Page 30 - Telebrasil - Maio/Junho 1989
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Olinda — Pernambuco
ramente errado tentar restringir ou vetaral-
gumas fontes, onde as empresas empe
nhadas nesse processo possam adquirir
tecnologia.
Também uma excessiva proteçáode
mercado, adotada em escala geral ou mui
to ampla, irá ter reflexo negativo sobre ou
tros setores da economia nacional, que de
pendem desse setor (há interrelaciona
mento entre todos os setores). É indispen
sável que se dê alguma proteção, para que
uma indústria nasça e possa subsistir, mas
/ essa proteção náo pode ser muito longa,
pois nenhuma atividade empresarial tem
condições de se manter, a náo ser que te
nha competitividade de preços, de quali
Quandt, ao microfone, propondo a criação de um Centro Nacional de Tecnologia das TCs (CNTT),
dade e flexibilidade de atendimento às ne
cessidades dos clientes” .
Depois de concluir que há geração de
produto, que é a modificação dos proces ou d o cu m e n ta çã o externa disse
sos, para adequá-los com os da indústria, Quandt. tecnologia própria, no Brasil, Quandt de
para aumentara produtividade, eficiência Para o palestrante, chega-se à conclu Oliveira fez algumas citações de artigos e
e baixar custos. No entanto, a criatividade são que a auto-suficiência é inviável, “a estudos relacionados com o assunto e
da área universitária tem de ser sempre náo ser em organizações de grandes d i falou sobre o 1." Plano Básico de Desenvol
considerada como a mais importante fonte mensões e solidez financeira. Mesmo es vimento Científico e Tecnológico criado ao
de pesquisas a ser procurada, tanto funda tas que têm*condições de serem auto- final de 19/2, "quase que concomitante-
mentais quanto aplicadas". suficientes em tecnologia nao despre mente com a criaçáo da Telebrás".
— Nos últimos anos, no Brasil, todos os zam a possibilidade de adquirir, de outros, Em outras palavras — prosseguiu
desenvolvimentos de novos produtos de uma nova idéia ou técnica que surge. Em rnais adiante o orador - se desejava, en
telecomunicações tiveram como origem e processo inicial de mdustrializaçáo é mtei- tão, dirigir recursos de P&D universitários
fonte inicial de conhecimentos as pesqui (os únicos disponíveis) para a linha de es
sas universitárias. Estáo nestes casos a tudos de base, ou para o desenvolvimento
central Trópico, a fibra óptica, os dispositi de algo voltado para o estado-da-arte tec
nológico. Neste segundo caso enquadra
vos laser e a família MCP. Equipamentos
como o Compac, MDT, ELO, conversores vam-se as seguintes modalidades:
• a chamada "Pesquisa Exploratória”,
de sinalização, carriers, centrais de comu
tação privada e vários outros evoluíram da que objetivava demonstrara viabilidade de
emulaçáo de algum modelo já existente ou um novo princípio ou de uma nova técnica
de um desenvolvimento efetuado em cen Foi o caso do projeto de "comunicações a
tro de pesquisas ou em laboratório fabril, laser da Um cam p” (que era financiado
mas eles têm pouca significação como re pela Telebrás).
presentante de novas técnicas. Enqua • o denominado "Desenvolvimento Ex
dram-se em outra categoria e sáo de sigm- ploratório” que objetivava, através do uso
ficância extraordinária as centrais de co de técnicas já conhecidas internacional-
mutação pública espaciais ou temporais, mente, atingir protótipos que atendam a
desenvolvidas internamente no País, gra Aspecto da assistência do XIX Painel, no audi especificações prévias, embora sem ado
ças ao CPqD, sem recorrer a laboratórios tório do Hotel Quatro Rodas, em Olinda (PE). tar metodologia construtiva adequada para
produção industrial. Nesse caso, enqua-
dra-se o projeto de "Desenvolvimento de
um sistema temporal de comutação distri
buída” contratado com a FDTE (o futuro
Tecnologia — C onceitos projeto Trópico).
Concluindo sua palestra, Quandt de
Do livro, Tecnologia e Transferência que sem objetivo prático, em vista; Oliveira sumarizou as sugestões sobre filo
de Tecnologia, do tenente-coronel Wal- • pesquisa aplicada — busca de novo co sofia de P&D e constituição de um Centro
dimir Perró Longo, do In st. de P&D do nhecimento, científico, ou não, para solu
cionar problema objetivo, previamente defi Nacional de Tecnologia de TCs (CNTT); 1
Exército e citado por Quandt de Oli
nido; — O sistema setorial de P&D em telecomu-
veira: • desenvolvimento experimental — empre nicações seria constituído por três seg
go sistemático do conhecimento — cientí mentos: o segmento universitário; o seg
• tecnologia de processo — conhecimento fico ou náo — oriundo, em geral, de pesqui mento industrial; um órgào central (que
empregado para desenvolver ou aperfeiçoar sa para produzir novo material, processo,
processos de produção; equipamento, produto, sistema ou serviço acumulará funções de apoio tecnológico);
• tecnologia de produto — conhecimento determinado ou para melhorar, de modo sig 2 — Seriam mantidos permanentemente
utilizado para desenvolver novos produtos nificativo, os já existentes; contratos com grupos universitários, de
ou para melhorar ou ampliar uso dos já exis • produção — exige capital, mâo-de-obra, preferência que gozem de alguma autono
tentes; matéria-prima e tecnologia; esta perde valor mia, dentro das linhas de desenvolvimento
• tecnologia de operação — conhecimento e relevância com o tempo, pois uma nova de tecnologias avançadas; 3 — Seria apoi
empregado para otimizar as condições de pode tornar outra tecnologia anterior, ob ado o desenvolvimento de empresas indus
operação de uma unidade produtiva; soleta; triais brasileiras de modo a capacitá-lasa
• pesquisa — atividade visando produzir • transferência de tecnologia — só ocorre
novo conhecimento e, geralmente, envol quando receptor absorver conhecimento su desempenhar atividades de P&D próprias;
vendo experimentação; ficiente para inovar a criar nova tecnologia; 4 — O objetivo do CNTT seria melhoria o
• pesquisa fundamental — objetiva au condição sine qua é a existência de equipe desempenho do sistema nacional de TCse
mentar o conhecimento científico, ainda técnica capacitada. (JCF) a mimmização dos custos, através da utili
zação adequada da tecnologia. (J.P.)