Page 8 - Telebrasil - Maio/Junho 1986
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Trazendo o ponto de vista da indús
E ngenheiros, técnicos, jornalistas e tria, Luiz Antonio Quintana, da Con ma principal é gerar receita. O setor
deve se agilizar para oferecer serviços
outros interessados no assunto
reuniram-se, no auditório do Clube de trol, afirmou que o Brasilsat foi um dos ou deve deixar que os outros façam”.
Engenharia do Rio de Janeiro, para de projetos mais debatidos antes de sua im A presença do setor de relações públi
bater o monopólio das telecomunicações plantação, tendo o CPqD se preparado, cas foi marcada por Caio Augusto do
e a utilização do satélite doméstico bra "talvez um pouco ambiciosamente na Amaral, presidente da Associação dos
sileiro, em virtude dos crescentes ru época”, para desenvolver todos os equi RPs do Rio de Janeiro, que recordou o
mores que surgiram a respeito da explo pamentos terrenos necessários. Quin exame do aspecto social do uso do satéli
ração comercial dos transponders do tana, que já foi da Embratel e do CPqD, te e defendeu o emprego de equipa
Brasilsat II por empresas da iniciativa afirmou, no entanto, que os equipamen mento de fabricação nacional.
privada. tos estão prontos a nível de protótipo e
Convidados pela Associação dos Em entregues às indústrias para fabricação Debates
pregados da Embratel do Rio de Janeiro e fornecimento até o final deste ano.
fizeram parte da mesa do I Simpósio So O eng. Benjamin Himelgryn, ex- Observou-se durante os debates a he
bre a Utilização do Brasilsat os seguin chefe do SBTS da Embratel e um dos terogeneidade das tendências político-
tes membros: eng. Jorge Bittar; depu principais responsáveis pelo projeto de ideológicas dos participantes que, ape
tado federal Arolde de Oliveira; Fran implantação do satélite doméstico bra sar de se deterem num diálogo alta
cisco Cavalcanti, da Rede Manchete; sileiro, hoje na Victori (um terço do capi mente democrático, às vezes surgiam
Paulo Gomes, da AEBT/RJ (substituído tal é da Cornar, do Grupo Globo), decla com perguntas mais agressivas.
antes dos debates por Paulo Amaral rou que o Brasilsat não foi fabricado Arolde de Oliveira disse que a verda
Nova, do Sintel); Luiz Antonio Qui com o intuito de atender, apenas, as deira disputa das emissoras de TV é
tanda, da Control; Benjamin Himel- emissoras de televisão. "O satélite deve pela audiência e não pelo monopólio, e
gryn, da V ictori; e Caio Augusto ser visto como um recurso nacional que pôs dúvidas quanto a conveniência de
Amaral, da ARP/RJ. veio para democratizar a informação e veicular valores morais e culturais, via
fortalecer as indústrias de TCS, além de satélite, para determinadas localida
Expansão levar imagem, áudio c outros benefícios des. Já o diretor-técnico da Manchete
às regiões remotas do País, onde as re expressou sua curiosidade sobre o fato
O Secretário da Federação Nacional des de microondas terrestres não são da venda de um transponder ao usuário
dos Engenheiros, Jorge Bittar, dccla- economicamente viáveis”. brasileiro sair mais do dobro ao ofere
rou-se a favor dos serviços de comunica Invocando sua posição de ex-repre- cido para o candidato estrangeiro (paí
ção, via satélite, como a transmissão e sentante do Brasil na Intelsat, o depu ses fronteiriços com o Brasil), re
difusão de dados, que devem ser explo tado federal Arolde de Oliveira centrali velando, ainda, que os preços cobrados
rados pelo Estado, como uma forma de zou sua argumentação no fato de que "os pela Embratel são até mesmo superio-
manter o monopólio que este detém so satélites já estão em órbita geoestacio- rex aos cobrados pela Intelsat.
bre as TCs públicas. nária para ser utilizados e não adianta Márcio Rabello, da Promon, revelou
Por sua vez, Francisco Cavalcanti, estar se discutindo os sexos dos anjos”. que sua empresa fez uma proposta ao
diretor-técnico da Rede Manchete, lem Arolde defendeu a posição privati- Minicom objetivando acelerar o proces
brou que a parcial ociosidade, atual, do vista: "A livre iniciativa não deve ficar so de nacionalização dos equipamentos
satélite está desperdiçando tempo de fora da exploração comercial dos trans para satélite.
sua vida útil e que a exploração econô ponders dos satélites, quando o proble Benjamin Himelgryn, durante os de
mica deve ser agilizada. bates, defendeu a liberalização (ao invés
de privatização) do uso do satélite para
que todos possam participar e contri
buir para o desenvolvimento do País.
Baseado no direito "de toda concessio
nária propor novos serviços”, Himel
gryn deu a entender que a Victori, Co
rnar e Bradesco têm interesses comuns
na exploração dos serviços de comunica
ção de dados de alta velocidade, via sa
télite, possivelmente para uso bancário.
Porém, nada se falou se a tecnologia
para o rápido estabelecimento desses
serviços seria efetuado com equipa
mento nacional do CPqD ou com equipa
mento importado.
Em síntese, o Simpósio convergiu
para o ponto básico de que o satélite do
méstico é um recurso a ser urgente
mente agilizado, "pois ele está lá no es
paço a 36 mil km de altitude e sua vida
As controvérsias sobre a utilização do Brasilsat le útil Fica cada vez menor à medida que a
varam muitos interessados ao auditório do
Clube de Engenharia/BJ. indecisão se prolonga”. ?