Page 60 - Telebrasil - Maio/Junho 1982

Podemos dtar:
— Intensificação de remanejamentos internos
— Otimização da substituição de pessoal
— Incentivo à movimentação interna (entre re­
giões e no Sistema).
No tocante à perda salarial de nossos profissio­
nais de mais altos salários, carecemos, ainda, de
uma solução satisfatória. Como alternativas ime­
diatas para minimização do problema, foi inicia­
da a revisão da Política de Benefícios a nível do
Sistema e recomendada a reorientação da política
de promoções em suas empresas.
Administração de Recursos nas Empresas Esta­
tais
Algumas peculiaridades apresentam-se na admi­
nistração dé Recursos Humanos das empresas
estatais.
" Q u e m t e m m e d o p e r d e
p o d e r , p o r q u e o m e d o i n i b e
a c r i a t i v i d a d e , e s e c o n f i a r
s i g n i f i c a c o r r e r r i s c o s , n ã o
c o n f i a r é c o r r e r m u i t o m a i s
r i s c o s . "
Ministro Camilo Penna
A nossa dependência dos órgãos da Administra­
ção Federal (de onde emanam as políticas e dire­
trizes) impede reação imediata aos novos estí­
mulos ambientais, criando uma situação desfa­
vorável em relação às empresas privadas, que
possuem maior autonomia em suas ações.
Essa desigualdade compromete as estatais na efi­
cácia de solução de seus problemas e na competi­
tividade com o mercado de trabalho.
A lembrança desta desigualdade pretende ape­
nas facilitar a compreensão do problema em
foco, uma vez que reconhecemos legítimo e acer­
tado o papel reservado às estatais no apoio mais
direto ao Òoverno, como instrumentos de aplica­
ção das políticas governamentais, através do
compromisso com suas diretrizes e metas, seja
no plano econômico, seja nos campos social e
político.
Em nosso propósito, puramente elucidativo, po­
demos citar os seguintes dados:
— Enquanto as empresas privadas possuem li­
berdade na escolha de instrumentos a serem
utilizados no controle de seus custos com pes­
soal, as empresas estatais, devido à sua respon­
sabilidade social, têm a sua liberdade de ação
bastante limitada. O Ministro Hélio Beltrão disse
que "as estatais são os braços do Governo e não a
cabeça". São os braços, através dos quais se exe­
cutam todas as políticas, então nós estamos com­ Cabe-lhes, em especial, dedicar-se à pesquisa em
prometidos com isto. Ambos, setores privado e tomo dos efeitos da Lei nos campos sócio-econó­
estatal, buscam resultados, mas nós, para atingir mico e organizacional de suas empresas, tanto
resultados, precisamos ter muita criatividade e no plano individual como num esforço integra­
muita visão conciliadora e participativa. do, no sistema e no setor.
— O fato de não podermos negociar diretamente
com nossos gerentes e técnicos de alto nível (sa­ Impõe-se, hoje, a necessidade de uma nova pos­
lários acima de 20 SM), aliado à rapidez com que tura do Administrador de Recursos Humanos,
está ocorrendo a perda real dos mais altos salá­ evoluindo do técnico matematicista ou do
rios (quanto maior a inflação, mais rápido é o gerente setorial, para o agente de mudanças com
achatamento) certamente colocará as empresas efetiva participação no processo decisório e na
estatais numa situação delicada no mercado de estratégia empresarial. Isto acontecerá na me­
trabalho. Acreditamos que um pequeno reaque- dida em que o Administrador de Recursos Hu­
dmento da economia nos exporá ao risco de eva­ manos for capaz de "pensar longe", postado qa
são desses profissionais, que desempenham pa­ "fronteira" dos acontecimentos e munido de "bi­
pel fundamental na estrutura empresarial, para a nóculos".
iniciativa privada.
— Fazendo um parapelo entre as correções sala­
riais e tarifárias, podemos observar que são de­
terminadas por uma motivação política di­
A c r e d i t o q u e o s h o m e n s d e
ferente.
r e c u r s o s h u m a n o s e d e
Os índices fixados para correção tarifária, c a r g o s e s a l á r i o s d e v a m s e
o
atuando como instrumento de contenção do pro­ p r e p a r a r p a r a a n o v a
cesso inflacionário, muitas vezes, não acompa­
m u d a n ç a .
nham a correção salarial fixada a partir do INPC.
A situação se agrava quando observamos como
tem sido onerosa às empresas estatais a aplicação
da lei, corrigindo em 10% a primeira faixa de salá­
rios (de 1 a 3 SM), tendo em vista o contingente Para encerrar, nós queríamos deixar um recado
de seus empregados incluídos nessa categoria. para os homêns de recursos humanos: nós vimos
este campo na empresa estatal, onde ela está limi­
— A determinação da "tarifa" difere essencial- tada por legislações, orientações, ou como nas
mente do "repasse" dos custos nos preços do palavras do Dr. Vera, do MT, "onde o maior acio­
nista determina a regra do jogo".
produto, recurso normalmente utilizado no setor
privado.
O fato é que nós temos limites, um campo muito
Conclusão: restrito; então é necessário que os homens de re­
cursos humanos se conscientizem disso e ve­
A par de tudo que já pudemos apurar no exame nham participar mais desse estudo, por exemplo
da Política Salarial, persiste ainda um espaço bas­ sobre a lei e a política salarial. Até onde me
tante grande de dúvidas e pontos obscuros sobre consta, eu não tenho visto muitos homens de re­
seus efeitos. Insistimos em lembrar que a men­ cursos humanos estudando este problema.
ção dos poucos aspectos abordados neste traba­
lho não pretende fechar questão sobre eles. Ao Este não é um trabalho só para economistas, é
contrário, são aberturas que precisam ser explo­ também para homens de empresa, para adminis­
radas e associadas a quanto se tem falado a res­ tradores, e já é hora dos homens de recursos hu­
peito.
manos e, principalmente, dos homens de cargos
e salários, e eu estou me dirigindo para os ho­
Com efeito, é nas empresas estatais que se aplica mens de cargos e salários no setor, mudarem a
a lei em sua forma mais pura e restritiva, eviden­ sua visão. Até agora nós temos visto aquela visão
ciando-se, em conseqüência, os seus efeitos mais técnicista de equilibrar: capacidade, remunera­
expressivos.
ção e trabalho.
E se há, entre nós, quem acredite não se tratar de
um tema da nossa alçada, cabe invocar a respon­ Acredito que os homens de recursos humanos e
sabilidade de contribuirmos para que os objeti­ de cargos e salários devam se preparar para a
vos sócio-econômicos do país sejam alcançados nova mudança, e, utilizando as palavras do Mi­
sem os sacrifícios que o desequilíbrio mostrado nistro Camilo Pena na palestra que ele fez no ano
neste estudo certamente já está provocando. passado, no Simpósio de Benefício e Assistência,
quando ele disse que "quem tem medo perde o
Com isto, queremos destacar o papel dos Admi­ poder, porque o medo inibe a criatividade, e, se
nistradores de Recursos Humanos, em particular confiar significa correr riscos, não confiar é correr
os de Cargos e Salários, no aprofundamento de muito mais riscos". No mínimo perdeu a oportu­
tais questões. nidade que eu diria de crescer e desenvolvei,