Page 33 - Telebrasil - Março/Abril 1984
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urbano, a conclusão de projetos nas áreas de energia elétrica e Setor pouco endividado
siderúrgica e a continuação do programa de comunicações, re
fletindo basicamente o trinôm io: M inas Energia-Transpor- A Telebrás está autorizada a investir 1.21 trilhões de cruzei
te'Comunicações. ros este ano. o que equivale, em termos , a pouco menos do
O exame dos investimentos autorizados por Ministérios para que foi autorizado em 83. Assim mesmo, seu teto de investi
84 reflete bem a visão dessas prioridades: de um total de 10.2 mento para 84 é apenas inferior ao da Petrobrás (1 13.6 trilhões)
trilhões de cruzeiros. 66% foram alocados para o setor de Minas e da Eletrobrás (1.4 trilhões).
e Energia, 12% para Transportes 12% para Comunicações. Se comparado com a Eletrobrás. o grupo Telebrás apresenta
Uma análise do orçamento de importações reforça o concei uma elevada geração de recursos próprios, um nível reletiva
to destas prioridades. As maiores cotas para importações dire mente baixo de endividamento com terceiros e de outros cus
tas estão alocadas à Siderbrás (500 milhões de dólares), Petro- teios, justificando a decisão do Governo em manter, na medida
brás (503 milhões). Eletrobrás (190 milhões). Ministério da Ae do possível, o nível de investimento para o setor.
ronáutica (190 milhões) e dos Transportes (170 milhões). Segundo declarações de seu presidente, Alencastro e Silva, a
O Ministério das Comunicações, pouco dependente das im Mtuação de endividamento decrescente da Telebrás deve-se à
portações diretas, ocupa uma posição relativamente modesta autocontenção que o grupo se impôs, a partir da época do pri
com 25 milhões de dólares. Já para as compras e locaçoes cir melro choque do petróleo. "Ao invés de continuar a contratar
bens estrangeiros no país destacam-se o Ministério da Fazenda um milhão de terminais ao ano, passamos a contratar urfia mé
(25 bilhões de cruzeiros) e a Petrobrás (14 bilhões). Seguem-se o dia de apenas 400 mil, estabilizando a expansão em torno de 6 a
Minicom. a Siderbrás e o Ministério dos Transportes, entidades 7% ao ano*’, afirmou José Antomo de Alencastro e Silva.
com autorizações para 84 da ordem de I l bilhões de cruzeiros As telecomunicações, além de indispensáveis, representam
cada uma. um excelente investimento
D e o n d e v e m e p a r a o n d e v a i
o d i n h e i r o d a s e s t a t a i s
As estatais estão contidas. O investimento será mínimo. O custeio deve ser
cortado. As tarifas de energia elétrica e os preços siderúrgicos
subirão. Os salários ficarão tolhidos. Como saber o que se passa?
As empresas são feitas para gerar Esta, em última análise, deverá propi bruta de 10,47 trilhões de cruzeiros. Es
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poupança que permitira investir visando ciar os investimentos necessários, amor tes deveriam propiciar: os investimentos
seu crescimento e renovação e as esta tizar empréstimos já feitos e pagar encar para o ano (12,3 trilhões), amortizar o
tais não fogem à regra. Quando esta pou gos financeiros. A propósito, denomina- principal dos empréstimos (5.3 trilhões
pança, todavia, não é suficiente as em se de poupança líquida a diferença entre — dos quais 3,9 trilhões com o exterior) e
presas recorrem a outras fontes de recur a poupança bruta e os encargos financei- remunerar os recursos financeiros (8,1
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sos, tais como empréstimos ou opera ros, o que porem nao modifica em nada a trilhões de cruzeiros — dos quais 6 tri
ções de crédito, que criam obrigações fu linha do raciocínio. lhões com o e xte rio r). Tudo somado
turas para as empresas: deve-se devolver Constatado que a poupança ou recur dando um "buraco" de 25,7 trilhões ou
o que foi emprestado, ou seja, amortizar sos próprios não sejam suficientes para em termos de poupança líquida um "furo
o principal e remunerar a fonte do em arcar com os compromissos assumidos e a cobrir" de 15,23 trilhões.
préstimo sob forma de encargos finan com o que deseja investir, a empresa terá Vale observar neste ponto que os
ceiros, dos quais os mais evidentes são os que recorrer a fontes externas de recur compromissos com o exterior (um total
juros. sos. ou melhor dizendo, a dispor de re de 9,9 trilhões de cruzeiros) representam
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A luz desses conceitos e de uma ma cursos de terceiros. No caso do orça cinco vezes a capacidade anual das esta
neira simplificada, o mecanismo que re mento das estatais, estes recursos serão tais de gerar poupança líquida e que os
ge o raciocínio do empresário, por oca oriundos do Tesouro (dados pelo go investimentos programados também são
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sião do planejamento orçam entário, é verno) e de operações de crédito (leia-se cinco vezes maiores do que a poupança
mais ou menos o seguinte: partindo de empréstimos, tanto os obtidos no país líquida. E qual então a solução para equi
um total de recursos próprios (receita quanto no exterior). librar o orçamento?
operacional e outras) e deduzidas as des O quadro do Orçamento das Estatais (7) — aumentar a poupança líquida —
pesas correntes necessárias à condução para 84, em números rápidos, configura- o que significa aumentar a receita (vale
dos negócios, como pessoal e “ outros se portanto da seguinte maneira: do to dizer aumentar tarifas e preços), dim i
custeios" (matéria-prima e outros insu tal de recursos próprios (51,3 trilhões de nuir o custeio (cuja maior rubrica são os
mos), obtem-se o valor da poupança cruzeiros), tiradas as despesas correntes "outros custeios" que são quatro vezes
bruta. (40,9 trilhões), decorre uma poupança maiores do que as despesas com pes-