Page 15 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1989
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tagnação, a qualidade fica comprometida, indo diretamente as empresas mantene- so de diferenciação do empresariado indus
além dos custos adicionais de treinamento de oras, sendo que o principal problema, na re trial face aos segmentos agro-exportadores.
nova mão-de-obra — alertou o palestrante, alidade, é proveniente de todo o sistema, re O momento seguinte corresponde à dé
acrescentanto que os usuários sâo os maiores fletindo na imagem dos produtos e dos pró cada de 50 e está marcado pela projeção na
prejudicados em toda essa história. prios fabricantes. cional da principal entidade de cúpula — a
João Esteves disse ainda que para melho Em seguida, Stephanin apresentou su FIESP — cujo papel adquire mais centrali-
rar a qualidade dos serviços seria necessário gestões que poderiam solucionar os proble dade do que o atriW do iormalmente à CNI.
uma relação mais criteriosa de empreiteiras mas que afligem o setor de telecomunicações: Em seguida, o palestrante falou do processo
feita pela Telebrás, “eliminando os aven altos investimentos, de imediato, a nível na de transformação industrial da Argentina e
tureiros e os pára-quedistas”. Segundo o ora cional, “o que nos parece inviável uma vez comparou-o com o do Brasil.
dor, o preço não pode ser o único critério no que a União não tem recursos disponíveis”. — Com a instauração do regime militar
julgamento das licitações. Em seguida, citou O vice-presidente da Abenmest sugeriu de 64 implementou-se aqui um projeto de
seis tópicos como os mais importantes: liberar as concessionárias de fazerem seus aprofundamento do capitalismo brasileiro, o
Planejamento de rede em curto, médio e próprios investimentos nos planos de expan qual contou com substancial suporte de nos
longo prazos; redução da quantidade de sões, “pois as mesmas são lucrativas e têm sa classe. Com este novo regime inaugura-se
pares/km por assinantes, aproveitando a tec disponibilidade financeira, além da capaci o terceiro momento no processo de constitui
nologia de comutação hoje disponível; o in dade de investimento”. Para Stephanin, todo ção do empresariado, enquanto entidade de
cremento da taxa de ocupação da rede, prin esse processo deveria ser aberto à iniciativa classe — explicou o orador.
cipalmente nas áreas de demanda já satura privada, em conjunto com as concessio O quarto momento é o advento da Nova
da; redução do serviço de corte para evitar a nárias, ou isoladamente, para em seguida te República, a partir de 1985, “com a substitui
deteriorizaçáo das redes; utilização sistemá cer alguns comentários a respeito. ção das antigas por novas lideranças identifi
tica de estudos e demandas telefónicas locali Salientando que a viabilidade econômica cadas com a fase mais moderna de nossa clas
zadas; qualidade na prestação de serviços e e financeira do sistema telefônico brasileiro se”, disse Pettersen, para esclarecer mais
materiais. está calcada na arrecadação das tarifas, o adiante: “Do ponto de vista político temos
Por fim, João Esteves disse que o controle orador mencionou a indústria, comércio, que nos esforçar no sentido de ampliar nossa
de qualidade deve ser incrementado, o uso do mercado financeiro, mercados de mídia e ele participação na arena política, como também
software deve ser ampliado e que “fique com trônica, setores liberais, Governos federal, pela ocupação de cargos em áreas decisórias
as empreiteiras de rede, e não com as opera estaduais e municipais como os responsáveis cruciais no setor político-econômico”.
doras ou fornecedores, a implantação de fi por 80% da receita, ficando apenas 20% a Na segunda fase de sua palestra, Petter
bras ópticas”. Quanto às tarifas, ele pediu cargo dos usuários comuns (residenciais). sen analisou toda a evolução do setor de pres
tarifas reais e não tarifas sociais, para que a — Portanto, em uma análise superficial tação de serviços, de 1950 para cá, “mas
arrecadação gere mais recursos e retome os como esta, verifica-se que, de um modo geral, ainda estamos longe de uma fase de maturi
investimentos, porque só assim haverá cres não há motivo para crise no setor, mesmo que dade, como nos países desenvolvidos, com
cimento real do setor de telecomunicações. a maior parte da população não possua tele economia de mercado”.
