Page 9 - Telebrasil - Julho/Agosto 1991
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microondas terrestres e espaciais e, as telecomunicações representam ex formações, não podia deixar de encon
mais recentemente, ao uso da optoele- celente negócio, mesmo com tarifas trar eco, local, mudanças ocorridas
trônica e da fotônica. Os dispositivos cronicamente baixas. no cenário mundial das telecomunica
analógicos passaram a ser digitais e ções, notadamente nos países econo
a vulgarização do microprocessador, D esregram ento micamente desenvolvidos — EUA,
cada vez mais potente, abrangente e Europa, Japão.
barato, catapultou para o centro da Distingue-se: desregramento (dere- Durante muitas décadas, o mode
ação o controle através de instruções gulation), que é presença da autono lo do monopólio regulamentado pelo
armazenadas sob forma de sinais ele mia de gestão e operação em empre Estado e aplicado aos Correios e às
trônicos, vale dizer, do software. A sas provedoras de serviços de TCs; li Telecomunicações, foi quase que uni
rede brasileira de TCs acompanhou beralização que é a abertura do mer versalmente adotado em todos os paí
— com uma defasagem média entre cado de equipamentos e serviços de ses, com a notável exceção dos EUA,
3 a 5 anos — os desenvolvimentos TCs a qualquer participante, inclusi em que vigorou o quase monopólio
da tecnologia internacional. ve internacional; e privatização, que privado da AT&T, que incluia vertica-
A evolução do parque industrial tem a haver com a propriedade do ca lização da pesquisa tecnológica e da
para as telecomunicações caracterizou- pital da empresa. produção de equipamentos. Uma vi
se, no Brasil, pela progressiva naciona As Nações, longe de estarem isola são rápida mostra que, no Mundo,
lização do capital de empresas estran das, se movem num ambiente em que há tendência para a manutenção do
geiras aqui existentes, pelo surgimen as facilidades crescentes de telecomu monopólio regulamentado nos servi
to de empresas nacionais, e pela cria nicações e transporte, aceleraram, a ços locais e na infra-estrutura da re
ção, em 77, do Centro de Pesquisa e partir da 2a Guerra Mundial, o inter de básica, com abertura, em regime
Desenvolvimento — CPqD, da Tele- câmbio de idéias, pessoas, bens e servi de concorrência, vigiada ou não, pa
brás. Na base desta evolução, viabili ços entre países, em que pesem dife ra serviços de valor acrescido e termi
zando-a, o poder de compra do mono renças culturais, política, econômica nais, atividades estas em que se adm i
pólio estatal. As fontes de recursos e de linguagem, próprias de cada te a existência de centenas de concor
para expansão do sistema foram obti um. O que acontece “lá fora” repercu rentes. Japão, Estados Unidos e Euro
das do Fundo Nacional de Telecomu te aqui, desde os tempos do Brasil pa mantiveram como atores princi
nicações — FNT, depois extinto; do Colônia, passando pelo Reinado de pais da cena de suas telecomunica
mecanismo de autofinanciamento, tra D. João VI e os tempos do Império. ções parceiros historicamente existen
duzido por quem quiser telefone terá Num ambiente da economia interna tes — ainda que sob novas roupagens
que participar do investimento que ele cional que se vê regido por um Bre- — nada sucedendo de drástico, a não
representa; de empréstimos externos, ton Woods, acordos bi e mui ti laterais, ser o surgimento de novos serviços
apesar que o setor é pouco endivida rodadas do Gatt, idéias de livre co para beneficiar segmentos de mercado.
do; e de recursos próprios, visto que mércio e intercâmbio crescente dc in- Também não ocorreram mudanças
radicais, na média, no tocante à priva
tização do capital das empresas nos
LOCAL - O QUE ACONTECE NO MUNDO países desenvolvidos. Na América La
tina observou-se, em grau diverso,
Estados Unidos serviço local e curta distância monopólio das 7 Irmãs Bell e outras, como tendências para introdução de certa
GTE; interurbano: concorrência regulam entada da AT&T, MCI <* US Sprint concorrência em alguns serviços; pa
(GTE); Internacional: AT&T e revendedores do sorvlços o satélites; livre: term i
nais e serviços de valor acrescido (VAN). ra a privatização do capital das em pre
sas; e para a tomada do controle ope
j aDã0 serviço local e Infra-estrutura de transmissão: monopólio das NTT (economia
H mista) e KDD (privada); VAN: concorrência sob autorização do M inistério dos racional por operadores estrangeiros.
Correios e TCs; Internacional: KDD o outras empresas. A intensidade destas ações ficou por
conta da estrutura de telecomunica
Inglaterra serviço local: monopólio virtual da Brltish Telecom (52% privada e 48% esta
tal); celular: duas operadoras; satélite: sois op.; VAN: centenas de concorrentes. ções já existente, do grau de satisfa-
França local e infra-estrutura: France Telecom (estatal) e SFR (estatal); cabodifusão:
aceita operadores privados; VAN: concorrência regulamentada; term inais libe
rados.
Alemanha serviço local, infra-estrutura de transmissão: Deutsche Budenpost Telekom ,
com serviços obrigatórios; Mannesman atua como 2 fl operadora, minoritária;
terminais e VAN liberados e com unicações até 15 kbit/s, via satélite.
Espanha rede telefônica e dados: m onopólio da Telefônica de Espanha (60% privada
e 40% estatal); serviços essenciais da TE e VAN em concorrência; term inais
liberados, exceto aparelho telefônico e certos PABX.
Holanda infra-estrutura, exceto cabodifusão: m onopólio Virtual da Telecom m unicatie
BV (estatal), com serviços de base (forna, telex, dados); VAN e terminais: livres.
Itália PTT e STET do Estado, esta últim a holding da SIP, Italcable (internacional) e
Telespazio (satélite); term inais liberados; VAN sendo discutido.
Suécia na prática Televerket (do Estado) dom ina (95% ) do mercado; Comvik disputa
radlotelefom a e satélites e United Cable e outros, a cabodifusão; VAN e ter
minais liberados.
América Latina Argentina: antiga Entel (estatal) dividida, em 90, nas Norte (tomada pela Us
Bell Co.) e Sul (Telefónica de Espanha, Citycorp e Techint argentina); Chile:
Cia Telefônica de Chile, privatizada em 88, com telefonia regulam entada e o
restante livre; Colômbia: Telecom passou a estatal, com espaço para concor
rência em VAN e celular; M éxico: m onopólio virtual de Telm ex com controle
privatizado pelo grupo local Carso (10,4% ) e France Telecom e Southern Bell
(5% cada); Uruguai: m onopólio estatal Antel; Venezuela: m onopólio estatal
da Telôfonos de Venezuela com 30% sendo oferecido internacionalm ente,
com direito a controle.
D e se st a tização é fenóm eno mun
dial. DEU ATÉ CAPA DO TIME.
Fontes: Telfícorns Magazine; Intelsat; IBM LA, M PT&E