Page 49 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987
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ção de sistemas específicos para cada cliente, Tecnologia Tecnologia
alta precisão de peças e partes, alta qualidade Serviço Atual Anterior
requerida e o prazo de fornecimento. Para se ter.
uma idéia da real complexidade de uma fábrica inserção de componentes automática manual
de equipamentos de telecomunicações, basta usinagem N.C. manual
se levar em consideração alguns indicadores. teste de placa automático tiras
Em apenas uma fabrica se produz 300 tipos de placas impressas multicamada dupla face
unidades, 15 mil itens ativos em estoque, 400 componentes dedicado uso geral
tipos diferentes de circuitos impressos, 300 ti circuito de comunicação filme filme componentes
pos de bobinas. Em outras palavras, são fabrica e filme espesso convencionais
das um milhão de peças por ano, onde 60% do A indústria brasileira de eletrônica está, em grande parte, empregando tecnologia de produção, de ontem.
faturamento estão voltados para produtos seria
dos e 40% para sistemas específicos que aten
dam a necessidade de cada cliente.
Dentro do escopo da palestra de Francisco, o ver, o problema da produção no Brasil é, antes dou para a informática.
PCP administra a entrada e saída de recursos, de mais nada, comercial. A carência de um pro _ A obtenção de componentes, através da
materiais, dados e energia. E a engenharia in grama comercial dificulta o sistema produtivo área de suprimentos, esbarra nas dificuldades
dustrial administra o processo de conversão, en- na indústria. Existem ainda os problemas técni impostas na obtenção das licenças e Guias de
tendidos como custos fixos. Na opinião do cos, refletidos nas dificuldades de se atingir es Importação: além do problema no atraso de for
palestrante, o sistema produtivo pode ser carac pecificações rígidas. necimento do produto final, o próprio custo dos
terizado como um sistema adaptativo completo, — Nossos problemas se agravaram quando, insumos fica sobretaxado pelos impostos de im
por ser um sistema aberto, não regidos pelas leis da mesma forma que do Sistema Telebrás, hou portação, trazendo como conseqüência a falta
da dinâmica, como os fechados. ve uma evasão de técnicos para a indústria, da de competitividade de nossos produtos no mer
— Podemos partir de diferentes estados ini industria houve uma evasão de técnicos para a cado externo.
ciais para atingir o mesmo estado final, num informática. Nos últimos dois anos, enquanto o Os meios de produção para atualização de
processo chamado equifm alidade. Ou partir do setor ficou desaquecido, nós perdemos inú nossos processos produtivos também ficam
mesmo estado inicial e chegar a produtos finais meros engenheiros capazes e habilidosos, para comprometidos pela obtenção das licenças de
diferentes. Dai que, numa concorrência entre a indústria de informática. importação. Qualquer equipamento hoje utiliza
duas firmas com as mesmas condições, uma microprocessadores, a obtenção da liberação
consegue entregar o produto acabado na frente Dificuldades para importação desses tipos de equipamentos
da outra, no mesmo prazo. Por que embora seja conduz a uma “ciranda” de consultas e obstá
um sistema aberto, pode-se chegar no mesmo Outro fator apontado pelo engenheiro como culos que trazem duas conseqüências pri
estágio final independente da entrada. Porém, um freio no desenvolvimento do sistema produ marias : atraso dos processos no País ou sim
estas estratégias requerem mudanças de cursos tivo é a dificuldade de liberação de suprimentos plesmente a desistência de aquisição desse
na produção e um rígido controle desses cursos. pela SEI e a Cacex. Hoje não existe nenhuma bem, permanecendo o atual processo arcaico
Toda vez que for necessário alterar o nível da máquina, nem instrumentos, que não conte sendo utilizado.
produção se terá um curso associado. Toda vez nham um microprocessador. Não somos contra nenhuma reserva, pois
que se tiver uma função degrau na entrada, se Para Francisco deveriam haver incentivos acreditamos que graças a ela o Minicom conse
terá ruído na saída Esse ruído é o curso de mu reais para que os meios de produção fossem im guiu consolidar um parque industrial de teleco
dança. O melhor para qualquer fabrica seria que plantados. Principalmente os estrangeiros, municações no País. A única ressalva é que a re
as mudanças não fossem tão bruscas. Por outro oferecendo a possibilidade de travar conheci serva de mercado deve ser implementada com
lado, por ser um sistema aberto, elas se adap mentos com novas tecnologias. E, por fim, a bom senso e tendo em vista o objetivo do Brasil
tam ao meio ambiente para poder sobreviver. volta da política de formação de pessoal, para se firmar no mundo como um concorrente com
repor a equipe de telecomunicações que deban petitivo.
Competência
Prosseguindo no tema proposto, Francisco
abordou a competência da engenharia de pro
dução no País. Na época de 70, os engenheiros
recém formados, como ele, tinham duvidas se
conseguiriam produzir no País equipamentos
complexos. Era uma questão de afirmação não
só da indústria de telecomunicações como do
próprio Sistema Telebrás. Era uma questão de
desafio. O importante era ser capaz de fazer. Na
década de 80 verificasse que já existe uma ca
pacitação do País para desenvolver tecnologia
de ponta.
— Estamos procurando eficácia e quali
dade. Custo é um fator preponderante, porque
não se pode conceber uma firma que não seja
competitiva hoje, no mundo. No passado, nos
sos produtos eram feitos por uma somatória de
processos simples. A medida que o tempo foi
passando, os processos foram se complicando e
os produtos se simplificando. Essas mudanças
estão se efetuando com intervalos de tempo
cada vez menores.
Na opinião de Francisco, a evolução tem
como objetivo uma redução no custo e uma me
lhoria da confiabilidade. Terminando sua expo
sição, o engenheiro se mostrou bastante preo
cupado com o aumento da defasagem tecnoló
gica, em termos de controle de processos. A seu
Presidente da Telebrasil ao agradecer a participação dos associados durante o X V P ain el