­                                                                                        30sto  na  Lei  de  Informática  ^



                        (V Cristina de Luca é jornalista especializada no                                                                       bricação  de  mainframes,  elas  agora                                                                                            ts  produtos  —  20%  apenas do e^


                        Complexo Eletrónico.                                                                                                    buscam  parceiros  para  produção  de                                                                                             so  rol  que  estava  sob  o  conrr-






                        18                                                                                                                                                                                                                                                                                                        Telebrasti. Mar/*V
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