Page 8 - Telebrasil - Julho/Agosto 1991
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Monopólio:
A r e l a t i v i d a d e d a d e s r e g u l a m e n t a ç ã o
Joâo Carlos Pinheiro da Fonseca
D e s r e g u l a m e n t a ç ã o é u m c o n c e i t o
RELATIVO, COMO ESPA ÇO E TEMPO.
A final de quase trinta anos, as do". No Brasil, as estatais — responsá bem como a maioria da telefonia lo
telecomunicações brasileiras esta veis em grande parte pela implanta cal. Com o advento da estatizaçâo,
ção da atual infra-estrutura do País coube à Embratel, criada em 65. insta
bilizaram-se em torno de um mo
— foram criadas com recursos do Es lar e operar milhares de canais-quiló
delo estatal, amparado pela Consti
tado, numa época em que, historica metros de microondas, estações terre
tuição; um parque industrial supri-
mente, outras fontes de capital se re nas para comunicações via satélite, e
dor local de grande parte do que velam escassas ou desinteressadas a posteriormente cabos submarinos, sa
o setor precisa; várias gerações investir, dentro do modelo de cresci télites domésticos e redes de dados.
de profissionais, em diversas espe mento então preconizado pelo Governo. As empresas-pólo, que surgiram em
cialidades, competentes e dedica Os partidários do monopólio con 69, uma para cada unidade da federa
dos; e um patrim ônio que cobre trolado pelo Estado clamam, a seu fa ção, tomaram conta da telefonia local
um País de dimensões quase conti vor, que ele provê ao melhor aprovei e das ligações intraestaduais. A Tele-
nentais. Então, o que está mudando? tamento de meios (evita duplicações)\ brás, que data de 72, e criada para
oferece o serviço universal (aberto ser a holding financeira, acabou cen
ao público); e permite que a receita tralizando a expansão e a padroniza
A reforma do modelo vigente das de serviços, mais rentáveis e sofistica ção do sistema. O Ministério das Co
Estatais, com destaque para no
dos, paguem parte dos custos incorri
municações, ao longo de seus 23 anos
vos modelos instituicionais para as te dos nos serviços de massa, de caráter de existência, iniciados em 67, tratou
lecomunicações, é assunto cada vez social (é o serviço cruzado). Já seus de Correios, de Radiodifusão (inclusi
mais atual, ao aproximar-se a revisão detratores, lhe criticam a ausência ve de concessões) e norteou a políti
da Constituição, marcada para outu de competição, que julgam essencial ca industrial do setor de modo a ob
bro de 93. Na base da argumentação ao bom funcionamento empresarial; ter auto-suficiência local de equipa
para mudanças ventila-se o argumen a falta de agilidade para explorar de mentos e serviços para suprir o Siste
to que uma empresa estatal, atrelada modo simultâneo serviços para a mas ma Telebrás.
ao Governo, apresenta distorções em sa e os especializados; e o perigo, “sem Coincidente com um período de
seu processo decisório, cujos prejuí pre presente", da ingerência política, quase trinta anos — da criação do Có
zos para a Nação super am vantagens, indevida, do Estado sobre o sistema. digo Brasileiro de Telecomunicações
ditas estratégicas. No Brasil, o modelo estatal das te até a extinção do Minicom, em 00
A questão tem como pano de fun lecomunicações foi montado, na épo — deu-se grande mudança na tecnolo
do, o pêndulo da economia mundial, ca, em substituição a um cenário de gia eletrônica mundial que passou
que agora se afasta do modelo central concessões estrangeiras que explora da válvula termoiômea aos dispositi
mente planejado, rumo às economias vam, com exclusividade, as comunica vos de estado sólido, das comunica
“regidas pela mão invisível do merca ções internacionais e interurbanas, ções rádio em ondas curtas (H F.)
Teiebrasj!
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