Page 35 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1989
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I n d ú s t r i a b r a s i l e i r a d e T C s
p o d e e s t a r n u m i m p a s s e
t
Ao lado do poder de compm da Telvbras, oCPqD 1 mostrado ainda quando sob forma de maqueteie
peça-chave no modelo industrial das TCs.
Km tese de mestrado, defendida recen de equipamentos de TX 's, esta part icipação, anu, mas não pela SEI — formassem novas
temente na U FRJ, M aurício Mesquita que era nula, em 74, cresceu a 11)00, se empresas adaptadas aos critérios menos
Moreira, do Instituto de Economia Indus gundo os critérios do Minicom (maioria do flexíveis da Lei de Informática, aprovada
trial, mostrou que, graças ao avanço tec capital votante em mãos brasileiras), mas pelo Congresso Nacional, enfatizou Mes
nológico da microeletrônica, deu-se a dos- declinou para 37' <. pelos critérios da Secre quita Moreira.
concentração do mercado brasileiro de taria Especial de Informática — SEI (23do — t 'omprovou-se, mais uma vez, a vera
equipamentos de telecomunicações que es capital nacional). cidade das idéias neo-Schumpeterianas
tava, na década de 70, em mãos de alguns Foi a intervenção do Estado, alavan nascidas no início do século na Alemanha e
poucos fornecedores estrangeiros. Mas cada polo jxxler de compra do sistema Tele- depois importadas para os EUA, reconhe
acrescenta que a situação, hoje, |xxle estar bras e pelo aporte tecnológico do ('entro de cendo o papel da tecnologia como criadora
indo rumo ao impasse. Pesquisa e Désenvolvi mento CPqD, que do mercado "contestável", isto é, no qual as
Para o autor da tese, chegou-se a um permitiu mudar o perfil da industria forne empresas podem penetrar e crescer num
modelo híbrido ao pulverizar a atuação das cedora do setor publico de TCs. No seg oligO|X)lio já estabelecido, se souberem fa
pequenas e médias empresas brasileiras, o mento privado, a ação da SEI, através do zer algo novo, que se inicia.
que as impede de dominar, de fato, segmen controle na importação de insumos microe- O autor da tese destacou a importância
tos mais nobres do mercado, apesar do letrônicos, induziu a que as joint-ventures das Portarias 661, 215 e 622, como instru
apoio tecnológico do CPqD. "Por que não (associação de capital nacional e estrangei mentos básicos da política industrial do Mi
concentrar recursos em uma ou duas joint- ro) aceitas como fornecedores pelo Mini- nicom. A primeira que data de 75, "no auge
ventures, totalmente nacionais, que pos da fase nacionalista”, previu o desenvolvi
sam competir nos mercados interno e ex mento de uma central de comutação (o
terno?" inquiriu Maurício Moreira, que coração do sistema telefônico) totalmente
teve sua tese aprovada por banca examina digital; a criação do CPqD (seria inaugura
dora presidida por José Tavares de Araújo do no ano seguinte) para desenvolver tec
Jr e integrada por Mário I )ias Ripper, José nologia; e reservava 40'* do mercado para
RicardoTSaille e do orientador Paulo Pastos a empresa nacional.
Tigre. Seis anos mais tarde, a Portaria 215,
De acordo com Tavares de Araujo Jr., "a cancelaria a tecnologia das centrais CPAs
indústria de equipamentos de telecomuni (comandadas a programa armazenado), do
cações (TCs), por suas características de tipo espacial, já ultrapassadas, resultando
alta tecnologia, tende a ser estruturada na divisão do mercado entre as multinacio
numa direção que lhe dá maior grandeza nais aqui instaladas — Ericsson, ITT,
de escala, tal como na industria aeronáu NEC, Siemens — detentoras da moderna
tica ou petrolífera”. Dias Ripper, que tam tecnologia digital de alta capacidade e a
bém é diretor da Elebra, acha que a indús tecnologia desenvolvida pelo CPqD (deno
tria de TCs brasileira atua como se fosse minada de Tropico). Finalmente, a Por
um oligopólio em relação ao qual "quem taria 622, de 78, expandiria para outros
está de fora, não entra”. segmentos de mercado, como transmissão e
No decorrer de sua tese, salientou Mes terminais, o modelo desenvolvido para co
quita que, ern 74, os quatro maiores fabri mutação. A mesma Portaria definiria
cantes de equipamentos de TCs detinham ainda segmentos de mercado em função do
90(/( das ecomendas globais do setor, pro tipo de equipamentos; limitaria número de
porção que já havia caído para 34r/r, em 86. fornecedores por segmento; e criaria a fi
Outra tendência verificada foi a da partici Equipnmento de tecnologia óptica, desenvol gura do produto preferencial, cuja padroni
pação crescente da indústria nacional. No vido pelo CPqD e industria nacional (foto de zação se destinava a racionalizar a oferta.
faturamento dos dez maiores fornecedores setembro de 1982). (JCF)