Page 35 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1976
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serviço telefônico, que é um mo mações prestadas. Que informa ram editados, ao menos nos maio
nopólio, a informação exata do ções são essas? Precisamente os res centros como Rio, São Paulo,
número dc telefone do assinante números dos telefones dos assi Belo Horizonte, Porto Alegre e
procurado. Informação com valor nantes. outras grandes cidades, pelas pró
econômico, no sapiente dizer de prias companhias telefônicas.
Guilherme da Silva Dias (outro Significará que a companhia tele Quando a CTB se associou a uma
Parecer, na mesma obra supra fônica permite a edição de um empresa para produzir listas, não
referida, às págs. 45 e segs.), “ por guia “ não confiável” , contendo in cogitou de permitir competição
que suas mensagens não serão formações menos verídicas. no setor. Os contratos de edição
lidas ou percebidas a todo instan sempre estiveram colocados sob
te mesmo quando não procura Neste passo, um fenômeno agora o signo da exclusividade. E assim
das, como na televisão ou em jor identificado em publicidade, deve vem sendo em todo o País salvo
nais, mas apenas por aqueles que ser considerado, para o desdo raríssimas exceções, onde, aliás,
já sentem a necessidade de adqui bramento do raciocínio: a satura a experiência não foi bem suce
rir um produto e procuram apenas ção publicitária. Dele tomamos dida.
o número telefônico e endereço conhecimento no inteligente estu
de fornecedores” (sic, grifei, págs. do de Everardo Moreira Lima, Li Julgamos, de resto, poder men
47/48). A concorrência, no uso vre concorrência x Monopólio, vo cionar de passagem, que uma em
desse veículo, certamente se diri lume I, dedicado aos Pareceres presa, a mais autenticamente en
girá à luta, entre editoras, no sén- de juristas (o vol. II, acima citado, gajada na cruzada santa da eli
tido de conquistarem, cada qual, engloba, como dissemos, os Pa minação do monopólio, neste cam
a preferência do usuário da in receres de economistas). Asseve po agora tão polêmico, teve a
formação, para o seu guia ou lista ra o autor (pág. 34), abroquelan- prudente cautela de, com anteci
classificada (porque é a freqüên- do-se na autoridade de Jean Bau- pação, registrar junto ao Instituto
cia nas consultas do assinante a drillard, que “ o discurso publici Nacional da Propriedade Indus
um veículo determinado, traduzí- tário dissuade ao mesmo tempo trial, todos os nomes possíveis e
vel por “ índices de audiência” , em que persuade” , porque “ as diver imagináveis concernentes à ex
linguagem publicitária, o argumen sas publicidades se neutralizam ploração publicitária dos guias,
to da venda dos espaços ao anun umas às outras” . “A injunção e tornando particularmente difícil ou
ciante). Tal disputa pela “ audiên a persuasão levantam todas ’ as praticamente impossível a qual
cia” ou “ frequência de consulta” espécies de contramotivações e quer concorrente que se abalance
a um guia, forçosamente terá como de resistências (racionais ou irra a entrar no ramo, lograr registro
escopo propagandístico indisso cionais: reação à passividade, não e proteção para um nome corre
ciável, a afirmação de que “ tal” se quer ser “possuído”), (op. et lacionado ao produto. E se mais
guia é melhor, mais confiável que loc. cit.). não conseguiu é porque a pre
“qual”, concorrente. Quando se tensão ressumbrava a excessos,
vende um programa de televisão Pois bem, se o livre jogo compe podados pelo órgão de registro,
ou de rádio, está se vendendo a titivo pode gerar, no espírito do pois contrariavam de modo fla
mensagem do publicitário e a usuário, uma -contramotiyação de grante os direitos das próprias
audiência do veículo escolhido. molde a levá-lo a rejeitar a men companhias telefônicas. O que
Se o público prefere esta ou aque sagem publicitária de que o guia nos induz a dúvidas sobre se este
la emissora, este é um problema “ tal” é melhor, mais confiável, o será um exemplo de infrangível
que está no âmbito da própria mínimo que se poderá validamen- desvelo à liberdade de concor
emissora resolver. te esperar é o estabelecimento da rência. ..
perplexidade ou mesmo da dúvi
Ela pode lutar pefa audiência, O da em sua avaliação, para esco 6. Buscando encontrar algum ân
que não ocorre com os guias, re lha do veículo a ser consultado. gulo dessa momentosa questão,
lativamente às companhias telefô Em uma palavra: ele perderá a em que pudéssemos identificar
confiança nos guias disponíveis. um ponto de identidade entre as
nicas.
Semelhante efeito terá o mérito diferentes opiniões, abrigamos a
No caso das listas telefônicas, o desasado de transformar o veí esperança de havê-lo encontrado
prejuízo na imagem de um veí culo, que é concebido precipua- na seguinte enunciação: trata-se
culo não afeta apenas a proprie mente para informar, em veículo de um bem, esse repositório de
tária do veículo. Afeta a credibili de desinformação, perventendo-se informações, conteúdo das “ or
dade da companhia telefônica. o sentido e a razão mesma da dens de serviço” das companhias
Porque se uma empresa publici sua existência. telefônicas. Há quem o haja até
tária consegue convencer o usuá definido como “ bem público” .
rio que o seu veículo é melhor, 5. Um argumento menos concei
“mais confiável” , para obter-lhe tuai e mais concreto será o de É um bem porque encerra um com
a preferência nas consultas, es que, no Brasil, ainda não se co plexo de informação de inestimá
tará dizendo, contrario sensu, que nhece experiência séria e tran- vel utilidade para a comunidade,
o veículo concorrente é “ menos qüila do regime da livre concor para esta aldeia global em que a
confiável”. E em que consiste, em rência na edição de listas telefô tecnologia, como observou Mac-
última essência essa “ confiabili nicas. Desde o começo dos ser Luhan, está transformando o mun
dade” ? Na veridicidade das infor viços telefônicos, tais veículos fo do, pela instantaneidade da co