Page 37 - Telebrasil - Março/Abril 1984

Quando o telefone foi apresentado ao uma central telefônica de 10 mil termi­ trânsito e também a vencedora, em

mundo em 1876, na Exposição do Cente­ nais para Belo Horizonte — data de 1948, 1965, da concorrência para forneci

nário, em Filadélfia, foram muito poucos quando a empresa já operava no Brasil mento de 85.500 novos terminais telefô­

os que acreditaram em seu futuro. Entre como uma sociedade anônima, a Erics­ nicos para São Paulo. Desde então, a mai­

esses estavam o Imperador Dom Pedro II, son do Brasil Comércio e Indústria S.A., oria das centrais em operação na cidade

que logo encomendou um aparelho para nome que mantém até hoje. são de fabricação da Ericsson, o que de­

seu uso, e o sueco Lars Magnus Ericsson, “A época, entretanto, — disse José terminou a mudança da empresa do Rio

que desenvolveu e aperfeiçoou o invento Frederico Falcão — não favorecia os ne­ de Janeiro para São Paulo.

de Graham Bell, dando início a uma ver­ gócios. As encomendas rareavam, o di­ “Na época, a capital paulista tinha um

dadeira maratona industrial, que revolu­ nheiro escasseava, levando o serviço total de 170 mil terminais em operação.

cionou as telecomunicações do mundo telefônico a uma quase completa estag­ Hoje eles já sobem a aproximadamente

inteiro. nação em todo o país. Mas o esforço de 1,2 milhão. Assim, a Ericsson já forneceu

A chegada das primeiras mesas tele­ vendas da Ericsson continuava até que, mais de um milháo de terminais apenas

fônicas fabricadas pela LM . Ericsson, da em 1950, com o lançamento do autofi- para a cidade de São Paulo, o que dá bem

Suécia, ao Brasil data ainda de 1981, por nanciamento, a política de marketing do uma idéia da dimensão da empresa”.

encomenda da Companhia Telefônica setor passou por uma verdadeira re­ Os sucessivos contratos para novos

Bragantina, em São Paulo. Com o passar volução”. terminais icos terminaram por

dos anos, as relações entre a Ericsson e o A nova sistemática de vendas trouxe tornar insuficientes as instalações da fá­

Brasil foram se estreitando pouco a pou­ grandes benefícios à Ericsson, que con­ brica de São José dos Campos. Um terre­

co, até que, em 1924 — há exatamente seguiu fechar contratos para ampliação no maior foi comprado a cerca de 10 qui­

60 anos —, foi estabelecida no Rio de Ja­ dos serviços de várias cidades do interior, lômetros do anterior e, em 1974, entrava

neiro a Sociedade Ericsson do Brasil Ltda, como Pelotas, no Rio Grande do Sul, e em operação o Complexo Industrial Eu­

como conta o diretor comercial da em­ Americana e Itararé, em São Paulo. gênio de Melo, localizado no distrito do

presa, José :rederico Falcão. mesmo nome, no município de São José

“Inicialmente, a única atividade de­ Telefone sem sotaque dos Campos. Dotado de várias unidades

senvolvida era a venda de produtos fabris, o complexo tem uma área total de

cos, como aparelhos telefônicos, mesas e Importante marca do pioneirismo da 600 mil metros quadrados e uma área

centrais. A primeira grande encomenda Ericsson foi iniciada, em 1954, quando da construída de 67 mil metros quadrados.

recebida pela Ericsson data de 1930: a construção da primeira fábrica da em­ Um ano depois, era construída outra fá­

venda e instalação de uma central auto­ presa, em São José dos Campos, e tam­ brica em Paraisópolis, Minas Gerais,

mática do tipo OS. com 1.500 terminais, bém a primeira do setor das telecomuni­ onde hoje são feitos os acabamentos e os

em Juiz de Fora, Minas Gerais. Mas o cações a ser instalada no país. Construí­ testes das centrais crossbar.

mercado brasileiro era ainda bastante da num terreno de 100 mil metros qua­ Confirmando seu pioneirismo, a Erics­

modesto e grande parte dele — cerca de drados e 5 mil metros quadrados de área son foi a primeira empresa, no setor das

80 por cento — era operado pela Compa­ construída, a fábrica contava com um telecomunicações, a abrir, em 1971, seu

nhia Telefônica Brasileira (CTB), que quadro de 100 empregados — número capital social. Em 1979, em cum pri-|

possuía seus próprios fornecedores de considerado surpreendente para a

equipamentos, principalmente norte- época.

americanos e ingleses. Essa situação le­ A nova fábrica entrou em operação

vou a Ericsson a lutar para conquistar os em 1955, dedicando-se inicialmente ape­

outros 20 por cento do mercado, pro­ nas à produção de telefones de baqueli-

curando expandir ao máximo seus negó­ te, os tradicionais aparelhos pretos e pe­

cios no Brasil”. sados que, partir de então, passavam a

falar sem sotaque. Mas as pretensões da

Pioneira no Nordeste Ericsson não se limitaram à fabricação de

aparelhos.

Com os serviços telefônicos das cida­ Um ano depois de instalada a fábrica,

des mais importantes do país, entre elas a empresa assinalava outro importante

São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Hori­ marco em sua história: a assinatura do

zonte, operados pela CTB, a Ericsson de­ primeiro contrato para a fabricação de

cidiu levar seus produtos para o Nor­ centrais ARF, do tipo crossbar, no Brasil,

deste. Pela primeira vez desde a introdu­ com a Companhia Telefônica Borda do

ção da telefonia no Brasil, cidades como Campo, de Santo André.

Recife, Fortaleza, João Pessoa e São Luís Segundo o diretor comercial, ”a nova

tinham acesso ao serviço automático le­ tecnologia de centrais eletromecânicas

vado pela Ericsson. Em pouco tempo o representava um decisivo avanço em re­

nome da empresa se tornou conhecido e lação às centrais tradicionais. E para ter-

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as encomendas aumentaram. se uma ideia da importância que o novo
Vencida a primeira etapa, a Ericsson sistema representou para as telecomuni­
se lançou na conquista do mercado do cações no Brasil, basta dizer que temos,

Sul do país. Os anos difíceis da segunda atualmente, mais de 3.5 milhões de ter­

guerra mundial e do pós-guerra favore­ minais telefônicos do tipo crossbar ins­ Vista interna da Complexo Industrial de Eugê­

ceram de certa maneira a empresa: de talados no país. com um índice de nacio­ nio de M e l o.

uma hora para a outra, a CTB se viu sem nalização que chega a 98 por cento”.

seus tradicionais fornecedores, total­ O impulso das telecomunicações bra­

mente empenhados nos esforços bélicos sileiras, a partir dos anos 60, encontrou a

e, posteriormente, de reconstrução. Com Ericsson preparada para enfrentar os no­

a entrega das encomendas suspensa, a vos desafios: foi ela uma das empresas

CTB voltou-se naturalm ente para a que mais contribuiu com a Embratel,

Ericsson. A primeira grande encomenda através do fornecimento de centrais de

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