Page 17 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1990

hora, para completar a comutação em di­ quanto à utilização do conceito de CPA,

reção ao assinante cham ado. mas sim quanto aos dispositivos de comu­

A comutação eletromecânica não ficou tação a serem controlados. Surgiram as

restrita, tão somente, ao sistema iniciado centrais semi-eletrônicas — um estágio in­

por Almon Strowger. Milhares de horas termediário — com matrizes miniaturiza-

de pesquisas, engenharia e gerenciamen­ das de comutação espacial (miniswitch

to devem ser creditados ao desenvolvimen­ fereed, seletor de código) e controle eletrô­

to de dispositivos seletores eletromecâni- nico compartilhado.

cos e de sua interconexão em sistemas en­ As centrais totalm ente eletrônicas, tan­

genhosos, como os sistemas de painéis, to no controle quanto na rede de conexão,

de relés e de barras cruzadas. começaram a surgir ao início da década

de 60. A multiplexação por divisão em

Evolução tempo, em que o mesmo meio físico é com­

partilhado, sucessivamente, por diversas

Ao crescer a quantidade de centrais te­ comunicações, é que já é empregada em

lefônicas, aum entou a necessidade de en­ transmissão passa a integrar as centrais

troncamento (interligação) entre essas cen­ CPAs digitais. Por outro lado, a tecnolo­

trais, para o que foram desenvolvidos dis­ gia do estado sólido ultrapassou o estágio

positivos de chaveamento do tipo não de­ Central CPA temporal (AXE da Ericsson). do transistor isolado e dá origem aos mi­

cimal. A fim de atingir um serviço com­ croprocessadores. Estes dispositivos, dota­

pletamente autom ático, um invento devi­ dos de lógica própria, passam a facultar

do a Molina permitiu converter os im pul­ Christiam Jacobaeus, da Ericsson, foi que a distribuição da função comutação

sos na base dez, gerados pelo disco telefô­ pioneiro nos estudos para otimizar o tráfe­ se dê ao longo da rede.

nico, em outras bases de num eração a fim go através das redes multi-estágios. Base Outra tendência im portante para a me­

de controlar, indiretamente, os dispositi­ de dados foram introduzidas no controle lhoria da comutação foi transportar as in­

vos seletores. O m étodo de controle indi­ central,de modo a dissociar as termina­ formações, referentes à sinalização e con­

reto permitiu, também, centralizar e tradu­ ções dos dispositivos de comutação da nu­ trole, por meios independentes e mais efi­

zir os códigos de identificação referentes meração do aparelho telefônico. Funções cazes. Canais digitais, de alta capacidade,

às diversas centrais da rede. de controle, de manutenção, de tarifação começam a transmitir informações de con­

Centrais especiais (Tandem) foram colo­ foram sendo acrescentadas ao controle trole, a velocidade muito alta. Com isto,

cadas em pontos intermediários para ba­ centralizado, cuja lógica cresceu de com­ uma central distante pode receber infor­

lancear o custo da cabeação dos entronca­ plexidade. mações de quem é o assinante que origi­

mentos com o dos equipam entos c ao la­ nou a chamada. A utilização de centrais

do da simples interconexão, padronizada, CPAs CPAs digitais, com sinalização por canal

de assinantes residenciais as centrais passa­ comum, tornam o sistema telefônico seme­

riam a operar com outros tipos de fun­ A chegada da eletrônica do estado sóli­ lhante a um gigantesco com putador, em

ções, como para PABX, telefones moedei- do, caracterizado pelo transistor, iria di­ que novas funções podem ser implementa­

ros (telefones públicos) c para tarifações tar o fim da hegemonia das centrais eletro- das e ficam limitadas apenas pela comple­

especiais. O controle indireto também per­ mecânicas. O transistor seria primeiramen­ xidade de desenvolver o software adequado.

