Page 14 - Telebrasil - Setembro/Outubro de 1963
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Nas duas últimas semanas, numero­           tre. No momento, o “Syncon” encon-
sos testes de comunicações com o “Syn-        tra-se num ponto 800 km mais alto.
eon” foram realizados privadamente
— disse a NASA.                                  Uma vez em posição no espaço sô­
                                              bre o Brasil, o “Syncon” estará na li­
   A NASA programou uma série de              nha de visão das estações nos Estados
testes públicos e privados; caso tenha        Unidos, Europa e América Latina. De­
êxito a próxima manobra, o programa           clarou a NASA que essas estações te­
será executado.                               rão de ser modificadas ligeiramente,
                                              para poder enviar e receber sinais atra­
   A manobra consistirá no seguinte:          vés do satélite.
Os cientistas em Lakehurst enviarão
um sinal de rádio ao “Syncon”, a fim             O “Syncon” limitado em sua capaci­
de pôr em funcionamento pequenos mo­          dade, não podendo transmitir progra­
tores a jato no satélite. Êsses motores       mas de televisão, é um satélite experi­
moverão o “Syncon” ligeiramente para          mental, precursor dos satélites de co­
baixo, colocando-o numa órbita sin-           municações sincronicos. Três satélites
crônica precisa, num ponto a 35.680           similares, com uma separação de 120
km sobre o Brasil e a 55 graus de lon­        graus no espaço, poderiam proporcio­
gitude oeste, sôbre o Equador terres­         nar um serviço constante de comunica-
                                              ções mundiais.

 INDÚSTRIA NACIONAL DE EQUIPAMENTO TELEFÔNICO EM PERIGO

     Com o objetivo, ainda, de esclarecer o público em face do problema surgido
em Pôrto Alegre, onde a Cia. Riograndense de Telefones pretende lançar mão
de equipamento fabricado no exterior para ampliar sua rêde apesar da exis­
tência de uma indústria nacional planificada e tornada realidade pelo Govêrno
Federal, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FABRICANTES DE EQUIPAMENTO
TELEFÔNICO fêz divulgar nos últimos dias do mês de julho, pela imprensa, o
seguinte aviso:

     “AO PÚBLICO                              de mais deplorável em todo êsse episódio
      Impõe-se voltarmos a público para       e é uma pena que interêsses meramente
opor sérios reparos ao pronunciamento         ocasionais possam cegar de tal maneira
com que a Companhia Riograndense de           patrícios nossos que os levem a negar uma
Telecomunicações (que chamaremos a se­        realização que aí está, à vista de todos,
guir pelas iniciais, CRT) entendeu de re­     como soberbo atestado da capacidade do
plicar, pela imprensa, manifesto nosso, que   povo brasileiro.
a outra coisa não visava senão à defesa
intransigente da economia nacional, no             Fique dito mais uma vez: nossa ati­
caso da importação, que aquela emprêsa        tude não deve ser entendida como um pro­
de economia mista deseja consumar, de         cesso de obstrução de quaisquer interêsses,
várias centrais telefônicas, num total de     como já se quis fazer pensar. Isso porque,
12 800 linhas, fabricadas por emprêsa es­     independentemente da nossa ação, às au­
trangeira sem tradição no Brasil. A ope­      toridades federais é que cabe a tutela de
ração, que incluiria os próprios aparelhos    um plano que nasceu da sua própria ini­
telefónicos e o custeio, a pêso de dólar, do  ciativa. E a sua intervenção certamente
serviço de vários técnicos alienígenas, im­   não deixará de fazer-se sentir no momen­
plicaria no dispêndio de mais de 2 milhões    to em que se intenta pôr abaixo aquilo que
de dólares!                                   é obra também oficial, não apenas parti­
     Se não objetássemos agora à tantas       cular.
e tão graves inexatidões contidas na pubh-
cação da CRT, poderia a opinão pública,            Repetidas vêzes contamos a história
especialmente a digna coletividade gaú­       do surgimento da indústria nacional de
cha, ficar com uma errónea impressão          equipamento telefônico; é preciso que o
acêrca da indústria nacional de equipa­       façamos ainda uma vez, em face de tanto
mento telefónico e sua atual posição. Essa    negativismo e tanta incompreensão.
distorção, a nosso ver, é o que há mesmo
                                                   Essa indústria nasceu de um plano
                                              oficial. Considerando que as comunica­
                                              ções telefônicas são de vital importância
                                              para o desenvolvimento e a segurança na-
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