Page 33 - Telebrasil - Maio/Junho 1988
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Schause e Marco Aurélio
Situação e evolução das PMEs
0 presidente da Schause S.A., Walter grandes empresas a abordagem é bem porque acredito que os produtos de TCs
Schause, escolheu como tema de sua pales mais profissional e mais fria” . terão profunda semelhança com os produ
tra “A Situação Atual das PMEs” , na qual Finalizando sua palestra, Walter Schau tos de computação. Também fica muito di-
destacou a importância das pequenas e se considerou o Brasil um País predesti íicil falar em PMEs, no Brasil, sem que
médias empresas nos segmentos funda nado a se posicionar mais cedo ou mais elas sejam genuinamente nacionais. As
mentais dos sistemas produtivos de qual tarde entre as grandes potências. “ Esse é pequenas e médias empresas brasileiras
quer país. “Até mesmo o modelo social e um desafio que cada brasileiro tem pela vão ser criadoras de novos produtos, ta-
político de uma nação tem muito a haver frente. Ao pequeno e médio empresários zendo novas tecnologias para melhorar os
com a força e o desempenho das PMEs, e reserva-se um papel de suma importância produtos que elas próprias façam. Eu vejo
acho oportuno lembrar que cerca de 90% nessa caminhada” , concluiu o orador. o futuro das PMEs lutando para permane
das empresas existentes no mundo são de cer no mercado.
pequeno porte” , enfatizou o empresário. Marco Aurélio O conferencista disse mais adiante de
Por outro lado continuou o orador sua palestra que a tendência das PMEs é
- também não é novidade que as peque O vice presidente da Monitel, Marco ser um grande parque empregador de mão
nas e médias empresas sejam fatores deci Aurélio de Almeida Rodrigues, discorreu do obra especializada. Porém, um dos
sivos na democratização do capital, contri sobre o tema “ £ voluçao das PMEs no setor grandes problemas dessas empresas é o
buindo substancialmente para a distribui de I Cs” , lembrando que “nossa indústria, capital de giro. “Talvez seja o ponto mais
ção da renda e para a descentralização da no início da década de /O era profunda importante como política prática de apoio
economia, da mesma forma que o custo do mente importadora. Essas empresas se às PMl s: evitar que elas necessitem bus
desenvolvimento tecnológico, quando é concentraram principalmente na área de car empréstimos a altos juros em bancos
praticado por uma pequena empresa, é serviços, sejam de redes externas ou de privados”, alertou o empresário.
sempre muito menor. produção de componentes. Além disso, Eu acho que, no mínimo, deveria ha
Disse o conferencista que ” é impor começaram a surgir algumas PMEs com ver um sinal de 20% nas compras da Tele-
tante frisar a qualificação fundam ental produtos de tecnologia um pouco mais brás às pequenas e médias empresas e
das PMEs como sustentáculo do próprio avànçada. nao, no máximo, como deixou entrever o
regime capitalista e da livre iniciativa. Por O palestrante acrescentou que o outro Lamoglia por ocasião de sua palestra —
isso, elas são as seguranças das grandes período de evolução foi no final da década acrescentou Marco Aurélio.
empresas, sejam nacionais ou estrangei de 70, “quando houve mudança tecnoló Em seguida, o orador declarou se con
ras, privadas ou estatais”. Segundo Schau gica muito forte, ou seja, a eletromzaçâo tra a reserva de mercado, “porque acredito
se, nos próximos anos multiplicar-se-áo do sistema de telecomunicações, com a que as PMEs têm de viver da competição,
ainda mais os pequenos negócios. entrada maciça de microprocessadores na como também sou favorável ao não cercea
Ele, porém, advertiu que as PMEs de tecnologia de TCs, permitindo, ainda, que mento da criação. Acho que a liberdade de
vem ter "colchão protetor” , caso contrário os custos de produção fossem menores” . criar produtos é uma coisa muito impor
"quando a economia entrar em declínio, Marco Aurélio fez um prognóstico para tante e para mim isso vai ser um dos ali
elas são as primeiras a sofrerem os impac o fim da década de 80 e início da década mentos das pequenas e médias empresas.
tos da crise”. O empresário disse não acre de 90: uma disseminação muito grande da Elas têm o direito de criar e a liberdade de
ditar que as PMEs sejam, futuramente, ab digitalização dos produtos de TCs, o que errar”.
sorvidas pelas grandes empresas: “ H a permitirá a coexistência de um grande nú Finalizando sua palestra, o vice
verá, sim, mobilidade nos seus espaços, mero de pequenas e médias empresas. presidente da Monytel disse que “os nú
mas jamais haverá o desaparecimento des Para ele, a existência de um diversificado meros estão traduzindo os esforços das
sa força de produção” . mercado consumidor também vai forçar o PMEs. Elas, naturalmente, vão se esforçar
Mais adiante, o conferencista afirmou aparecimento de pequenas empresas para ainda mais no sentido de criar tecnologia
que ainda não existe um conceito para de- suprir esse mercado. própria que o País tem obrigação de
finiroqueseja uma pequena ou média em — Essa minha visão — enfatizou — é apoiar”.
presa. Para ele, alguns tomam por base o
numero de empregados, outros o valor do
faturamento em cruzados ou OTNs. “As
vezes o empresário é confundido com a
própria empresa da qual ele é o executivo.
Se a empresa fracassa aquele cidadão
também é um fracassado. Esse conceito
deve ser modificado” , enfatizou.
Quanto aos salários pagos pelas PM Es à
mão-de-obra qualificada, Schause arriscou
um palpite: “Se fizermos um estudo nesse
sentido chegaremos à conclusão que os
salários mais altos são pagos pelas PMEs,
porque elas não podem oferecer outros be
nefícios marginais, como maior segurança
no trabalho e certas mordomias que exis m a r c o AURtl
tem nas grandes empresas” .
Schause falou ainda do calor humano:
“Nas PMEs os contatos são mais próxi
mos, intensivos e informais, enquanto nas Conferencista W Schause (Schause). Conferencista M. Aurélio (Monytel).