Page 29 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1988
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Alencastro:
O ex-presidente da Telebrás, gen. Alencas — A esse respeito, ponto que eu considero
tro e Silva, começou sua conferência agrade mais difícil, é preciso fazer com que nosso ho
cendo o convite feito pela Telebrasil e lembrou, mem latino vista o manto da humildade, calce
com muita propriedade, sua participação em as sandálias de São Francisco, para que mesmo
quase todos os painéis da entidade desde não tendo razão reconheça a sua culpa e pro
quando ela foi fundada. Disse que sua palestra meta com reverência melhorar os serviços, com
se fundamentava em alguns princípios, pensa preços justos.
mentos e mensagens, que teve a oportunidade Alencastro e Silva lembrou ainda os idos de
de expressar durante mais de 40 anos em que 1963, depois de promulgado o Código Brasilei
m ilitou no setor de TCs. ro de Telecomunicações (Lei 4.117/62), oca
Em seguida, Alencastro fez um retrospecto sião em que fez uma palestra no Clube da Aero
do setor de telecomunicações, tanto no Brasil náutica, com a presença do Ministro das Comu
quanto no exterior, dizendo que "é preciso que nicações da Alemanha Ocidental, quando expôs
as empresas estejam sempre à frente daquilo os planos do Conselho Nacional de TCs, inclu
que os usuários venham a desejar e isso só pode sive a criação da Embratel. No final da apresen
ser feito fundamentado num órgão, num insti tação. o ministro visitante pediu para dar dois
tuto de pesquisa capaz de desenvolver o futuro conselhos: "primeiro, nunca se esqueça que
desta extraordinária tecnologia que são as tele serviço publico é tarifa, segundo, nunca trans
comunicações” . E enfatizou, mais adiante: forme a empresa que os Srs. estão querendo
— Os usuários dos serviços são os verdadei criar numa instituição de caridade” .
ros donos das empresas do Sistema Telebrás. — t preciso que nós atuemos— disse o con
Esta é a mensagem que nós procuramos trans ferencista — para que o máximo possível de
m itir para obter aquilo que o usuário tem direito, pessoas da sociedade tenham acesso aos servi
o seu direito maior que é ser tratado com urbani Confcrencista Alencastro e Silva (en-PR Telebrás). ços de TCs, através de simples assinaturas, e
dade, com atenção, porque realmente ele e o não através de preços exorbitantes do autofi-
dono da empresa. Quanto ao empregado do sis nanciamento. que sem dúvida alguma distor
tema, o primeiro item é proporcionar aos usuá derado não corno um meio mas um fim e que o cerá cada vez mais o Sistema Telebrás. É pre
rios ótima qualidade de serviço, fato que deve direito do cidadão não deve ser oprimido pelo ciso modificar essa política. Serviço público é
ser seguido pelo gerente, porque a empresa que burocrata e aí está o grande perigo, que cu vejo, tarifa e somente através de uma tarifa real e
lhe proporciona o emprego pertence aos assi na evolução das empresas estatais prestadoras justa nós podemos obter recursos necessários
nantes, pois trata-se de um serviço publico. de serviços. Nada traduz melhor do que a para alcançar a rentabilidade da empresa, e daí
Alencastro disse, ainda, que o prestador de grande frase do ex-presidente da Telepar e atual instituir seu desenvolvimento de expansão e
serviço deve reverenciar e respeitar o usuário, presidente da NEC do Brasil, Gilberto Geraldo melhoria.
para que ele se sinta autoridade dentro da em Garbi; "Sua excelência o usuário” . É preciso Enfim, assegurou Alencastro que o caminho
presa. E acrescentou: "Isto foi uma política que que toda empresa se conscientize de que o a seguir é obter tarifas justas e reais, fazendo in
procuramos desenvolver e que é realmente im usuário tem sempre razão Para que este ponto vestimentos com critérios, produzindo equipa
portante. Tudo o que estou dizendo é quase um seja atingido é preciso um profundo trabalho de mentos da melhor qualidade através da indús
sonho, mas é um sonho que pode se tornar reali educação junto a todos que integram as empre tria nacional e lutar para obter menores custos e
dade, sob pena de nós nunca transformarmos sas prestadoras de serviços. manutenção mais econômica.
nosso País naquele Pais grande com que todos
nós sonhamos. Foi dentro deste quadro que os
prestadores de serviços de TCs procuraram
evoluir nestes últimos 15 anos, a partir da cria
ção da Telebrás” .
Imprensa
— Cabe uma pergunta: o que realizamos
neste período de 15 anos? Creio que muito,
mas, na minha opinião, ainda é muito pouco, há
muito o que fazer, especialmente na conscienti
zação dos prestadores de serviços. É preciso
que não seja publicado na imprensa matéria
como a constante de uma recente publicação do
"Jornal do Brasil” , onde dizia que ” o Brasil tem
hoje 296 diplomas, leis, decretos-lei, decretos,
portarias e circulares que regulam a relação en
tre o consumidor e o mercado de bens e servi
ços” . No entanto, o cidadão, no seu cotidiano,
nos simples atos de transportar, falar ao tele
fone, tirar dinheiro no banco, fazer compras no
supermercado, colocar uma carta no correio,
etc., nunca se sentiu tão desprotegido, nunca
foi tão mal servido, tão indefeso, diante da baixa
qualidade dos serviços a que é submetido, sem
poder reagir.
— Como disse o senador Roberto Campos,
num artigo de jornal, o usuário deve ser consi- (E-D) Anfitrião Tarcísio Faria (Teleceará), Antonio Carreira (PR Telebrasil) e Antonio João (PR Telerj).