Page 13 - Telebrasil - Março/Abril 1979
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resposta a uma situação que existe gar, mais na linha da chamada esco zões éticas e humanas, em detrim en
por si e que não pode ser criada por la das relações humanas, argumen to de possíveis expansões desta fo r
um modelo. tando que elas são mais importantes ma contidas. E o próprio sujeito fica
que as organizações de forma incon impedido de descobrir.sua possibili
Por último, o aspecto pragmático dicional e o fazem também para dade de enfrentar situações mais
dos modelos situacionistas. Pragmá manter pessoas inadequadas na dignas e menos desgastantes.
ticos, para nós, são todos os estudos mesma situação. São variações do
teóricos, pois têm sempre um fim ideal que demonstram que, mesmo O que é mais coerente com os prin
ainda que seja a busca pura e simples possuindo um estilo determinado, cípios de humanismo e oportunida
do conhecimento. Esta abordagem, pode-se agir facciosamente. des sociais que apregoamos? A ma
porém, implica numa definição que nutenção de um porquê é mais hu
por si só exigiria um estudo comple Terceiros há que, considerando a mano respeitar sua situação ou mes
to, o que não cabe nesta revista. participação como ideal, utilizam o mo esperando que num dia chegue-
grupo para transferir-lhe uma res lhe o insight, enquanto essa manu
Desejamos, entretanto, colocar que ponsabilidade que só a eles caberia, tenção mantém imutável uma estru
teoria pressupõe leis, que pressupõe debitando-lhes a culpa de eventuais tura e uma operação que prende
experiência, que pressupõe observa decisões erradas. Usam até o grupo uma expansão que poderia represen
ção, que pressupõe realidades, que para, numa falsa participação, diluir tar a abertura de 200 ou 300 novos
são situações definidas. Uma gaivo responsabilidades. A verdadeira res empregos? Ou o sacrifício dele,
ta faz vôo picado e não cai; ícaro ponsabilidade está no encarar as le abrindo oportunidade a m uitos em
tentou voar e morreu, enquanto gítimas demandas da situação e as pregados ou subempregados ? A fa l
Santos Dumont fo i mais bem suce sumir o peso de uma resposta apro sidade de demonstrarmos que está
dido. Em suma, voar é um fato mas priada. A questão moral e ética na tudo bem para determinadas pessoas
a situação de cada protagonista aci da tem a ver com modelos de lide — quando temos convicção de que
ma parece merecer consideração rança. Depende antes de tudo do
isso não é verdade — com o cresci
isolada e especial. respectivo background, uma form a
mento de uma falsa impressão nelas,
ção de berço corroborada pela socie
ou o rompimento desse círculo?
Considerando todas como pragmá dade em que o indivíduo se desen
Deixando de ser bajuladas e indevi
ticas ou não, a questão é que peque volve e atua. Assim, a amoralidade
damente valorizadas, elas não pode
nos núcleos enquadram as aborda — grau mais negativo da imoralida riam encontrar caminhos e alterna
gens situacionistas num contexto de de — resulta da personalidade ou tivas mais condignas para um ser
que os fins justificam os meios. Es caráter específico para o qual as di humano?
tes grupos minoritários, por mais ferentes situações de vida servirão
alarde que façam e mais influência tão somente de válvula de escape. A questão moral e ética estaria no
que procurem ter, devem ser pouco Sua exteriorização influi nos mode como e para onde conduzíssemos
destacados, pois, por si só, se esvazi los de liderança, mas antecede a de este um ou uns, porém nunca na ma
arão. Ora, dizer que as abordagens cisão processual. nutenção do status que, como em
situacionistas criam esta postura nosso exemplo de 200 pessoas à
nos gerentes é o mesmo que afirmar Urge uma atuação profunda — e espera de uma oportunidade por cau
que, antes delas surgirem, as gerên possivelmente hoje mais do que sa de uma, dentre m uitos que todos
cias eram conduzidas dentro de nunca — junto aos estudantes e conhecem em sua rotina diária.
princípios morais e éticos de alto àqueles que estão se iniciando nas
nível. Ou que, antes de Maquiavel organizações, já que atingir as fam í Concluímos, então, lembrando que
escrever seu livro O Príncipe, não se lias é bem mais d ifícil. Somente en as teorias de liderança situacionista
faziam coisas ditas maquiavélicas ou tão poderemos estar construindo nada apresentam de novo e tam pou
mesmo que, antes da invenção da homens capazes de tratar devida co criam uma situação nova. Elas
pólvora e de outros explosivos, não mente e considerar o seu semelhan apenas representam uma evolução
havia grupos terroristas. Também a te, independentemente dos modelos natural na busca da interpretação
questão nuclear, neste momento de liderança que estiverem sendo mais adequada de fenômenos que
muito presente entre nós, pode ser utilizados em seu tempo./ existem, procurando acelerar a de
f
vir de modelo. \ & manda de uma liderança ma is eficaz,
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Talvez este tema seja mâis atual que e que elas, como qualquer outra te
Há gerentes que consideram como nunca, pois agimos incongriiente- oria, não são a causa de desculpas
ideal um estilo durão e o utilizam mente com palavras m uito mais do acomodativas mas, sim, um dos
para pressionar e manter a qualquer que costumamos alardear. Um meios utilizados por aqueles que de
custo posições nas mãos de parentes exemplo é o número de pessoas algum modo não se sentem em con
e amigos, de modo inoportuno e mantidas por longo tempo em de dições de buscar novos marcos de
restringindo o desenvolvimento de terminadas posições sob pretexto referência ou um novo padrão pes
suas organizações. Outros, ainda, de não ferir-lhes os sentimentos, soal. Que são realmente pragmáti
colocam as pessoas em primeiro lu por seu valor histórico ou por ra cas, porém entram em conflito com