Page 31 - Telebrasil - Julho/Agosto 1991
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Mercado
C o n v í v i o T e l e b r á s - I n d ú s t r i a v a i m u d a r
indústria nacional de comunica
de e preço — voltados para a evolu
A ções atingiu sua maioridade. Mas ção das redes e para a integração dos e ele próprio antigo dirigente da Tele
brás. Em seu pronunciamento, aplau
isto foi obtido graças a um ambiente serviços. Ele operará contratando in dido no Congresso da Telexpo, no
protecionista de substituições de im dústrias do setor e com a participação Rio de Janeiro, ele criticou a postura
portações e de reservas de mercado financeira das mesmas. “repleta de preconceitos, chavões e
(geográfica e por produtos) e chegou A indústria brasileira de TCs pro descaso" que o Sistema Telebrás pra
a hora de mudar o modelo. Esta foi, duz o equivalente a 1,6 bilhões de dó- tica com a indústria e que ao gerar
em síntese, a mensagem deixada por lares/ano para o mercado interno e dificuldades e conflitos repercute nos
Joel Rauber, Secretário Nacional de exporta 100 milhões de dólares. No custos.
Comunicações, ao discursar na Telex- entanto, tudo isto poderá estar amea Geraldo Garbi não poupou críticas
po’91. Fatores como inflação crescen çado se o País não partir para produ à má qualidade do relacionamento téc
te, juros elevados, baixos ganhos de ção de chips. “O projeto de equipa nico-comercial e de engenharia que
produtividade, ausência de investimen mento de TCs se confunde cada vez o Sistema Telebrás pratica com seus
tos, redundaram, nos últimos seis mais com o do chip e o País precisa fornecedores e que ele denominou
anos, em repasse do aumento de cus rá queimar etapas para dominar o pro de "burocrático, repleto de meticulo
tos dos produtos de comunicações pa cesso da microeletrônica”, disse Salo sidades jurídicas e de casuísmos”. Só
ra o consumidor. mão Wajnberg. para reajustes de contratos de forneci
Segundo Joel Rauber, a nova polí mento existem mais de 150 fórmulas
tica de aquisições da Telebrás deve sendo praticadas, o que gera desperdí
rá acabar com divisões de mercado e cios de tempo e dinheiro e do lado
não haverá restrições quanto às ori da engenharia o Sistema Telebrás
gens do capital e da tecnologia. Será mantém exigências excessivas e até
dada preferência, sempre que possí tem diversidade de especificações pa
vel, à indústria local, mas dela se exi ra o mesmo produto.
girá valores mínimos de agregação Mas as críticas do presidente da
nacional ao produto. Equipamentos NEC do Brasil foram mais contunden
não fabricados no País poderão ser im tes ao dizer que “é preciso estabele
portados, com alíquota zero. Também cer no Sistema Telebrás o princípio
poderão ser importados produtos “cu de que compromissos assumidos de
ja fabricação local não atingir os re vem ser honrados”. Valendo-se da fi
quisitos de qualidade e preço exigi gura da “Telegerson”, aquela que só
do para aplicações no sistema nacio quer levar vantagem, ele se queixou
nal de TCs”. do posicionamento dos compradores
Em relação ao sistema Trópico, “que se aproveitam das ambigüidades
Salomão Wajnberg, do Grupo Execu da legislação e de sua posição mono-
tivo de Assessoria Tecnológica e In polística para levar vantagens nos pre
dústria de TCs — Geatic, vai propor, ços. Tal malícia, por parte do compra
em nome da liberalização do merca dor, causa atitudes defensivas no for
do, acabar com a reserva de 50% do necedor e encarece a cadeia produtiva”.
mercado de comutação, garantido pe O palestrante foi além e observou
Garbi: contra a Tclcgcrson, aquela que só le
la Portaria 525 (item IV), para esta que o Sistema Telebrás, salvo exce
va vantagem.
tecnologia; renegociar os contratos ções, tem descumprido suas obriga
de obrigações que garantem um míni ções fundamentais: programar fisica
mo de 60 mil terminais anuais, por Sobre os preços praticados nos pro mente as obras e observar a pontuali
fabricante, para as PHT, Elebra Tele- dutos aqui fabricados, comparados dade nos pagamentos (a Telebrás de
con, Sesa e Sid; e terminar com a re com os lá de fora, o dirigente do Ge ve a seus fornecedores, inclusive à
serva para a empresa nacional de cen atic foi taxativo: o custo do produto NEC). Segundo Geraldo Garbi, nos
trais até 4 mil terminais. importado, considerado o valor da alí últimos anos a Telebrás não tem ti
Três opções existirão para a indús quota e a conversão para moeda local, do qualquer planejamento, resultan
tria nacional desenvolver tecnologia: devem se equivaler, aqui e lá fora. do em programas esporádicos, licita
internamente a própria empresa (va Mas nossa moeda precisará ser desva ções simultâneas e cronogramas irra-
lendo-se dos incentivos sendo discuti lorizada frente ao dólar, se quisermos zoavelmente curtos, o que também re
dos no Congresso) ou em conjunto ser competitivos no exterior. dunda em aumento de custos. Além
com o CPqD da Telebrás, ou ainda, C r í t i c a da grande pulverização de fornecedo
por aquisição externa. A criação de res — são 7 no Brasil só para comuta
joint-ventures para aquisição de tecno O alto custo do terminal — cerca ção, quando lá fora são 2 ou 3 —, o
logia será estimulada e ênfase será de 4 mil dólares, em média — pratica que não dá volume de escala para bai
dada aos segmentos considerados es do no País tem como uma das suas xar custos, é preciso que comprado
tratégicos ao País: microeletrônica, principais causas o mau gerenciamen res e fornecedores “cooperem entre
optoeletrônica e software. O CPqD, to que permeia o Sistema Telebrás, si, sejam razoáveis em suas negocia
que contará com 2,5% da receita do em seu relacionamento com a indús ções e respeitem diretos e necessida
Sistema Telebrás, deverá chegar a tria, foi a tese percutida por Gilberto des recíprocas”, finalizou Geraldo
produtos competitivos — em qualida Geraldo Garbi, presidente da NEC, Garbi. (JCF)