Page 20 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1990
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Uma central eletrônica não se com sua arquitetura descentralizada, isto é, o quanto aos sistemas distribuídos, com vá
controle dos assinantes é efetuado na peri rios microprocessadores. A solução centra
porta como uma central do tipo
feria e não no centro do sistema. Por ou lizada utiliza um par de potentes processa
eletromecânico, em que as falhas tro lado, a necessária comunicação entre dores, que podem ser configurados para
se davam aos poucos, falando-se os diversos processadores do sistema é fei operar em microssincronizaçào ou em lo
na “degradação” da central. Ope ta por uma rede independente de com uta ad sharing.
ção de pacotes. Ele observa que muitos No caso da microssincronizaçào, os
rada a computador, uma CP A po
sistemas de comutação temporal existen processadores operam simultaneamente,
de ter falhas de hardware e, o que tes utilizam a própria matriz de com uta recebendo uma mesma instrução que ge
é pior, de software. Tais falhas po ção de voz para transm itir dados, o que ram duas saídas que são comparadas, a cada
dem se propagar, inclusive de cen ele diz ser inconveniente visto que à medi ciclo das máquinas. Ocorrendo discrepân
tral a central, contaminando toda da que cresce o tráfego de voz, diminui cia, o sistema gera uma interrupção e apli
a capacidade da central para o tráfego ca a cada processador um “ programa de
rede. Este é um risco inerente a to
de mensagens e o sistema vai ficando me diagnóstico” que irá indicar qual hardwa
do sistema que opera com compu nos eficiente. re está defeituoso. Na prática, porém, en
tadores, quer se trate de um avião Segundo o consultor do CPqD , a tec quanto o diagnóstico é efetuado, o proces
a jato, de um míssil ou de uma nologia de centrais CPAs foi acom panhan sador deixa de controlar a central. Conclu
central de comutação com Contro do, historicamente, a evolução dos proces são: se o defeito não for logo achado e
sadores, sendo que no início a tecnologia preciso “ derrubar” a central e recarregá-
le por Programa Armazenado. favoreceu os main-frames, como o ESS-1, la novamente com toda a programação a
da AT&T, seguindo-se o uso de redes de quem tem direito. “ É um processo que
pode levar de 10 a 15 minutos ou mais”,
O s conceitos básicos da tecnologia Tró minicomputadores, como o sistema E.10 observa Carlindo Hugueney Jr.
da CIT e, mais recentemente, a utilização
pico são objeto da patente INPI n°
de microprocessadores, como é o caso
79006-21, depositada em nome de Carlin- Já uma falha de software só pode ser
do Hugueney Jr. (hoje, consultor do do Trópico e de arquiteturas similares sen detectada por meios indiretos como, por
CPqD), sob o título “Sistema de Comuta do desenvolvidas na Coréia e na índia. exemplo, verificar se o programa entra
ção de Controle Descentralizado” t alem Do ponto de vista de hardware, o Tró em loop (efetua indefinidamente as mes
de outra (INPI-0810632), em parceria com pico R utiliza até 64 microprocessadores mas operações). Existem mecanismos de
Victor Valuenzela c Fernando Carniel, de de 8 bits. Já o Trópico RA utiliza 256 verificação que alertam que um progra
nominada “ Sistema de Comutação de Es micros de 16 bits, que serão aumentados ma não voltou ao ponto inicial — são os
trutura Modular” . para 1.024 microprocessadores numa fa watchdogs. Para dominar as falhas de soft
Como nasceu a arquitetura do Trópi se posterior. Esses microprocessadores ware é comum se armazenar, na memória
co? “ Eu estudava vários tipos de centrais operam de maneira descentralizada, isto principal do sistema, um mapa do status
eletromecânicas que tinham confiabilida é, a cada um cabe efetuar somente deter do que acontece, a todo momento, nos
de muito boa e perguntei a mim mesmo, minada tarefa. diversos pontos da central. Ao ocorrer
como poderia passar esta qualidade para uma falha de software, começam a surgir
um sistema eletrônico. Daí, surgiu a idéia Confiabilidade descasarnentos entre a “ verdade” armaze
de uma solução descentralizada, em que Uma das discussões centrais da tecnolo nada no mapa da memória e o aconted-
só uma parte do sistema sairia fora do gia de comutação digital é como otimizar mento real e a central, em pouco tempo,
ar, quando houvesse uma falta. É claro a confiabilidade dos sistemas, tendo cm será obrigada a sair fora do ar.
que fomos favorecidos pelo fato do pro vista que neles podem ocorrer falhas de Já no caso do load sharing, cada pro
gresso dos microprocessadores, que torna hardware ou dc software que “ derrubam ” cessador opera, alternadamente, sobre a
ram o sistema distribuído possível” , con a central, deixando-a fora do ar por inter periferia da central. Para manter atualiza
fidenciou o consultor do CPqD. valos intermináveis que variam de minu dos os mapas de memória dos processado
Carlindo Hugueney Jr. ressalta que o tos até horas. A discussão se aplica tan res, eles enviam mutuamente mensagens
segredo da tecnologia Trópico reside na to aos sistemas com processadores centrais o que limita a capacidade de processamen
to do sistema. No caso de load sharing,
a idéia é a de que, ao se detectar uma fa
lha num processador, o outro continuará
fazendo o serviço sozinho. No entanto,
uma falha nunca é detectada de imediato
e neste caso a troca de mensagens de atua
lização entre os processadores passa a
ficar cada vez mais contaminada com er
ros e a central tende a parar.
No sistema Trópico, explica Carlindo
Hugueney Jr., o sistema é descentraliza
do e não troca mensagens de atualização
entre processadores da periferia. Cada
processador atua numa pequena parte
do sistema e o aumento de mensagens nu
ma central Trópico cresce linear e não ex
ponencialmente com o aumento do tráfe
go, o que facilita a expansão da central.
No caso do Trópico R e como resulta
do dos testes efetuados, a confiabilidade
medida da central é de 2,45 horas de in
terrupção, a cada 40 anos. No Trópico
RA, o controle de um grupo de terminais
( ar lindo Hugueney Jr. defende a descentralização utilizada na tecnologia Trópico. é efetuado por um microprocessador, ti