fone próprio. O telefone é, assim, ferramenta O palestrante acha que a tarifa cobrada
de exploração comercial, onde o lucro é sus pela Telebrás ao público consumidor é muito
Wander Luiz Stephanin tentáculo do mercado. Empresas não ques baixa, representando hoje apenas 25% da
tionam tarifas, precisam de serviços — enfa tarifa cobrada em 1975, enquanto que as
tizou o palestrante. tarifas de energia elétrica acompanharam a
O vice-presidente da Aherimest, Wander Stephanin sugeriu ao Governo atuar tão- inflação e, em alguns momentos, até superior
Luiz Stephanin, que também é diretor das somente no campo operacional e normativo, ao 1GP da FGV. A falta de investimento alia
empresasTelvam Telecomunicações e Mum- deixando as políticas industrial e comercial da ao achatamento das tarifas impedem as
tron Teleinformática, abriu sua palestra no regularem-se pela lei de mercado, “onde pre concessionárias de aplicarem seus serviços e
2? ENAEI criticando a formação cultural e valece a competência na competitividade e a modernizarem seus equipametos.
educacional do povo brasileiro que não sabe melhor qualidade dos produtos lançados”. No final da palestra, Hermano Pettersen
remvidicar melnor a qualidade dos serviços Enfim, o palestrante acha que essas medidas falou sobre o que ele denominou de “Cora
prestados, nos diversos ramos de atividades e democraticub “trarão nossa emancipação e gem” requesito básico que tem acompanhado
segmentos. “O problema vai além da culpa maturidade na prestação de serviços e produ sempre o setor de TCs.
que recai sobre o consumidor, passando tam tos, além de inibir ou mesmo afastar os in — Podemos prever para os próximos anos
bém pelo setor empresarial”, acrescentou o competentes e os aventureiros, tão comuns uma situação caracterizada por aumento de
palestrante. hoje no País”. UP.) desemprego industrial e público. Em com
-~ Esses fatos agravam-se quando existe pensação, naverá um grande aumento do se
o monopólio, ou seja, nós não temos referen tor de prestação de serviços, absorvendo este
cial para compararmos a qual idade dos servi Hermano M. Pettersen contingente marginal. A recente crise bra
ços prestados. O que temos é apenas parâme sileira serviu de laboratório para demons
tros, quanto ao tempo, isto é, passado, pre Por sua vez, o advogado Hermano Morei trar o fenômeno de vasos comunicantes do
sente, futuro, quer aizer, como era, como é e ra Pettersen, vice-presidente da Abeprest e contingente de máo-de-obra. Isto ficou pa
como vai ser 8 u sistema telefônico brasileiro diretor comercial da Telemont, iniciou sua tente na imigração que houve dos setores in
palestra fazendo um histórico da evolução do
até os anos 60 era pésBimo, em função dos empresariado brasileiro e da participação dustriais e manufatureiros para o setor de
serviços. O binômio Serviçosfoesemprego re
roblemas já conhecidos por todos nós, me-
E orando nos anos 70, e no início de 80 a qua das associações de classes em determinado presentará, num futuro bem próximo, a solu
lidade poderia ser comparada relativamente período da vida econômica, política e social ção social para a evolução industrial — con
aos Estados Unidos, — explicou o executivo. do País, destacando quatro momentos bási cluiu o orador. U.P.)
— Imaginem os senhores - comentou o cos, “que no seu percurso indicam uma pro
orador—que, no começo dos anos 80, estáva gressiva diferenciação e o fortalecimento de
mos com um índice de congestionamento em nosso papel, enquanto associação de classe”. Henrique Costabile
torno de 6%. E hoje passamos para uma taxa O primeiro momento, que corresponde às
surpreendente em torno de 40%. Em função fases iniciais do processo de redefinição da O engenheiro Henrique Costabile, vice-
do baixo nível de investimento no setor, evi sociedade brasileira numa direção urbano- presidente do Citybank, deu um depoimento
dentemente esses problemas se refletem nos industrial, estendendo-se ao longo período de sua experiência no banco relativa à con
usuários e, consequentemente, acabam atin- 1930-1945, caracteriza-se por amplo proces tratação de serviços e de empresas privadas
Hermano Pettersen (Abeprest;
Wunder Stephanin ^Aberimcst). Joao Esteves r Abecortel) Henrique Costábile fCitybank)