Page 17 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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Estados Unidos: Sem dúvida mais impostos, menos despesas so Europa (a Ocidental): Re-
a maior e a mais influente economia ciais e de armamento. cuperando-se mais lentam ento do
do mundo. Sua operosidade decorre O déficit fiscal dos Estados Uni que desejaria, constituiu hoje uma
de uma força de trabalho com alta dos, em termos de seu PNB, não é vitória do neomonetarismo, em opo
mobilidade, espírito pioneiro e baixa maior do que o alemão ou o japonês, sição às teorias intervencionistas de
sindicalizaçâo (de 18 a 20%). A polí mas o mundo todo grita por não ser Keynes. Países como França e Itália
tica Reagan é a da recuperação ar- domesticamente financiávef. O ame reconverteram-se de um período de
mamentista e reativação da empresa ricano poupa 4% de seu PNB e o japo euforia socialista para a austeridade
privada. Hoje se reverte a política fis nês 16%. O dólar sobrevalorizado fa ortodoxa. A alta dos juros america
cal para expansiva (mais impostos) e vorece as importações americanas e nos não deixa os europeus felizes e os
a monetária para restritiva (menos tem como causas, não só a elevação obriga a manter taxas mais altas que
dinheiro). O rígido orçamento ameri das taxas de juros (o que torna atra gostariam.
cano apresenta um déficit estrutural ente investir em letras do tesouro), A Europa tem menor capacidade
de 80 bilhões de dólares (o total da dí mas também por sua moeda-refúgio de gerar empregos, maior rigidez de
vida brasileira) só em aplicações so contra crises internacionais, pelo in mão-de-obra, menor mobilidade e
ciais, já descontados os gastos mili gresso livre de capitais (o investi maior atraso em indústrias de alta
tares. Correntes existem a favor de mento privado é lucrativo) e pelo re tecnologia (informática, automação,
< «
ceio do protecionismo alfandegário. robótica e em menor grau genética)
do que os Estados Unidos.
As economias alemã e britânica
tiveram recuperação modesta. As da
França e Itália ainda são restritivas.
Espanha luta contra o desemprego,
apesar do acordo patronal/sindical
obtido.
dapao: A sobrevalorização do
dólar é motivo de constante atrito
pelo superávit japonês (20 bilhões de
Brasil: É válido que o bloco lati não se repetirem anualmente os mes dólares) em relação aos Estados Uni
no-americano faça pressão interna mos problemas. dos. Para diminuir as tensões, o Ja
cional, nem que seja para "criar com Existem sem dúvida resistências pão partiu para fabricar em solo
plexo de culpa nos devedores”. Nisso à idéias das negociações de Governo americano.
contam com a solidariedade mun a Governo. De ordem ideológica — a O milagre nipônico tem explica
dial, no caso das altas taxas de juros intervenção governamental em ban ção em sua organização social de
internacionais. Para o Brasil os obje cos privados não é bem vista pela opi grandes famílias. Só mesmo lá o ní
tivos devem ser: o alívio dos encargos nião pública americana. De ordem vel de desemprego não excede 2,5%
bancários ispreads e equivalentes), pragmática. De origem política. "Afi da força de trabalho, mesmo em pe
que reduzirão na proporção que cres nal como explicar ao contribuinte ríodos de recessão. Quanto à estru
cer a confiança dos credores interna americano a razão para seu Governo tura salarial, também é outro mila
cionais em nosso bom com porta partir para a salvação de bancos im gre: dois terços são fixos e o restante
mento e a criação de mecanismos au prudentes; que emprestaram a deve está condicionado à participação nos
tomáticos de reescalonamento, para dores dissolutos?”. lucros e na bonificação de produtivi
dade.
TT