Page 24 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1989
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Privatização
S e r o u n ã o s e r p r o d u t i v o : e i s a q u e s t ã o .
M inistro das Comunicações, Haroldo
A Divisão de Eletrônica do Clube de cialista em telecomunicações, questio Correia de Mattos. Disse Guisard Fer
nou Eberton de Carvalho, num discurso
Engenharia do Rio de Janeiro reu
abrangente, para onde conduz uma polí
niu, num mesmo debate, José Eugênio raz que sua posição, como cidadão, é obe
Guisard Ferraz, Presidente da Embra- tica tecnológica que não leva à satisfa decer ao texto da Constituição, que re
tel, Jpost Van Damme, Presidente da ção da maioria da sociedade e perguntou serva a exploração das TCs públicas
Telerj e diretor da Telebrasil, Eberton o porquê da prioridade atribuída ao as para o monopólio do Estado. Para ele, só
de C arvalho, Presidente do Sindica sunto da telefonia móvel, quando o País se pode pensar em privatização quando
to dos E ngenheiros, além de Paulo tem, sabidamente, um déficit de telefo a maior parte da população já possuir o
Eduardo Gomes, Presidente da Associa nes residenciais para atender à popula serviço básico — situação que, no caso
ção de Empregados da Embratel, para ção. Explicou Guisard Ferraz que o ser do Brasil, ainda gira em torno de 20 a
debaterem 1124 anos de prestação de ser viço de telefonia móvel é de alta renta 25% — mas que até lá o monopólio esta
viços da EmbrateY'. bilidade e que a receita daí resultante tal será necessário para garantir o sub
Dentre os dados mais relevantes, ci servirá, inclusive, para subsidiar a im sídio cruzado para se expandir o sis
tou Guisard Ferraz que o crescimento plantação de outros serviços, mais defi tema.
dos serviços da Embratel se dá a taxas citários. Paulo Eduardo Gomes opinou que a
de 15% anuais e que a receita operacio discussão sobre privatização ou estati
nal, em 89, se distribui, equilibrada- Tarifas zação das telecomunicações do País náo
mente, entre voz (35,6%), texto (30%), é ain d a um assunto encerrado. Ele
dados (30,8%) e outros. “Pode-se dizer Paulo Eduardo Gomes, após reconhe acrescentou que, na prática, tem sido
que a Embratel é, hoje, uma empresa de cer que os Governos M ilitares deram observada uma desarticulação entre as
comunicação de dados, fruto de um tra grande impulso âs telecomunicações do diversas empresas do Sistema Telebrás,
balho preparatório de mais de 10 anos”, País, como comprovam as realizações mesmo antes da Portaria 525 ter sido
observa Guisard Ferraz, acrescentando dos 24 anos da Embratel (ele está há 16 baixada e ainda criticou a expansão do
que a capacidade de ligações sim ultâ anos na empresa), observou que o esque videotexto, um serviço que a seu ver
neas — medidas pelos 340 mil juntores ma tarifário em vigor tem beneficiado o está sendo subsidiado pela Telesp sem
(ou ponto de acesso DDD à rede) existen grande usuário, em detrimento daque necessidade.
tes em 89 — dobra a cada dois anos e les que pagam um autofinanciamento No decorrer de sua exposição, disse
meio. Por outro lado, a Embratel se mo para ter direito à assinatura telefônica, Guisard Ferraz ser fundamental que a
derniza e termina 89 com 11% de suas citando a propósito, o serviço telex (que sociedade brasileira construa um futuro
facilidades de transmissão e 38% de co é ofertado sem autofinanciamento) e o m elhor “com base ho que está dando
mutação, digitalizadas. aluguel de canais de microondas para certo e que é frutp do esforço acumulado
A E m bratel tem apresentado ao televisão. No decorrer do debate foi de muitos anos. E preciso distinguir en
longo da última década ganhos de pro questionado pela platéia quando ocorre tre as em presas produtivas e as náo-
dutividade de dois, quatro e de até seis rá a reintegração de empregados demi produtiyas, quer sejam públicas ou pri
por cento, o que Guisard Ferraz consi tidos pela Telerj, respondendo Joost vadas. E a produtividadde que separa o
dera excelente, sobretudo quando o Pro V an D am m e, como P re sid e n te da joio do trigo, e a empresa séria cia não
duto Interno Bruto (PIB) do País caiu Telerj, que a empresa aguarda a decisão séria, visto que o usuário sempre reage
para zero, em 88. Para o futuro ele disse da Justiça — que será acatada — em re em relação a preços e tarifas excessi
acreditar, pessoalmente, que o domínio lação ao fato da demissão ter ou não sido vos”, afirmou o presidente da Embratel,
de novas tecnologias pela empresa de de caráter político. acrescentando que é necessário — à se
verá vir necessariamente acompanhado Ponto central dos debates, foi o tema melhança de outros países bem-sucedi
de “uma mentalidade aberta e que não da estatização ou privatização das tele dos — que se tenha o domínio da própria
se deve perm anecer acomodado nas comunicações do País, tendo sido citado tecnologia.
trincheiras do passado”. explicitamente Editorial publicado na
Desculpando-se por não ser um espe Revista Telebrasil e assinado pelo ex Diálogo
Guisard Ferraz observou que a Em
bratel é regida pela administração in
direta e obedece à Lei das Sociedades
Anônimas, respondendo a um Conselho
de Administração. Para o representante
da Associação dos Empregados da Em
bratel, é a sociedade que deve se mani
festar através do Conselho de Adminis
tração e do Congresso Nacional na ges
tão das em presas estatais, cujas dire
torias deveriam ser eleitas pelos pró
prios empregados.
Ao final do debate, Guisard Ferraz
externou sua opinião, de que a manuten
ção do diálogo é importante e que ele ex
terna apenas idéias em que acredita em
seu foro íntim o. Disse Guisard Ferraz
que “dentro da democracia podem ocor
rer m udanças”, mas que apesar do desa
fio que um a empresa como a Embratel
representa, ele tem consciência de que
(E-D) Na mesa, Joost Van Dämme, Telma Lustosa, Lacerda Freire, Eberton de Carvalho, P. na sua gestão “o possível de ser feito foi
Eduardo Gomes. Ao pódium, Eugênio Guisard Ferraz. Todos da Embratel, excetuando Van feito e que a empresa será repassada, ín
Dämme (Telerj) e Freire (Sind. Eng.). tegra, à próxima diretoria”. (JCF) *