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IMPÕE-SE FIXAR-SE UM SISTEMA PADRÃO DE TARIFAS













                                                                                                                                                                                                    H U G O                                 P.                S O A R E S
















                                                      Muito  já  temos  escrito  a  respeito  da  inadequada  politica  de  tarifas  de  ser­


                                       viço  telefônico  posta  em  prática  pelo  Govêrno  nos  últimos  vinte  anos  —   causa



                                       fundamental,  segundo  entendemos,  do  entorpecimento  do  atual  sistema  nacio­


                                       nal  de  telecomunicações.




                                                      Forçoso  é  reconhecer  —  e  nós  já  o  fizemos,  reiteradas  vêzes  —   que  o  Con­



                                       selho  Nacional  de  Telecomunicações,  órgão  instituído  em  1962,  graças  à  dedi­


                                        cação  e  ao  espirito  público  de  seus  componentes  —   Diretores,  Conselheiros,  As­



                                        sessores  e  Técnicos  especializados  —   conseguiu  atenuar,  de  certo  modo,  as  dis­



                                       torções  mais  acentuadas  e  as  incorreções  mais  gritantes,  assegurando  a  algu­


                                       mas  das  empresas operadoras  nacionais  de  serviço  teiefônico,  quando  solicitado,



                                       os  indispensáveis  recursos  para  o  normal custeio  da  operação.  Somente  por  isso,


                                       certos  empreendimentos  lograram  sobreviver,  quando  tudo  indicava  a  ruina



                                       próxima  e  inevitável.




                                                     A  tarifa  de  serviço  telefónico,  por  tanto  anos  congelada  —   velha  bandeira


                                       dos  demagogos  que  tanto  mal  causaram  ao  país  —   passou  a  ser  agora  encarada



                                       pele  poder  competente  com  a  necessária  seriedade.  Assim  é  que  tôdas  as  em­


                                      presas  que  levam  ao  exame  do  CONTEL  seus  problemas  económico-finan­


                                       ceiros,  comprovando  o  regime  deficitário  da  operação  do  serviço  a  seu  cargo,



                                      sempre  conseguem  solução  favorável  —   e  se  a  tarifa  concedida  não  atende,


                                      ainda,  ao  custeio  da  adequada  expansão  dos  sistemas,  já  é,  pelo  menos,  sufi­



                                      ciente  ao  custeio  da  operação.




                                                     Num  esforço  digno  de  ser  ressaltado,  o  órgão  federal  tem  compreendido



                                       a  grave  situação  das  concessionárias,  procurando  conceder-lhes  a  rentabili­


                                      dade  minima,  capaz  de  impedir  o  colapso  total  do  serviço  telefônico.  Não  fòra


                                      isso,  e  seria  difícil  prever  o  que  teria  ocorrido,  pois  os  déficits  operacionais



                                      generalizados  já  teriam  levado  à  insolvência  as  empresas  mais  desenvolvidas


                                      e,  consequentemente,  mais  prejudicadas.




                                                     Entrementes,  conforme  já  dissemos,  solução  tem  sido  dada  apenas  aos  casos



                                      mais  graves,  levados  ao  conhecimento  do  Conselho.  A  grande  maioria  das


                                      empresas  telefónicas  de  menor  porte,  espalhadas  pelo  interior  do  País  —   que



                                      desconhece  as  facilidades  postas  ao  seu  alcance  para  obter  remuneração  mais



                                      adequada  ou  que  não  conta  com  os  meios  indispensáveis  ao  processamento  da


                                      matéria  —   continua  a  operar  o  serviço  em  regime  deficitário,  às  portas  da  in­


                                      solvência.




                                                     Muitas  delas,  quando  se  dirigem  ao  CONTEL,  o  fazem  simplisticamente,  sem



                                      apresentarem  qualquer  justificativa,  deixando  de  formalizar  a  documentação



                                      indispensável  para  a  comprovação  do  pedido  —   o  que  sempre  provoca  trans­


                                      tornos  e  dificuldades  à  tramitação  dos  processos,  tumultuando  os  trabalhos


                                      do  Conselho  e  tornando  lentos  e  morosos  seus  resultados.  Por  isso  mesmo



                                      podemos  afirmar,  sem  medo  de  contestação,  que  se  o  mal  já  foi  localizado,  e.



                                      de  certa  forma,  já  conseguimos  romper  as  cadeias  que  imobilizavam  a  po­


                                      lítica  de  tarifas  de  serviço  telefônico,  os  resultados  são  ainda  por  demais  par­


                                      cimoniosos,  havendo  muita  coisa  a  fazer  para  chegarmos  à  forma  genérica




                                      adequada  e  ideal.



                                                     A  própria  organização  interna  do  CONTEL,  desprovido  de  mão  de  obra



                                      í specializada  suficiente,  parco  de  recursos,  modesto  em  suas  instalações,  tem


                                      acarretado  as  mais  sérias  dificuldades  ao  processamento  dos  casos  levados  à



                                      sua  consideração  —   que  são  numerosos  e,  na  sua  maioria,  processados  com



                                       falhas  e  incorreções,  pelos  interessados.  Apesar  da  boa  vontade  do  órgão
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