Page 11 - Telebrasil - Julho/Agosto 1991
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Ozires Silva, então Ministro da In belecer condições para utilização da que dá as atribuições da Embratel e
fra-estrutura, assinou em 8.11.90 cin rede pública de comunicações para das empresas-pólo.
co Portarias, todas com base no Pro suporte à prestação de serviços não- Fruto da legislação emitida — algu
grama de Desregulamentação. A de públicos de comunicações”. mas como minuta — foi enfatizada
n° 885, se refere a telefones públicos A Portaria 109 ao ser extinta ter no Brasil, a liberalização dos serviços
(5% da receita da operadora é para co mina com o serviço de comunicação públicos restritos (não atendido por
brir 85% da área de tarifa básica, com de dados explorado (com exclusivida serviços públicos), limitado (múltiplos
TPs a menos de 500 m de desloca de) e em âmbito nacional pela Embra- destinos, rural, privado e outros), espe
mento do usuário). As de n° 884 e 886 tel. A Portaria 117 (07.12.90) trata de cial de radioamador e radiodifusão,
prevêem redes implantadas pelas co minuta de norma de Edital de Habili que poderão ser explorados pela esfe
munidades, não atendidas pela opera tação para exploração do serviço mó ra privada; terminou o monopólio da
dora da rede pública, e depois absor vel celular; a de n° 03 (07.01.91) faz o Embratel sobre comunicações de da
vidas e operadas por ela. A de n° 883 mesmo com os meios adicionais de dos; e abriu-se a telefonia celular à
prevê a outorga, mediante licitação, TCs (fora da área de tarifa básica ou operação privada. Ao ser redigida es
do serviço móvel celular e a de n° quando a operadora não pode atender ta matéria a liberalização das TCs,
822, além de revogar a Portaria n° à área); e a de n° 4 (08.01.91) trata da no Brasil, emanada do Poder Executi
109, manda “rever regulamentos com minuta de norma geral de TCs para vo estava, democraticamente, sendo
o objetivo de eliminar as restrições exploração do serviço limitado. Per julgada no Judiciário.
ao acesso da iniciativa privada e esta manece válida a Portaria 525 (08.11.88)
Desregulamentação: no Código Brasileiro de TCs) e sim co dos titulares no Minfra. Permanece, porém,
mo meios para atingi-los. no judiciário, a discussão de temas polê
A importante regulamentação para os micos, como o da liberalização de servi
serviços limitados — que abrirá as portas ços de transmissão de dados, que foi obje
Parada, mas só para a exploração de comunicações não to de várias liminares na esfera das Varas
públicas pela empresa privada - está pa Federais. Ainda segundo Joel Rauber, a
na superfície ra sair, disse Roberto Blois, adicionando Portaria 525 deverá ser alterada, abrindo
que seu departamento estuda regras pa a comunicação de dados para as empre-
ra garantir acesso equalitário à rede pú sas-pólo “após uma fase em que se está
blica por qualquer operador habilitado, dando oportunidade à Embratel para man
"O Congresso Nacional é soberano pa quer público ou privado. ter suas redes para atender a um cenário
ra manter ou não o monopólio estatal das Joel Rauber declarou que a política se de cooperação com estas empresas”. Pa
telecomunicações públicas”, afirmou Joel torial de desregulamentação e a abertura ra Carlos de Paiva Lopes, presidente da
Rauber, secretário nacional das comunica do sistema ao regime de concorrência não Embratel, a empresa irá cooperar e ao
ções, ao se referir a revisão da Constitui sofreram qualquer arrefecimento ainda mesmo tempo competir na área de comu
ção, prevista para 93. Ele disse que a "Se que diminuiu a velocidade de sua divulga nicação de dados “visando otimizar o de
cretaria respeitará a decisão do Congres ção externa, devido às recentes mudanças sempenho global do Sistema Telebrás”.
so, visto que esta refletirá a vontade de
todos os brasileiros”. Mas isto não signifi
ca que o capital pnivado não possa explo
rar serviços de telecomunicações, em regi Tarifas
me de concorrência. Os serviços limita
dos (não aberto à correspondência públi Em relação ao assunto de tarifas, conduzida pela SNC junto ao Ministé
ca) e o público restrito estão neste caso, achou Joel Rauber que elas não estão rio da Economia.
segundo o secretário nacional de comuni defasadas e sim distorcidas em sua es O Secretário Joel Rauber se disse
cações. trutura e lembrou que o custo de uma favorável à ação da Telebrás apenas
O diretor do departamento nacional ficha telefônica é absurdamente bara como holding do sistema e a institui
de serviços privados, Roberto Blois, expli to, bem como o da assinatura do telefo ção de contratos de gestão como instru
cou que liberalizar significa favorecer a ne residencial, abaixo de 1 dólar men mento de descentralização. Ele achou
competição e fazer surgir novos serviços, sal. A outra distorsão é o futuro usuá que a regionalização das empresas - pó
mais baratos e eficientes. Para ele, o mais rio ter que pagar caro um plano de ex lo, reduzindo sua quantidade, não é
importante é desmonopolizar os serviços pansão para ter direito ao telefone e por ora viável devido a fatores políti
não públicos permitindo a livre concorrên que depois irá usar de modo muito ba cos. Sobre a liberalização de manuten
cia. Liberalizar, no entanto, passa pela re rato. Isto estabelece uma barreira pa ção e comercialização dos terminais
gulamentação dos novos serviços para ra o pobre adquirir telefone e é antide de assinante, disse Rauber que dentro
que "não se estabeleça o caos”. Lembrou mocrático. “O custo da expansão de de 3 a 4 meses a SNC divulgará os re
o diretor da equipe de Joel Rauber que ve vir incorporado à tarifa”, disse Rau sultados dos estudos que vem sendo
telefonia ou comunicação de dados não ber informando que intensa gestão pa conduzidos, e que visam, antes de tu
devem ser vistos como serviços (estes de ra a reformulação tarifária está sendo do, a proteção do usuário.
finidos quanto ao fim a que se destinam