Page 54 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987
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Software
Uma retrospectiva das
linguagens de computação
"Computador sem software equivale clatura binária). Mesmo assim, esta lin operação produz um programa objeto,
a vitrola sem disco”, disse Paulo Bian- guagem "de máquina” era complicada, semelhante ao programa fonte, porém
chi França, analista do NCE/UFRJ, sujeita a erros, e pior, de baixa transpor- escrito em linguagem de máquina. Na
com doutorado em Berkley í79), ao ex tabilidade, visto que ao mudar a máqui fase subsequente — a de execução — o
plicar a evolução das linguagens de pro na era necessário reescrever toda a pro programa objeto, atuando sobre os da
gramação, para microcomputadores, no gramação para o novo tipo ou modelo de dos, produz o resultado desejado.
Info’86. computador considerado. Aos poucos, foram sendo intruduzi-
— Foi a época das instruções do tipo das melhorias no hardware, nas arqui
A s s e m b l e r "coloque o conteúdo da 1 ? coluna do car teturas dos chips. Surgiram registros e
tão perfurado, no endereço x da me um acumulador de dados e as operações
No início da era da computação, a m ória” e onde elas especificavam a passaram a se fazer "carregando infor
máquina (o hardware) era programada operação a ser feita e quais os endereços mações da memória para um acumula
através da mudança de suas interliga e tamanhos dos operandos e do resul dor e para registros” e dali para a uni-
ções. Os fios dos circuitos iam a uma ma tado — explicou o palestrante.
triz de comutação ou painel e o conjunto A situação melhorou com a progra
relem brava um pouco a m aneira de mação Assembler, que introduziu códi
atuar de um videogame de cartucho — gos de operação mnemónicos — ao invés
ao se mudar o programa inseria-se novo de numéricos (uma tabela na memória
painel de interligações para realizar no do computador fazendo sua tradução
vas funções. para linguagem de máquina) — empre
E sta situ a ç ã o perdurou até 68 ga endereços simbólicos (o computador I
quando, graças ao m atem ático Von se encarregando de "arrum ar” a me
Neumann, principiaram a surgir má mória) e produz uma linguagem sem
quinas com program as armazenado vínculos com a arquitetura do computa
(CPA). O princípio era simples (um ovo dor que está sendo empregado.
de Colombo): parte da memória do com E como atua o Assembler? Paulo
putador que era empregada para arma Bianchi explicou que o mesmo funciona
zenar dados, passaria a guardar instru em duas fases sucessivas: uma em que o
ções para operar sobre estes dados. programa montador (Assembler) pega o
Na época, as instruções eram escri programa fonte — escrito pelo progra
tas em longas seqüências de números mador na linguagem Assembler — e
binários (zeros e uns) e depois em hexa traduz seus códigos mnemónicos para
decimal (uma simplificação da nomen linguagem binária. O resultado de tal
dade aritm ética e lógica. Passou-se a
operar com 8 bits de uma só vez — o byte
— e as instruções passaram a contar
com 3 bytes, respectivamente para o có
digo de operação e para os endereços dos
operandos. O funcionamento de uma
máquina em relação a outra começou a
ser padronizado. Estava, então, esta
belecido clima propício para o surgi
mento das denominadas linguagens de
alto nível.
A l t o N í v e l
— A linguagem Assembler esteve
muito em voga até os anos 70 e ainda
continua sendo empregada quando -
requer alta eficiência na execução do-
programas. Mas se fazia necessário ter
linguagens de programação mai^ per*,
da compreensão da linguagem humana,
para acelerar e divulgar o uso da compu
tação — explicou Paulo Bianchi. am -
centando que existem os interpr- : *-
O esforço histórico das linguagens de computação tem sido rumo à linguagem humana. dores e os compiladores.