Page 51 - Telebrasil - Julho/Agosto 1985

são, que já tinham obras em andamento e que a dívida externa causa ao País, o presi­
não haverá novas contratações, repercu­ dente da Telerj à certa altura comentou
tindo numa demanda nàoatendida de 157 que “o pagamento dessa dívida sem a en­
mil terminais, aofinal de 85. Aatual previ­ trada de novos investimentos exigirá da
são de investimentos da Telerj para este Telerj a contenção de custeios e de investi­
ano, ficou restrita a 320 bilhões de cruzei­ mentos, os quais causarão reflexos na
ros, enquanto que, para cumprir toda a ex­ operação da empresa num efeito que já co­
pansão inicialmente programada, seriam meça a se fazer sentir”. Mostrou a seguir
necessários 452 bilhões. que há degradação nos índices operacio­
Todas as sedes dos 66 municípios es­ nais como na solicitação de consertos no
tão integrados ao sistema Telerj, bem tom de discar e na sobrecarga do 102, este
como 463 localidades de um total de devido ao problema das listas.
1.561 do Estado do Rio de Janeiro. O pla­
no diretor de telecomunicações rurais pre­ Dificuldades a enfrentar
vê a integração de mais 486 povoados e de
todas as sedes de distrito até 1994, já Devido a uma série de dificuldades
tendo sido solicitados 22,5 bilhõesde cru­ operacionais e económico-financeiras, a
zeiros para essa finalidade. Sesa paralisou a execução de contratos de
Quanto à CPATs a Telebrás contratou equipamentos de comutação com empre­
cinco para serem implantadas pela Telerj a sas do Sistema Telebrás (Telerj, Telepar,
partir de julho deste ano, mas advertiu An­ Telemig, Telebahia), resultando num con­
tônio João que “serão necessários 118 bi­ trato em regime de administração para
lhões de cruzeirosadicionais para não con­ 170 contratos paralisados, dos quais 67
dená-las a permanecerem paradas no al- deverão estar completados em setembro
moxarifado, um problema que já foi levado deste ano e os restantes necessitarão de
ao Ministro”. recursos adicionais para serem con­
cluídos.
Tarifas baixas
— Um dos problemas dos planejadores
em empresas telefônicas são as tarifas ir­
reais. Por qualquer índice que se entregue
como referência, as tarifas têm ficado EVOLUÇÃO DAS TARIFAS
aquém do aumento da inflação. A tarifa
básica, por exemplo, aumentou de 79 a 85 Ano Assinatura Básica (*)
Valor-Cr$ índice
cerca de oito mil vezes ao passo que a in­
flação, medida pelo IGP, variou de 25 mil 1979 102,40 100
1980 164,00 160
vezes — mostrou o conferencista. 304
— Mantidas essas expectativas, a 1981 311,20
1982 600,00 586
Telerj e as demais empresas operadoras 1983 1.364,70 1.333
estarão caminhando inexoravelmente para 1984 3.889 3.798
uma situação de inviabilidade econômica 1985 8.253 8.060
*
e financeira — advertiu Antônio João —
que desfilou um rosário de problemas her­ ( * ) Valor de dez/ano
dados historicamente pela Telerj: ( * * ) Estimado pela Sest
( * * * ) Previsão atual
— Além da inexistência de tarifas e das
características da planta, enfrenta a em­
presa o problema do serviço da dívida ex­
terna, fruto de 32 empréstimos contraídos
com 15 bancos, entre 74 e 82, e que al­
cançará um pico em 1986 (com amortiza­ Os reflexos dessas dificuldades na
ção de 59,1 milhões de dólares e encargos Telerj são grandes, e afetam a empresa de
de 18,7 milhões) sendo que em 85 já três maneiras: na manutenção, na opera­
amortizamos 14,6 milhões. ção e na expansão.
— Queremos recursos para dar melhor Na manutenção o problema é o do con­
manutenção e para prover a expansão da sumo dos estoques de peças de reposição
planta, o que se traduz pela melhoria da (principalmente de material pentaconta),
qualidade do serviço. Não estamos a ponto que, se não for resolvido o problema da
áinda de um SOS total de infarto, mas se Sesa no Brasil, terá que se recorrer à im­
está caminhando para isto, caso não pu­ portação, provavelmente da Espanha. Na
dermos renovar parte da planta existente e operação, os reflexos são no atraso da ati­
assim nossa primeira preocupação é com a vação de terminais contratados e no pro­
manutenção da planta para que esta não jeto DDC. Na expansão, a falta de material
se deteriore. da Sesa paralisará o entroncamento em
Refletindo em ponto pequeno o mesmo geral, incluindo os troncos para DDC (Dis­
cagem Direta a Cobrar), além de obrigar a
suspensão da comercialização de termi­
nais. Um quadro da maior gravidade.
Não menos grave é o problema das lis­
tas telefônicas, que também foi abordado
por Antônio João. Embora programadas e
contratadas para 1985 pela Telerj (e Ce-
tel) com a Guias Telefónicas do Brasil
(GTB) apenas 7,5% das listas de assinan­
tes foram produzidas e distribuídas. Ne­
nhuma lista classificada foi produzida e os
assinantes estão utilizando listas de
1983, com evidente sobrecarga do serviço
102.
Paralelamente foi feita outra licitação
para confeccionar e distribuir as listas
telefônicas de 1986 a 1989, ainda não ad­
judicada, “mas o próprio Ministério das
Comunicações está sensibilizado com o
problema e brevemente emitirá diretrizes a
respeito”.
Já em outra área de problemas, o roubo
de fios (o cobre é metal bem valorizado na
praça) é grande. Só o custo de reposição de
cabos em 85 é estimado em 6,5 bilhões de
cruzeiros, e o furto ascende a 570 km de
cabos prejudicando cerca de 56 mil assi­
nantes. De menor monta é o problema do
vandalismo que coloca 5% dos 11 mil tele­
fones públicos em permanente recupera­
ção, estando em elaboração uma campa­
nha de educaçáo popular para a preserva­
ção dos TPs.
(Inflação) Recursos humanos
IGP índice
283 100 0 final da palestra de Antomo João foi
595 210
410 dedicado aos recursos humanos da Telerj,
1.161 reorganizados com o objetivo de estabele­
2.319 820
7.213 2 549 cer níveis adequados de competência e de­
23.357 8.253 cisão compatíveis com as grandes mudan­
71 921(* **) 25414 ças políticas e sociais que se configuram
no Pais. Explicou o conferencista que foi
criada uma Diretoria de Recursos Huma­
nos englobando a administração do traba­
lho, o treinamento do pessoal, as relações
sindicais (dentro da orientação da Tele-
bras) ea área de benefícios (incluindoa as­
sistência habitacional).
Para fazer frente a nova tecnologia digi­
tal queesta revolucionando as telecomuni­
cações, a Telerj estabeleceu um intenso
plano de treinamento que exigirá 1 bilhão
de cruzeiros em 85 e mais 3,5 bilhões ate
88.
— As perspectivas da Telerj para 85,
apesar de não serem otimistas, estão longe
de torná-la impraticável. O bem maior da
empresa é o alto nível de capacitação de
seus empregados, mas as perspectivas
globais da operadora dependem unica­
mente dos recursos financeiros de que pu­
der dispor, a fim de satisfazer o mercado
que está sempre a exigir mais das teleco­
municações, em qualidade e quantidade.
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