Page 13 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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C H O Q U E i s D O S J U R O S
P I O R Q U E O i g D O P E T R O L E O
Ministros Delfim e Galvêas falar\ VülBMift do estado da economia situada
no contexto mais amplo de\ yinte anos de Governo e das
relações internacionais. Ex plicitaram nossa dependência
externa e de como nos estruturam [os para enfrentá-la. A alta dos juros
constituiu, porém, im fator imprevisível.
João Carlos Fonseca
Ministro Antônio Delfim Netto,
termos relativos nada de peculiar, "por
0 após afirmar aos estagiários da que afinal somos um imenso país”.
Escola Superior de Guerra
A palestra de Delfim Netto consti
(ESG) que "a nuvem da inflação não tuiu em alguns momentos verdadeira
permite ver o grande progresso efetuado aula sobre comércio externo e endivida
no ajustamento da economia”-, apelou mento interno:
para a justificativa de que "Argentina, — a manipulação da taxa de câmbio
México e Venezuela passaram também é o principal regulador do comércio ex
pela mesma crise, só que estes países terior. Do lado das exportações deve ser
são auto-suficientes em petróleo”. realista, a fim de permitir a colocação de
Explicou que no início de sua gestão, produtos no exterior — o que depende
em 1979, existiam poucas opções para também da prosperidade da economia
fugir da crise do petróleo e, como saída, mundial — e do lado das importações a
escolheu-se o emprego de capitais exter contrapartida correspondente é a con
nos, então disponíveis, a fim de ganhar tenção que exerce sobre a chegada de
tempo para o necessário ajuste estru bens e produtos vindos de fora, cuja
tural da economia, o que, segundo o Mi pressão é ditada pelo estado de nossa
nistro do Planejamento, "já conse economia:
guimos”. — qualquer governo só pode captar
recursos através da tributação (o que
O choque do petróleo ninguém gosta), do endividamento (que
aumenta a taxa de juros real, pela maior
Delfim Netto procurou explicar, di procura do dinheiro) e da inflação (caso
daticamente, que os choques do petróleo em que o Governo emite moeda-falsa);
de 74 e 79 levaram a uma política de — o Governo quando quer redirecio
substituições de importações, apoiado nar recursos para seus próprios projetos
por investimentos estatais gigantescos U R O sai "comprando na frente” os bens de
(alguns projetos são uma calamidade) que necessita e assim desestimula o se
muito acima da nossa capacidade de tor privado. O engenheiro, o aço ou o ci
poupança interna. mento destinado à construção de uma
— Tais planos sempre supõem a to fábrica passam a ser empregados em
mada de recursos privados e a criação de Itaipu ou na Aço-Minas.
déficits na balança de pagamentos. Ti
vemos que nos endividar para importar Os ajustes da economia
petróleo e para dar tempo de ajustar o
perfil de nossa matriz energética. Com o O Ministro do Planejamento afirmou
aperto do credor externo, o déficit em que, durante sua gestão, acomodou a es
contas correntes (de 14.7 bilhões de trutura da economia para fazer frente à
dólares em 82) precisou ser resolvido crise externa e citou o ajuste na balança
através da diminuição das importações de pagamentos, a mudança do perfil
(redução do consumo e substituições in energético, a redução das estatais e do
ternas) e aumento das exportações. déficit público e as alterações no proces
Procurando mostrar que nossa situa so produtivo (agrícola e industrial).
ção é compartilhada com outras nações O ajuste da balança de pagamentos
"companheiras de sacrifício” — argu foi encorajado por duas desvalorizações
mentou o Ministro que nosso atual endi cambiais, em 79 e 83. A primeira esti
vidamento de 92 bilhões de dólares, um T R O U mulou a saída de produtos agrícolas e
dos maiores do mundo, representa em diminuiu a entrada de produtos indus-á
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