Page 38 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1989
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V e m a í o t e l e f o n e e l e t r ô n i c o
Colaboração: A.M. Ferrari (Diretor de
Desenvolvimento da Ericsson do Brasil)
A eletrônica especificamente os se está “ativo” (alimentado pela central). ciente sob o ponto de vista de amplifica
micondutores, invadiram nosso cotidia Transdutores — O microfone (cáp ção ele é um transdutor de característi
no, substituindo soluções eletromecâni- sula transmissora) e o receptor (cápsula cas instáveis, de grande distorção e cuia
cas ou inovando as utilidades domésti receptora) são responsáveis pela con amplificação não é linear em função da
cas. O telefone, entretanto, parecia uma versão da voz sob forma de ondas de sua corrente de alimentação (Figura 2).
ilha de conservadorismo. Na verdade, pressão no ar (pressão acústica) em Durante várias décadas se procurou um
uma série de questões técnicas e condi variações de corrente elétrica e vi transdutor de resposta mais linear que
ções de contorno retardaram sua eletro- ce-versa, respectivamente. O sistema pudesse competir com o microfone de
nização. Desde sua invenção (Graham telefônico comuta e transm ite estas carvão. Entretanto, a tarefa era real
Bell, 1876) poucas foram as mudanças variações de corrente até o destino, mente difícil devido ao seu custo e a ne
drásticas na sua concepção. A introdu sendo assim fundamental para a inteli cessidade do telefone operar perfeita
ção do telefone à bateria central e depois gibilidade da telecomunicação que os mente com apenas 1 miliwatt. Assim, a
o disco para acionar as centrais automá transdutores realizem sua função com substituição do microfone de carvão per
ticas na virada do século, foram as gran fidelidade, isto é, não introduzam dis maneceu sem alternativa até o advento
des mutações em termos de concepção torções de freqüèncias e nos níveis rela dos semicondutores. O receptor foi de
de circuito. É verdade que os materiais, tivos. O grande problema do telefone ao solução mais fácil e de há muito os tele
processos industriais e design progre longo de sua história foi o de conseguir fones, mesmo convencionais, já pos
diram e tornaram o telefone mais atra transdutores com um mínimo de distor suíam cápsulas eletrom agnéticas de
ente, confiável, de fácil manutenção e de ção a baixo custo. boa uualiaade.
preço acessível. Todavia, na essência, Outro problema crucial que retardou Módulo Sinalizador de Chamada —
seus componentes continuam a operar o uso de microfones de maior fidelidade, E a campainha ou cigarra que adverte
sob os mesmos princípios concebidos por é sua potência de saída. As redes telefô ao usuário de que seu telefone está
Bell, Edson e Strowaer. nicas operam com ganhos negativos (os sendo chamado. Tradicionalmente era
Somente na década de 60 os semicon construídu com gongos percurtidos por
dutores penetraram tim idam ente nos badalo acionado por um ou dois eletroí-
telefones. Nos últimos dez anos, entre mãs. Hoje esta função é realizada por
tanto, ele sofreu uma verdadeira re um circuito integrado “tone ringer”,que
volução. Assim, desapareceu o disco e a gera duas frequências fundamentais e
cam painha com seu tilin ta r clássico. alim enta um pequeno alto-falante ou
Devido às questões técnicas de trans vibrador piezoelétrico. O “tone ringer” é
missão, a últim a barreira a cair foi o ativado pelos toques recebidos da cen
transformador híbrido. A eletronização tral comutadora.
destas três funções representou o nasci Módulo Emissor de Informações Nu
mento do telefone eletrônico. Embora o méricas — Tradicionalm ente era um
telefone eletrônico seja um lugar co mecanismo de relojoaria (disco) que in
mum no mercado internacional, e já terrompia o “loop” da central tantas ve
também produzido pela indústria nacio zes quanto o valor do algarismo discado.
nal para o mercado secundário (exten Cedeu lugar aos teclados. Estes cons
sões, ram ais de P(A)BX), ele não foi tam de duas partes: o teclado e a eletrô
ainda introduzido nas operadoras do nica associada.
Sistem a Telebrás. A P ortaria M inis Nos teclados decádicos a eletrônica
terial n.° 88 de 11/04/1988 determinou baseia-se em um circuito integrado de
sua introdução no mercado primário a nominado “pulse dialer”. Devidamente
partir de 1990. Vem aí o telefone eletrô acionado pelas teclas, ele memoriza o
nico! número e gera o trem de pulsos decádi
Antonio Martins Ferrari, diretor da Ericsson
e conselheiro da Revista Telehrasil. cos correspondente a cada algarismo.
O telefone — estrutura funcional Acionando-se a tecla “quadrado” ele re
pete os trens de pulsos. O mercado inter
Funcionalmente, o telefone divide-se ganhos nos sistemas de transmissão são nacional cam inha rapidam ente para
em q u a tro m ódulos, independente apenas para compensar parcialmente outra m odalidade de informação nu
mente da tecnologia implementada (Fi as perdas). Assim é necessário que o ní m érica, o teclador m ultifreqüencial,
gura 1): módulo de transmissão; trans vel de saída do telefone seja suficiente cham ado DTMF (dual tone multifre-
dutores eletroacústicos; módulo sinali para garantir um nível de recepção ade quency) e neste caso a eletrônica asso
zador de chamadas; módulo emissor de quado no telefone ou outro extremo. O ciada baseia-se no circuito integrado
informações numéricas. microfone de carvão proporciona este “DTMF g en erato r” em vez do “pulse
Módulo de Transmissão — Tem por nível de saída e é de custo reduzido (US$ dialer”.
finalidade transform ar o circuito a dois 0,50). O DTMF tem as vantagens de maior
fios (transmissão e recepção no mesmo Considerando que o telefone somente velocidade na transferência da informa
par de condutores da linha de assinante) pode consumir da central comutadora ção, m aior im unidade a erros, menor
em um circuito a quatro fios dentro do uma corrente entre 20 e 100 mA e que tem po de ocupação dos órgãos recep
telefone. Além dessa transformação, o não pode se valer de uma fonte de ener tores na cen tral com utadora, uso de
módulo de transm issão faz o casamento gia local, os projetistas não puderam — “doze” algarismos (as teclas “estrela” e
de im pedâncias entre os dois transdu antes do semicondutores — se valer de “quadrado” têm valores supradecimais)
tores e a linha, e determ ina os níveis na outras tecnologias de microfone acopla e possibilidade de envio de DTMF após a
transm issão e recepção, bem como ad do a um amplificador adicional. Por is com utação te r sido estabelecida (uso
m ite um pequeno retorno da transm is so, o microfone de carvão, já usado na in variado no controle de dispositivos co
são na recepção (efeito local). Esse efeito venção de Bell, sobreviveu por quase no nectados à linha telefônica). Os “doze al
é de im portância fundam ental na au venta anos nos telefones. Por que aban garism os” do teclado DTMF simplifi
to-regulação da voz pelo usuário e para donar um microfone tão eficiente e de cam, também, os procedimentos dos as
dar-lhe o sentimento de que o aparelho tão baixo custo? Porque em bora efi sinantes de centrais CPA para obtenção