Page 27 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1988
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XVII PAINEL TELEBRASIL
OBJETIVO FINAL
O USUÁRIO
FORTALEZA - CEARA Continuação da Revista
DE 19 A 22 DE SETEMBRO DE 1987 Novembro/Dezembro/1987
Waldemar Mehl:
Waldemar Mehl, estatístico, diretor comer mais importante da questáo é o conceito de que
cial da Comércio e Indústria Induco S.A., do um pequeno grupo de usuários é como um
Rio, falou de quatro tipos de pequenos grupos grande grupo de usuários em tamanho reduzido
de assinantes: os de pontas de rede. de peri o que náo é verdade. A pequena comunidade
feria, assinantes sazonais, e, por último, de mu de assinantes possui uma personalidade própria
nicipalidades autônomas. Isto porque o princi e necessita que o planejamento em telecomuni
pal em sua exposição foi enfatizar o direito de cações a ela destinado se utilize das caracterís
ser usuário, mais especificam ente, o direito de ticas do seu grupo, criando-se uma conceitua-
pequenas c o m u n id a d e s de a ssin an tes de çáo mais adequada à sua realidade, inclusive
serem, efetivam ente, usuários. quanto aos equipamentos.
— Minha palestra não possui caráter filosó Na opinião de Waldemar Mehl, há cerca de
fico ou político, mas sim técnico, e decorre da dois anos praticamente mexistia em nosso mer
necessidade em se atender à demanda dos pe cado industrial equipamentos que permitissem
quenos grupos (até 2 0 0 assinantes) — explica o atendimento do tipo de demanda da pequena
Mehl. comunidade. "Hoje já existem, e náo apenas
Segundo o execu tivo, o que na verdade um. Contamos com equipamentos de tecnolo
existe é o fato de que, em se tratando de um pe gia avançada, baseados em comunicação ele
queno número de assinantes, gera-se uma mas Conferencista Waldemar Mehl (Induco). trônica CPA, normalmente espacial, não tem
sa de renda total m uito pequena, criando-se poral, desenvolvidos especificam ente para
para a empresa operadora um problema sério atender este tipo de demanda. São aplicados
mumdade, um tanto irrelevante. Por este mo
em que a própria coleta de dados de tarifa des tivo, sempre recorrem a outra comunidade pró dentro de conceitos de projetos adequados e po
tes assinantes custa m ais caro que a receita xima, mais bem suprida, que possa atendè-los dem permitir o atendimento de uma forma en-
gerada. No entanto, estes grupos pertencem a nas variadas necessidades. conòmica e com grande retorno para a adminis
segmentos diversos de nível de rendas que de tração, mesmo levando-se em conta a questáo
— Até hoje estas comunidades não foram
vem ser analisados. bem atendidas, ou não da maneira que de do tráfego que realmente náo é intenso nestas
Nos grupos de pontas de rede podem tanto comunidades", ele assegura.
veriam ser, pois se adianta sempre um problema
existir moradores de conjuntos habitacionais de econômico alegando prioridade em áreas de A grande polémica, explica Mehl, seria criar
baixa renda, como condomínios característicos um projeto que, sendo adequado em termos de
m aior densidade populacional. A colocação
de pessoal de alta renda. De qualquer forma, investimento, possa ser também rentável opera
existirão uma densidade de assinantes por área cionalmente ao longo de toda vida do equipa
geográfica bastante alta e uma uniformidade de mento, “o que implica numa série de decisões
interesses muito comuns, além de uma ausên náo ortodoxas ou náo conservadoras, relaciona
cia quase que total de atividades econômicas. das à tarifaçáo, que deverá ser centralizada ao
Já nas localidades de circunvizinhanças em entroncamento (escolher o mais fácil) e aos pré
geral, as áreas são maiores, com renda mais di dios (usar o que já existe)".
fusa e existe sempre alguma atividade econô Mehl acrescenta que este equipamento deve
mica ligada ao setor primário, que dá sentido de ser capaz de operar horas e horas sem energia
vida ao aglomerado. elétrica e sem necessitar, nem de longe, do
Quanto aos grupos sazonais, se caracteri acréscimo de um grupo motor-gerador para ali
zam principalm ente por não ocuparem conti- mentá-lo. Finaliza dizendo que, "como impul
nuamente as habitações, apenas para fins de la sionadora do progresso, as telecomunicações
zer. Trata-se de grupos de alta renda, concen são vitais aos pequenos grupos de assinantes, e
trados geograficamente e sem nenhuma relação é obrigação nossa não só atender aos direitos
com a comunidade local. E as pequenas m uni dos usuários, enquanto usuários, mas ao direito
cipalidades são sempre atendidas por um ser fundamental de ser usuário e de poder usufruir
viço telefônico precário. Sua população é pobre, das facilidades das telecomunicações tanto
muito dispersa em propriedades rurais, e con Conferencista Ivo Zagonel (Conselho de Usuários - para o progresso, quanto para ò bem-estar da
tam com um centro econômico da própria co- Telepar). comunidade".