Page 9 - Telebrasil - Maio/Junho 1986
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E m b r a te l d e fe n d e
s e u e s p a ç o
Entrevista concedida à J. C. Fonseca
CB — Isto ficará a critério do Ministro
A pesar da onda que cada vez mais favorece a privatização das estatais, Antonio Carlos.
a Embratel, que completou 20 anos em setembro de 85, é sempre ci
tada como exemplo da estatal "que deu c e rto S ã o cerca de 11,5 mil empre TB — E quanto à data dessa visita?
gados, dos quais 18% são de nível superior. Detém 17% do imobilizado do CB — Os chineses ficaram de formalizar
o convite e deram a entender que a me
Sistema Telebrás e contribui com 53% da receita total. Representa a espi
lhor época para se ir a Pequim são os
nha dorsal das TCs brasileiras, nos planos doméstico e internacional, e a
meses de setembro ou abril.
multidão de seus especialistas lida diariamente com tecnologias de ponta
como se fosse algo corriqueiro. A Embratel é por tudo isto motivo de justo
TB— Por outro lado, haveria algum programa,
orgulho para o Ministério das Comunicações e para a Telebrás. Talvez, de
porventura em atraso, cuja culpa pudesse ser
vido mesmo a seu sucesso, volta e meia especula-se sobre a existência de
imputada aos fornecedores?
um plano sistemático de esvaziamento da empresa. É mão-de-obra qualifi
CB Nesse curto período de apenas um
cada que sai. São serviços que lhe seriam retirados. É a ameaça do conges ano de administração, não chegamos a
tionamento da rede. Ninguém melhor qualificado para falar da Embratel, registrar nenhum caso que chamaria de
neste momento, de que seu atual presidente, Pedro Jorge Castelo Branco crítico, registrando-se apenas pequenos
Sampaio, 43, cearense, que ingressou na empresa em 1368. atrasos perfeitamente compreensíveis.
Nada de grave.
TB — E quanto ao caso da NEC?
CB Até agora a Embratel está perfei
Vamos iniciar pola área interna ticas e, na ocasião da cerimônia de assi tamente em dia com a NEC e esta com a
Telebrasil —
cional. Qual a atuação da Embratel na Junta de natura do convênio de representação, Embratel. Agora, se o impasse persistir,
Governadores da Intelsat? assinado na Embaixada do Brasil no Pa inegavelm ente haverá um im pacto
Castelo Branco — A Em bratel repre namá, fomos abordados pelos represen neste relacionamento. Não poderá dei
senta o interesse de diversos países, tantes chineses relativo à possibilidade xar de ser diferente.
desde 70, a começar por Portugal e de de fornecimento, pela indústria bra
pois Paraguai. Posteriorm ente Para sileira, de antenas para seus sistemas TB — Observa-se que a participação da Embra
guai, Argentina e Chile fizeram novo domésticos. Na ocasião, fizeram um con tel na repartição da receita gerada vem dimi
grupo, intensificando a participação la vite formal para que o Ministro Antonio nuindo ao longo dos anos. Já se atingiu o ponto
tino-americana na Intelsat. Na atual Carlos visitasse a China. de equilíbrio ou esta repartição de receita deve
administração juntou-se a nós o Uru ser alterada?
i
guai e desenvolvemos contatos mútuos TB — Com a p resen ça de n d u s t r i a i s CB — A repartição da receita da Embra
que culminaram com um acordo para brasileiros? tel não é coisa nova. Há 10 anos a Em
representarmos a China. bratel ficava com 80 centavos de cada
cruzeiro gerado. Hoje damos ao sistema
TB — Esse acordo foi puramente efetuado no 73% do que geramos, para que a Tele
âmbito da Embratel ou está contido num plano brás desenvolva telefonia local e interi
maior de aproximação do Brasil com a Repúbli orize as TCs. O País deve, porém, ser
ca Popular da China? visto como um todo. Além do mais, os re
CB — Eu diria, em primeiro lugar, que cursos que a Embratel repassa para o
se trata de uma orientação do Ministro sistema nos volta sob forma de tráfego
Antonio Carlos Magalhães, no sentido das operadoras.
de dar à Em bratel, que é dona do 7.°
maior tráfego do mundo, uma projeção TB — Existe alguma perspectiva de mudança
internacional condizente no cenário das no repasse destes recursos ou por ora a Embra
telecomunicações. Evidentemente que o tel gostaria de mantê-lo como está?
Itamarati viu com bons olhos e aprovou CB — O importante é que se estabele
esta representação da China pelo Brasil çam e respeitem critérios em função da
na Intelsat, o que irá certamente apro rem uneração do capital que estiver
ximar ainda mais os dois países. sendo investido. O grande objetivo da
Portaria assinada pelo Ministro Anto
TB — Fruto do acordo firmado com a China nio Carlos e complementada pelo Secre
ocorreu alguma gestão no sentido do forneci tário Geral é o da otimização do setor
mento de bens e serviços de TCs, tais como esta das telecomunicações como um todo.
ções terrenas e outros equipamentos?
CB — Indiscutivelmente, sim. A China TB — No seu entender, quais os serviços priori
acaba de adquirir dois transponders da Castelo: temos perdido gerentes e técnicos, tários para a Embratel?
Intelsat para suas comunicações domés sem dúvida devido a salários. CB — A Telebrás estabeleceu como pri-^