Page 61 - Telebrasil - Março/Abril 1982
P. 61
E C O N O M I C O
Caso a taxa mínima de atratividade fosse de 5%, a altemativá A De um modo geral, a dificuldade encontrada pelo método do
seria a escolhida, pois estaríamos remunerando Cr$ 1.000,00 à valor atual, para avaliar alternativas de duraçào diferentes, não
taxa de 7,93%, e, os outros Cr$ 1.000;00 restantes, que comple se repete quando da utilização do método da série uniforme
mentariam a alternativa B, à taxa mínima de atratividade de 5%, equivalente. Basicamente, isto ocorre porque o próprio desen
portanto maior que a do investimento incrementai. volvimento do método da série uniforme exclui a necessidade
de se igualar as vidas das alternativas, eliminando implicita
Problemas como este precisam ser investigados com maior cau mente a necessidade de se estabelecer um horizonte comum,
tela, procurando-se, através do cálculo do investimento incre permitindo, dessa forma, uma análise direta do método sobre as
mentai, eliminar uma possível tendência ao erro, provocada propostas de investimento, admitindo-se evidentemente que os
pela alternativa aparentemente mais interessante. projetos possam ser repetidos em igualdade de condições.
Alternativas com vida útil diferente Assim, podemos concluir, igualmente ao método dò valor atual,
que a alternativa B é a mais vantajosa, pois apresenta uma série
Investimentos em que as alternativas não têm o mesmo tempo uniforme de maior valor.
de duração, faz-se necessário estabelecer horizontes iguais, para
que as propostas possam ser analisadas em igualdade de condi Alternativa A 17,99
ções. Entretanto, para alcançar esta igualdade, é necessário cal Alternativa B 24,39
cular o Mínimo Múltiplo Comum das vidas das alternativas em
questão. Já o método da taxa interna de retorno suprime a necessidade de
cálculo do Mínimo Múltiplo Comum para alternativas com vi
Contudo, vale lembrar que o uso deste artifício só terá valor, das úteis diferentes, casos estas alternativas tenham os mesmos
caso as alternativas possam ser repetidas ao término de suas vi investimentos iniciais e que supostamente possam ser reinvesti
das úteis, nas mesmas condições do projeto inicial. dos às mesmas taxas de retorno.
Como exemplo, vamos supor duas alternativas de investi Entretanto, nos casos em que os investimentos iniciais das alter
mento, considerando a taxa mínima de atratividade de 5%. nativas forem diferenciados, mesmo havendo possibilidades de
reinvestimento à mesma taxa, como sugere nosso exemplo, de
ve-se efetuar o Mínimo Múltiplo Comum da vida das alternati
Tempo Alternativa (A) Alternativa (B)
vas e calcular o investimento incrementai, como veremos a se
guir.
0 - 1000 - 2000
1 300 1100 Tempo Alternativa (A) Alternativa (B) Inc. Adicional (A-B)
2 300 1100
3 300 — 0 - 1000 - 2000 - 1000
4 300 —
1 300 1100 800
1100
2 300 - 600
Como dissemos, para comparar casos assim, deve-se, através - 2000
do M.M.C., igualar os horizontes das alternativas. 3 300 1100 800
4 300 1100 800
Tempo Alternativa (A) Alternativa (B)
A nova formação apresentada pelos fluxos da alternativa Be do
- 2000 investimento incrementai, provocada pelo cálculo do Mínimo
Múltiplo Comum, se constitui num caso típico de fluxos não
0 - 1000 1100 convencionais, que se caracterizam por ter mais de uma taxa de
1 300 1100 retorno. Este assunto, entretanto, será abordado detalhada
- 2000
2 300 1100 mente mais adiante.
3 300 1100
4 300 Voltando ao exemplo dado, onde sabemos que os fluxos só ad
mitem uma taxa de retorno, realizamos o cálculo da taxa do in
vestimento incrementai 24,65% e, em seguida, comparamos
Resolvendo pelo método do valor atual verificamos que a alter com a taxa mínima de atratividade 5%. A partir deste confronto,
nativa B é a mais vantajosa. constatamos que a alternativa Bé a mais atraente, isto é, aquela
que apresenta maior investimento inicial.
Alternativa A 63,79 Alternativa A 7,71%
Alternativa B 86,49
Alternativa B 6,60%
Inv. Adicional B-A 24,65%
O método do valor atual, aplicado nestes casos, exige, para que
se chegue a úm resultado correto, que se faça o M.M.C. das vi
das das alternativas. Entretanto, existem casos em que não se Fluxos não convencionais
tem informações sobre as possibilidades de reinvestimentos nas
mesmas condições do projeto original, então, excepcionalmente, Os fluxos não convencionais são aqueles que apresentam em
admite-se que ao fim da vida útil das alternativas ocorra a reapli- sua formação, no mínimo, duas inversões de sinal.
cação deste capital à taxa mínima de atratividade, consequente
mente, torna-se desnecessário estabelecer um horizonte comum Estes fluxos, que se caracterizam por ter mais de uma mudança
para estas alternativas porque uma reaplicação do capital à taxa de sinal, à exceção do Método da Taxa de Retomo, não acrescen
mínima de atratividade, ao fim da sua vida útil, não representa tam nenhum dado novo em relação aos demais critérios de
efetivamente qualquer alteração em termos de valor atual. seleção.