mitiu a introdução do telefone dc teclas te aplicado na parte de controle, utilizan­

multifreqüenciais gerando impulsos sob do a técnica de tempo compartilhado, e Digitalização

forma de tons quando acionadas. com isto dando maior aproveitamento

Do ponto de vista operacional, os scle- aos equipamentos. A mesma introdução A associação de base de dados com a

tores eletromecânicos sc revelaram relati­ do transistor nos circuitos de conversação atividade de comutação mostrou que a

vamente lentos e de difícil m anutenção, já sc revelou mais difícil, pois os circuitos ênfase dos novos sistemas reside muito

ao passo que os relés, com contatos de de estado sólido não operavam bem co­ mais nas funções a serem exercidas e nos

metal nobre, eram melhores. Por outro mo os vigorosos sinais analógicos da li­ serviços a serem oferecidos do que na tec­

lado, um só conjunto de chaves seletoras nha telefônica. nologia utilizada para com utar. A digitali­

representavam uma m atriz de 60 por 500 Uma descoberta revolucionária foi a zação total da comunicação telefônica, is­
introdução do Controle por Programação
pontos de cruzamento. to é, transform ar a voz, que é um sinal

Um engenheiro sueco, Betulandcr, de­ Arm azcnado-CPA, nas centrais telefôni­ analógico, em digital ao longo de todo o

senvolveu um sistema de controle com um cas. A lógica no processo CPA, para con­ sistema, está cada vez mais próxima. O

para um sistema multiestágio, em pregan­ trolar a centfal, passou a ficar armazena­ último elo desta digitalização, que é o en­

do apenas relés. A vantagem era eviden­ do numa memória sob form a de instru­ lace do usuário, está sendo conquistado.

te: apenas a matriz de com utação ficaria ções de software. A demonstração do con­ Isto é, a ligação do aparelho telefônico

ocupada durante o tem po de duração da ceito de CPA, em 1958, coube aos Labo­ ao nó de comutação ou de concentração,

chamada, ao passo que os circuitos de ratórios Bell. A introdução da eletrônica mais próximo, está sendo feito por meios

controle — uma vez com prida (rapidam en­ dividiria a indústria de comutação, não digitais.

te) o acionamento da matriz — estariam O futuro da comutação ainda faz pre­

disponíveis para outra cham ada. O utro ver novos progressos com a introdução

engenheiro sueco, Palmgrens, viabilizaria Cronologia da Comutação da tecnologia fotônica, complementada

industrialmente o seletor de barras cruza­ por fibras ópticas, trazendo cada vez

das, concebido em 1910 e instalado em 1926, 1876 - telefone de Graham Bell mais capacidade para carrear informação.

que traria tremenda econom ia na quanti­ 1880 - linha telefônica As discussões e a implementação de servi­

1889 - patente de Strowger
dade de elementos utilizados na comutação. ços integrados, utilizando os mesmos

1891 - máquina de Strowger
Em 1938, os Laboratórios Bell introdu­ meios de comunicação, continuam na or­
1896 - disco telefônico
ziram o Crossbar System n ° l, incorpora­ dem do dia. A comutação de pacotes —
1899 - seletor de 2 movimentos
dos os novos princípios de barras cruzadas. outra maneira de conduzir o roteamento
1905 - pré-seletor de linha (Keith)

As centrais telefônicas passaram a ser 1908 - 1* central rotativa da inform ação — tende a se integrar nu­

dotadas cada vez mais dc capacidade de 1915 - acionamento comum dos seletores ma rede digital mais geral. Em linhas rá­

decisão pela conjugação do controle co­ 1924 - sistema Ericsson pidas: a tecnologia de controle da com uta­

mum e comando indireto num só controle 1938 - sistema de barras cruzadas (USA) ção passou da lógica cabeada para a de

centralizado. Este controle, tornou-se ca­ 1951 - discagem direta à distância programa armazenado; a tecnologia de
1955 - sistema Pentaconta
paz de interpretar o núm ero cham ado e chaveamento da divisão espacial para a

1958 - 1* demonstração CPA (Bell Labs)
determinar a melhor rota — inclusive en­ temporal; e os sistemas de passo-a-passo,
1960 - desenvolvimento de CPAs
tre centrais — a ser seguida. O conceito para os de comutação digital, passando,
- 1* central experimental ESS-1 semi-eletrônica
de rota alternativa introduziu nova dim en­ (Illinois-USA) dentre outros, pelos de barras cruzadas e

são à função da com utação. semi-eletrônicos. (JCF).