Page 36 - Telebrasil - Julho/Agosto 1988
P. 36
A PEQUENA E MEDIA
EMPRESA NAS TCs
Magnus e Castro:
Dois enfoques diferentes das PMEs
O Conselheiro da Intelbras e agora dono da zar nossas PMEs. Acho que não basta supri-las
Poliax, Carlos Aristides Magnus. ex-presidente apenas com tecnologia, porque o capital e um
da CRT (Cia. Riograndense de Telecomunica problema m uito grande para as pequenas em
ções). começou sua palestra lamentando as d i presas e realm ente seria muito importante se
ficuldades que as pequenas e médias empresas obtivéssemos uma maneira de aportar o capital
encontram para vender seus produtos no mer necessário — concluiu o orador.
cado nacional, "em virtude da burocracia que
entrava o andamento rápido das negociações . René de Castro
Ele reconhece, porém, que a culpa náo é só dos
homens, mas do gigantismo do sistema de TCs O e n g e n h e iro m ecânico Renê de Castro
Esses motivos retardam as decisões dos presi falou em nome da IBM Brasil. Ele eresponsável
dentes das empresas operadoras, pela qualidade de peças e produtos da empresa
Para o executivo nào basta que um fabri junto a clientes brasileiros e no exterior e res
cante ou prestador de serviço seja competente ponsável pelo treinam ento de pessoal e progra
Ele tem de ter uma atuação política, saber quem mas de qualidade a nível de fábrica Renède
decide politicamente, òorque necessita de in Castio escolheu como tema o relacionamento
formações precisas. Ó tamanho do Sistema da IBM com os seus fornecedores que. segundo
Telebrás leva a uma velocidade muito lenta em ele. na m aioria são pequenas e médias em
relação a velocidade da pequena empresa Dai presas.
defendeu o palestrante que as autoridades do O conferencista abordou vários topicos. en
setor poderia, periodicamente, ir ao encontro tre os quais destacou a interação com os forne
dos pequenos empresários, levando-lhes as in cedores e as estratégias que utiliza para pene
formações necessárias. trar cada vez mais no mercado da informática 0
Mais adiante de sua palestra, Carlos Magnus gerente da IBM também deu ênfase ao processo
opinou quanto a situação atual do setor pnv.it i de fa b rica çã o local, cujo plano visa basica
/ar o máximo possível, para facilitar o forneci mente a substituição das importações, aprovei
mento de materiais e equipamentos periféricos, tando, dentro dos parâmetros de custo e quali
dando ao mercado condições de operações reais dade, a tecnologia local.
para que as PMEs possam criar fórmulas de ca - Quando olhamos a balança comercial, es
Magnus paradoxo no Brasil o ter desemprego
pitalizaçáo e incentivos. pecifica da IBM acrescentou o engenheiro
muito grande no lado de talta de máo-de obra
Quanto aos recursos humanos, Carlos Mag nosso objetivo é que ela seja positiva, por
qualificada.
nus disse que o Brasil é o país dos paradoxos, que a com panhia importa muitos equipamentos
"porque, enquanto tem um índice de desem que nào são produzidos no Brasil e ela exporia
prego m uito grande, tem, ao mesmo tempo, produtos da fabrica Sumaré, São Paulo, parao
falta de mão-de-obra qualificada" O orador exterior A IBM, nesse caso, é apenas um vei
acha que os desníveis salariais entre PMEs e as culo que facilita aos fornecedores expandir seus
companhias estatais são uma das coisas a ser produtos para o mercado internacional.
meditada. Nas concessionárias telefónicas, um Renê de Castro disse que a IBM, como em
engenheiro, uma secretária, um cabista, um presa m u ltin a c io n a l operando no Brasil ha
motorista, recebe três ou quatro vezes mais do vários anos, tem a responsabilidade de partio
que na iniciativa privada, istoé, nas PMEs. "Por j)ar do desenvolvimento do Pais e, através dele
isso, fica difícil a competição", acrescentou ela usa o plano de transferência de tecnologia £
— Nossa população é mal preparada — as enfatizou: "Quando falo em tecnologia não es
severou o empresário. Nosso ensino é muito fa tou apenas ressaltando a parte técnica em si.
lho. Para se formar qualquer profissional, seja mas a transferência de know how logisticoead-
no campo técnico, comercial ou financeiro, as m in istra tivo . Isso é o que passamos com (te
dificuldades sáo grandes. qüência para nossos fornecedores".
Hoje. pela manha, o Walter Schause refe- O orador completou seu raciocínio relatando
riu-se à importância das PMEs. Bastaria dizer que outro fator importante era o objetivo da IBV
que 90% do produto interno bruto dos Estados de fabricar a custo mais barato, "porqueosnes
Unidos são gerados nas que eles classificam de sos produtos competem no mercado internacio
pequenas e medias empresas, nal e o setor de informática e um ramo extrema
Carlos Magnus assegurou que várias empre mente com petitivo".
sas nasceram no fundo do quintal, ou então Renê de Castro revelou que a IBM Brasil tem
foram form adas por técnicos que desenvol hoje cadastrados cerca de 500 fornecedores
veram determ inados produtos sem grandes dos quais a metade sáo considerados fornece
complexidades "O País é carente de capital. dores ativos, ou sejam, aqueles de quem iea
Nossas instituições financeiras só emprestam mente a companhia está comprando. Enfim
com facilidade a quem ja tem dinheiro. Qual gerente da IBM Brasil explicou, por longope-
quer empresário sabe disso. Então, a obtenção do, a relaçao da empresa com seus fornecedor
de capital torna se dififcil para as PMEs", enfa e as estratégias usadas em recursos humano*
tizou o palestrante. Renê: IBM aproveita, dentro de parâmetros de m arketing, vendas, custo e qualidade
Deveriamos estudar fórmulas de capitali- custo e qualidade, a tecnologia local.