Page 10 - Telebrasil - Maio/Junho 1989
P. 10
nhecido, respeitada a legislação do cada í
país e caso assim queira proceder, c*m
ex ig ir aprovação do Governo para
operar serviços de TCs, quer se trate de )
Administrações ou de entidades priva-
das (isto é, o Governo de cada paísé
quem decide, soberanamente, até que
nal para os serviços públicos de TCs, ponto regula ou não suas TCs).
prestados por Administrações e com o Ao comentar as Resoluções aprova
aval — nem sempre factível na prática das no CAMTT, por 113 países, enfati
— dos Governos-membros da UIT. Em zou o conferencista o reconhecimento
M elbourne, sofreu a Resolução n:’ 15 salomônico do direito de soberania dos
profunda alteração na sua filosofia: foi países-membros em aplicar legislação
admitida como prestadora de serviços nacional específica mas também da
de TCs, ao lado das Administrações tra existência de vasto número de prove
dicionais, a figura de outras entidades, dores de serviços internacionais, que ,
com necessidades específicas; e foi dito C onferências onde o m undo se e n ie n o c fia ra utilizam uma rede mundial, coletiva,de
que a padronização visa prover a um ar poder se com unicar. TCs. Os participantes do CAMTf tam- ,
cabouço geral de interconexão e intero- bém reconheceram a existência de novo
peração, vale dizer de compatibilidade, am biente para as TCs, ao permitirem
para os que dele farão uso. A controver que arranjos especiais (uma versão di
tida e histórica Resolução nl’ 15 sofreu, plomática de nosso conhecido jeitinho)
em Melbourne, mais de mil pedidos de pudessem ser efetuados entre membros
modificações mas foi, afinal, ratificada da UIT, administrações, organizaçõese
por 112 delegados do CCITT, disse Theo- pessoas, desde que permitidos pela lei
dor Irmer. dos países envolvidos e com a condição
de nao causar dano, técnico, a terceiros
Soberania
países.
Na opinião de Theodor Irmer, os
Uma controvérsia que permeou o cli membros da UIT saíram fortalecidos da
ma da CAMTT, em Melbourne, foi a da CAMTT, de Melbourne, mostrando que
divergência entre países desenvolvidos países desenvolvidos e em desenvolvi
e em desenvolvimento relativo ao direi mento podem cooperar internacional
to do estabelecimento de TCs interna mente de m aneira efetiva. Mesmo as
cionais. Possuidores de tecnologia e de sim, indefinições permaneceram: como
recursos para investir, operadores de o relacionamento entre o serviço básico
países desenvolvidos podem perguntar e o de valor acrescido e entre as tecnolo
o que os impede de estabelecer uma rede gias de TCs e de informática e que tém
de TCs interligando, diretam ente via Theodor Inner: o ( ' ( 7 / 7 ’ pode se afogar em sido objeto de discussão, conjunta, de en
satélite, digamos, todas as unidades que papel. tidades internacionais como a ISO, IEC
uma corporação possui espalhada no e UIT. Assim, um fabricante de PABX
mundo todo, exemplificou o conferen seguirá uma arquitetura internada
cista, acrescentando que “os países em
desenvolvimento preferem que as co ISO e uma sinalização do CCITT e um
municações sejam feitas através da rede usuário de linguagem Chili (empregada
mundial pública de TCs, para não per para o desenvolvimento de software de
der o controle sobre uma receita que Centrais CPAs) se valerá de Recomen
lhes permite, inclusive, crescer sua rede dações conjuntas CCITT/ISO.
interna e internacional”.
— Na base do problema está a di RDSI
ferença de velocidades com que diferen
tes países aplicam a moderna tecnologia “O desafio da Rede Digital de Servi
de TCs, que se move rapidamente. Este ços Integrados é, hoje, econômico e não
é problem a an tig o , m as que agora técnico. Não há mais dúvida que a rede
evolui rapidamente. Os países em de existente, com tecnologia adequada,
senvolvimento estão perdendo, cada vez pode veicular canais de 64kbit/s de in
mais, terreno e cresce o fosso tecnológico formação. Mas é o usuário o juiz último
que os separa dos países mais avançados que decidirá se quer ou não migrar da
— constata o diretor do CCITT, lem tradição de uma rede dedicada para go
brando que nos países em desenvolvi zar de todo um potencial acenado (mas
mento também existem divergências, não necessariamente desejado) por uma
como entre Japáo e EUA ou França e In RDSI”, opinou o diretor do CCITT.
glaterra, a respeito do desregramento Para ele, que veio da área de comuta
das TCs. ção, o conceito de gerenciamento de re
As principais Resoluções aprovadas des evolui, gradualm ente, com a de
no CAMTT, de Melbourne, e no enten m anda e esta varia bastante de país
der de Theodor Irmer, foram as seguin p ara país e assim a implantação da
tes: só serão regulados, internacional RDSI será gradual. Geralmente, a RDSI
mente, serviços oferecidos ao público (as se inicia na sociedade pelo segmento de
redes privadas estão fora) e as regras se negócios que já utiliza, separadamente,
aplicarão tão-somente às Adm inistra facilidades de telefone, telex, fac-símile
ções (isto é, o Estado e suas concessões e de comunicação de dados. O desafio
legais); os países-m em bros têm reco dos defensores da RDSI é exatamente,
nhecido seu direito em m anter arranjos frente às redes de telefonia, telex e de
especiais visando tornar a interconexão pacotes (redes dedicadas), que funcio
e interoperação mais fácil para todos os nam bem , m o strar que a RDSI pode
participantes, inclusive para os fornece oferecer um produto final que é melhore
dores de redes (network providers); todo m ais barato, concluiu o conferencis
Sede da UIT, em Genebra , Suíça. membro da UIT tem seu direito reco ta. (JCF) *