Page 18 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1990
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“A mudança de tecnologia, ao re lecomunicações foi sendo m ontada a par pesquisa (o CPqD da Telebrás). A estraté
formular o cenário econômico, pro tir de equipamentos de com utação com gia governamental baseou-se no fato que
tecnologia internacional, primeiramente não valeria à pena desenvolver localmen
piciou a introdução de novos atores
importados e depois fabricados localmen te uma tecnologia já existente — a CPA
industriais”, observou o economis te. Ao tempo da introdução das centrais espacial — e sim que deveria se aplicar
ta Schumpeter. No segmento da CPAs no País encontravam-se instalados esforço numa tecnologia futura, a CPA
comutação no Brasil, que represen sistemas eletromecânicos do tipo passo-a- totalmente digital. Seria também parte
passo, rotativo, de barras cruzadas e des da mesma estratégia valer-se do salto da
ta o cerne das telecomunicações
tacavam-se no parque industrial fornece tecnologia de comutação eletromecãnica
públicas, a introdução da microele-
dor de equipamentos: a ITT, representa para a tecnologia eletrônica, para incenti
trônica c do computador, ao deslo da pelo sistema Pentaconta, que era fa var a abertura do controle acionário das
car a tecnologia eletromecãnica bricado pela Standard Elétrica (SESA); empresas estrangeiras, aqui instaladas, a
para criar as centrais do tipo CP A, os sistemas ARF, ARM, ARE da Ericsson; grupos empresariais nacionais.
o sistema ESK da Siemens; e o NC, da A caracterização do que é indústria
demonstrou, historicamente, a va
NEC — todas empresas com fábricas no nacional envolve fundamentalmente os
lidade das idéias Schumpeterianas. País. aspectos da detenção majoritária do capi
A chegada da tecnologia CPA te Os fatos demonstram que desde a in- tal votante (quem manda) e da detenção
ve um primeiro ciclo, de transição, cepçào para criação do Centro de Pesqui da tecnologia (decide a tecnologia). 0 ver
das chamadas centrais espaciais sa e Desenvolvimento-CPqD da Telebrás bete indústria brasileira passou a se apli
e até antes (vide “ A História do Trópi car à empresa que se enquadra no item
ou semi-eletrônicas cuja história co"), as autoridades do Ministério das 1/3.1, da Portaria 622/75 do Minicom e
auxilia a compreensão do atual pa Comunicações perseguiram o objetivo que se aplica a composição do capital.
norama das CP As no Brasil. Uma empresa pode ter até um mínimo
de 1/3 (33,33%) de ações com direito a
voto; quem detiver 51% destas açòesde-
tem o mando do negócio, ou seja, quem
ara quem não sc dá conta, C PA signi
P fica Controle por Programa Armaze detiver 17% (isto é 51% de 33%) do total
nado e caracteriza as centrais modernas de ações, comanda, em tese, a empresa
Posteriormente — quase uma década de
de comutação controladas, em tempo re
al, a computador. Acrescida de um / , a pois — nasceria a denominação empresa
nacional, aplicada à empresa que se en
sigla toma a conotação de temporal e sig
nifica que, além do controle de uma cen quadra no Artigo 12 da Lei 7232/84 de
tral ser feito por instruções armazenadas Informática e que se aplica tanto ao capi
na memória do computador sob forma tal quanto à tecnologia. A empresa nacio
nal precisa ter 100% do capital votante e
digital (bits), a função de comutação tam
70% do total de ações em mãos nacionais,
bém c exercida digitalmcnte. Iioje em dia,
as novas centrais de comutação são prati além do total controle da' tecnologia. A
camente todas CPA-Ts. Portaria 622/75, das telecomunicaçòe>
nacionalizou a indústria utilizando o po
As centrais de comutação constituem
o coração de um sistema telefônico, vis der dc compra do monopólio estatal. A
to que são elas que garantem a intcrcone- Os equipamentos eletromecânicos constituiram Lei 7232/84, da informática, se valeu do
xào dos assinantes entre si. Durante lon until fase definida da tecnologia da comutação. veto à importação de produtos com similar
gas décadas, a tecnologia dc comutação dc eletrônica digital nacional e ao contro
foi o apanágio dos países detentores dc le das importações, inclusive de insumos.
tecnologia em mecânica fina c eletricida da auto-suficicncia tecnológica para o se A introdução da tecnologia CPA. no
de, com o que foram gerados sofisticados tor. A mudança da tecnologia cletromecâ- Brasil, acompanhou o desenvolvimento
sistemas eletromecânicos. O mundo das nica para a da eletrônica, aplicada às cen da tecnologia da comutação eletrônica
telecomunicações muito deve às empresas trais de comutação telefônicas, propicia que, inicialmente, passou por uma fase in
que investiram recursos humanos e finan ria o nascimento do Projeto Si scorn, mais termediária denominada de semi-eletrôni-
ceiros no desenvolvimento de tais centrais. tarde Trópico e nortearia a política indus ca ou CPA-E (espacial). Nestas centrais,
O advento da microelctrônica — o trial para o setor das TCs. a parte de controle era efetuada por um
chip — revolucionou dc maneira drástica computador eletrônico, mas a matriz de
a tecnologia eletrônica. Na área dc comu Política industrial comutação permanecia eletromecãnica.
tação telefônica, uma nova “ maneira” visto que os chips então existentes não re
de desenvolver, fabricar e operar equipa Em paralelo com o desenvolvimento agiram bem aos sinais analógicos de voz
mentos foi introduzida. Uma central tele da tecnologia Trópico pelo CPqD — ju n que precisavam comutar.
fônica passou a ser um dispositivo eletrô tamente com a Universidade e a indústria A partir da Portaria 661, de 1975, dis
nico estático, sem partes móveis e conse privada nacional — ocorreria uma m udan cutiu-se durante quase 5 anos quem deve
quentemente muito mais confiável que ça na política industrial do setor de teleco ria fornecer as centrais CPA-E, uma tec
as centrais eletromecânicas. Além disto, municações refletida nas Portarias 661, nologia reconhecidamente como de transi
a lógica de comando dos circuitos eletrô 622 e 215, do Minicom, respectivamente ção. Em troca de parte do mercado de co
nicos (hardware) passou a ser feita sob de 1975, 1978 e 1981, além do Ofício n° mutação — a outra seria reservada à tec
forma dc instruções de programa dc com 77, que data de 1984. nologia nacional futura — exigia-se dos
putador (software). Ioda a metodologia A Portaria 661, basicamente, estabele concorrentes à licitação da Telebrás que
do desenvolvimento e produção de cen ceu que seria uma empresa brasileira — fizessem a nacionalização do capital das
trais telefônicas foi alterada e passou ao de capital votante, majoritariamente bra empresas e que ocorresse transferência efe
alcance dos NJCs (New Industrialized sileiro — que iria adquirir tecnologia tiva de tecnologia dc fora. A variedade
Countries) — Brasil, Coréia, índia, para CPA-E (espacial) do exterior e que ela dc tecnologias não deveria exceder duas
só citar alguns. participaria do desenvolvimento de uma ou três e assim tornou-se estrategicamen
Historicamente, a rede brasileira de te CPA-T, a ser conduzido num centro de te fundamental, para as empresas ja aqui