Page 32 - Telebrasil - Maio/Junho 1989

11 a 14.03.89
Olinda — Pernambuco
MITO SUFICIÊNCIA
Salomão Wajnberg: “não se pode desvincular política tecnológica de política comercial ".
Em sua palestra, o Secretário Executivo
do Geicom, Salomão Wajnberg, disse que
“ uma das funções básicas da indústria é
produzir bens de qualidade crescente a
custo cada vez mais acessível, de modo a
proporcionara sua utilização por parcelas
crescente da população” .
— A formulação de uma política tec­
nológica — acrescentou — não pode ser
desvinculada da política comercial, para
garantir o retorno necessário à formação de
um sistema (auto-alimentado) de reinves-
timentos em P&D de produtos e processos
industriais.
Para ele, “ montar uma estratégia na­
cional, sem levar isso em conta é inconse­
quente” . Relacionou, em seguida, alguns
conceitos a respeito desses fatores: 1 — 0
desenvolvimento do comércio é funda­
mental para o desenvolvimento industrial
e tecnológico do País. 2 — As políticas co­
merciais podem ser caracterizadas como
p a n o
Wajnberg no podium; ao fundo, na mesa (E-D), Lázaro Jose de Brito (Tele-
brasil), Kival Weber (SEI).
Wajnberg: Indústria e Tecnologia
longo prazo — para reduzira inflaçãoeim­
pedir a valorização da moeda — são tam­
bém vitais para o êxito das reformas co­
merciais. O destino das reformas, depois
de encetadas, quase sempre depende, ba­
sicamente, do comportamento da balança
de pagamentos e esta é determinada
EFICACIA pela política macroeconômica.
— De um modo geral — continuou-a
tendência industrial no mundo é a massifi­
cação da produção para atenderás neces­
sidades crescentes de quantidade e quali­
dade exigidas pelos mercados. A luta pelos
mercados e a crescente competição tém
induzido indústrias a investirem, cada vez
mais, na evolução tecnológica de seus pro­
dutos, no uso de materiais sintéticos pa­
dronizados, no estabelecimento de uni­
dade fabril, integrada, para fazer determi­
J nado produto com alta eficiência.
41 Salomão Wajnberg afirma que “a atual
velocidade da evolução tecnológica, re­
sulta num ciclo de vida do produto muito
Al curto, o que implica na necessidade dele
ser produzido em enormes escalas, duran­
te o seu curto ciclo de vida (4 a 5 anos)
para não só amortizar os custos de desen­
voltadas para fora ou para dentro e citou al­ volvimento do produto e da unidade fabril,
guns exemplos: Voltadas para fora — in­ mas também proporcionar retorno econó­
centivos balanceados visando produção mico ao empreendimento” .
externa e exportação; menor protecio­ Depois de dar alguns exemplos da for­
nismo, maior competição; insumos a pre­ mação dos custos de alguns produtos,
ços de livre comércio; mercado politica­ como televisores, componentes eletrôni­
mente maior. Voltadas para dentro: privile­ cos, etc., o orador afirmou que “ estes
giam a produção interna (substituição de grandes investimentos e altos riscos decor­
exportação) em detrimento do comércio rentes são inibidores da concorrência ea
exterior; menos competitividade nas ex­ razão do sucesso e do crescimento das
portações decorrentes dos custos de insu­ grandes indústrias transnacionais é a ten­
mos importados; a grande proteção e a me­ dência recente de associações, entre elas,
nor competição geram desestímulos ao de- para aumentar a escala de mercado, redu­
senvolvim ento tecnológico. Salomão zir custos e assim ganharem mais em con­
Wajnbergclassificou a economia brasileira junto, do que operando individualmente”.
como voltada, moderadamente, para fora. — As grandes potências econômicas
“ A mudança para uma estratégia voltada estão multiplicando a sua inteligência e,
para fora envolve necessariamente custos através de fábricas automatizadas, utili­
de transição” , acrescentou. zam pouca mão-de-obra. Os trabalhadores
0 palestrante explicou, ainda, que o libertados e reciclados dedicam-se à im­
comprometimento governamental com plementação de serviços, pesquisas, no­
políticas macroeconômicas estáveis a vos desenvolvimentos, educação e lazer.
XIX PAINEL TELEBRASIL
i t c m o Q U m o s u n c i t N C u m c . * . : •
Debate: hora de descontração, em que num clima cordial se abordam democratica­
mente temas até controvertidos.