Page 28 - Telebrasil - Maio/Junho 1988
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Construtoras de redes esperam
maiores investimentos em 1988
J. dc Paiva
treinam ento interno de pessoal, e isso
ano de 1988 não está trazendo
O boas perspectivas para os empre custa dinheiro” , acrescentou Massei.
sários de rede telefônica externa. Não só Já Sebastião Moreira, da Eldorado,
pela redução dos investimentos, mas de Campinas, SP, que emprega cercado
também pela pulverização do mercado 50 pessoas, se queixa de que as maiores
com a possível entrada de mais de 100 empresas dominam o mercado, ainda
novas empresas no mercado de constru que as menores possam operar a custos
ção de dutos telefônicos. A apreensão é mais baixos.
do eng. Mauro V illar Furtado, presi Lu iz C arlos de O liveira, da irtel,
dente da Tele Redes e Telecomunicações também de Campinas, SP, uma emprei
Ltda., com sede no Rio de Janeiro, para teira de 100 empregados, gostaria ae re
quem a solução transitória está na ex ceber mais apoio para poder adquirir
portação da tecnologia brasileira para o equipamentos de teste e emendas para
exterior, principalmente América La fibra óptica. As pequenas empresas de
tina e África. rede externa estão preocupadas com a
Segundo Mauro Furtado, "está ha falta de encomendas.
vendo uma interpretação sumamente Segundo Francisco Javier de Bediga
liberal dos Decretos 2.300 e 2.348 e do Hickman, da Bargoa Conectores S A.,
regulamento da Telebrás para licita do Rio de Janeiro, "o Sistema Telebrás
ções de construção de redes telefônicas, precisa tomar cuidado desde já com sua
resultando em exigências mínimas para rede se quiser atender com eficácia a im
Eng. Mauro Furtado, presidente da plantação das centrais digitais e muito
a pré-qualificaçáo de empresas. Haverá
Tele Redes.
certamente uma queda de qualidade mais depois da implantação da RDSf.
nas redes construídas. Se o nosso mer — Não existe um sistema unificado
cado já não comportava o número de em de tolerância e de compatibilidade em
e sai a toda hora”, explicou.
presas existentes, agora, com a duplica toda a rede, como, por exemplo, o proble
ção, os negócios ficam muito mais difí O eng. Márcio Massei, da Alfa Enge ma do diâmetro interno dos condutores
ceis”, queixou-se o executivo. nharia, de Campinas, SP, acha impor nos cabos — acrescentou o executivo.
tante o planejamento da rede a medio Por sua vez, o presidente da Associa
Mão-de-obra prazo para que as empreiteiras possam ção Brasileira das Empresas Constru
se adequar em tempo. Em sua área, 70% toras de Redes Telefônicas (Abecorteli.
Para o presidente da Tele Redes, da rede é aérea e o restante enterrada, Márcio de Araújo Lacerda, disse ter es
1987 foi um ano bom para sua empresa, cujo problema, além da localização, tudado intensivamente o problema de
porque houve uma compreensão muito existe uma praga que ataca e corrói os treinamento da mão-de-Qbra de rede ex
grande por parte da Telebrás, numa cabos. terna.
corajosa decisão de salvar o setor. Ele deu o perfil da mão-de-obra que — No período de 1976 a 1986,anosde
— No ano passado — revelou o execu opera em redes: o instalador, o emenda- recessão econômica, os investimentos
tivo — tudo fluiu normal mente, apesar dor e o ajudante de emendas. O preço em rede foram drasticamente reduzi
das dificuldades que o sistema atraves médio destes profissionais fica em torno dos. Nos sucessivos cortes a rede sempre
sou, mas sem aquela espada de Dêmo- de três salários mínimos, sem contar foi o elemento penalizado. A partir do fi
cles ameaçando as empresas de insol alimentação e alojamento. "Além disso, nal de 86 é que a Telebrás começou a ob
vência. Cerca de 70% ae nossos custos todas as empreiteiras têm de promover servar que a rede se constituía num ver
são investidos em mão-de-obra, na
dadeiro gargalo. Neste ínterim a mão-
maioria técnicos, que não podemos de de-obra que foi desmantelada não foi re
mitir quando diminui o serviço, como
posta ou treinada. As empreiteiras, no
ocorreu em 1986, ano de preços congela
final de 86, estavam numa situação de
dos, inclusive o dólar para exportação.
envelhecimento de recursos, tanto hu
Chamando a atenção para a fragili
mano quanto material, o que foi agra
dade do setor, o empresário falou sobre
vado com o Plano Cruzado.
as despesas para a formação de um ca-
Revelou Márcio Lacerda que a Abe-
bista, que demora cerca de três anos ou
cortel diante da situação fez estudos
mais, para que ele esteja apto a mani
conjuntos com a Telebrás, alertando as
pular os cabos telefónicos. "Isso faz com
operadoras para um esforço de recu
que na época em que os serviços dimi peração da rede externa que, de acordo
nuem, a empresa tem de arcar com o com o executivo, "esse é um processo que
ônus da mão-de-obra ociosa, uma vez poderá levar de dois a quatro anos”. Ele
que não se pode dispensar os técnicos, também está preocupado com uma pos
porque de repente surge um contrato e sível pulverização do mercado, o que
temos que contar com esses mesmos em pode gerar a descapitalização das em
pregados.” presas.
Para Gilberto Giasseti, um emprei O presidente da Abecortel destacou,
teiro de redes de Jundiaí, com 10 anos de ainda, que o presidente da Telebrás. Al-
experiência e que hoje emprega 350 fun mir Vieira Dias, soube compreendera
cionários, um dos maiores problemas importância das empresas de constru
que enfrenta é a falta de continuidade ção de redes no processo de retomada de
nas contratações. "Pode decorrer até crescim en to do sistem a telefônico
200 dias entre o término de um contrato "Apesar de não termos o poder tecnolo-
e o início de outro. Existe também certa gico da indústria, nossas 100 empresa
escassez de material e a mão-de-obra Instalação de cabos de fibras ópticas, em respondem por 30 mil empregos diret» -
acaba se tornando escassa, porque entra Belém do Pará, pela Tele Redes. e absorvem só em mão-de-obra 10r< do-
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