Page 19 - Telebrasil - Novembro 1962
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em prática o sistema de autofinancia-    do Rio Grande do Sul — entidade es­
mento, em toda sua plenitude.
                                         tatal, instituída pelo Governo Gaúcho
   Por tôda parte, onde quer que te­
nha sido possível às empresas conces­    — celebrou contrato com a empresa
sionárias de serviço telefônico vale-
rem-se do autofinanciamento, a indús­    Húngara BUDAVOX para o forneci­
tria nacional recem-instituída compa­
receu com o produto de sua fabrica­      mento e instalação de equipamento
ção, da melhor qualidade, em tempo
hábil, assegurando, desta maneira, o     destinado a serviço telefônico de lon­

abrandamento da gra(ie crise em que      ga distancia, ligando Porto Alegre.
o país se debate no campo da telefo­
nia. Entrementes, porque o Poder Pú­     Santa Maria, São Leopoldo e Cruz
blico não tenha transformado em nor­
ma geral, a adoção do sistema de au­     Alta, naquele Estado. De acôrdo com o
tofinanciamento — e êsse tenha sido
sabotado e demagogicamente comba­        noticiário publicado, o valôr do con­
tido, nos principais centros do país,
onde é maior o índice da demanda re­     trato é de 71 milhões de cruzeiros e
gistrada — a nascente indústria de
equipamento telefônico, instalada pe­    a BUDAVOX se comprometeu a co­
los nossos quatro grandes pioneiros
com a maior boa vontade e a custa dos    locar em Pôrto Alegre todo o equipa­
maiores sacrifícios, não logrou encon­
trar. ainda, o mercado favorável e       mento TRÊS MESES APÓS A CON­
amplo ccm o qual lhe acenara o Go-
vêmo, para atraí-la.                     CESSÃO DAS LICENCAS DE IM­

   A assistência governamental que       PORTAÇÃO.  *
tanto merecia, lhe vem sendo recusa­
da: primeiro, porque são diminutas       Segundo as informações divulgadas,
as facilidades postas à sua disposição;
depois, porque não se dão condições      aberta concorrência pública objetivan­
às empresas operadoras para coloca­
rem as encomendas de equipamento         do a instalação de centrais automáti­
de fabricação nacional necessárias à
ampliação de suas redes, apesar da       cas em Pôrto Alegre, compareceram,
elevada demanda registrada; e. final­
mente. porque não oferece à indústria    entre outras, uma emprêsa fabricante
ainda em formação a proteção indis­      do Japão e outras três dos países so­
pensável, preservando-a da concorrên­
cia perigosa e desleal dos fabricantes   cialistas, a BUDAVOX inclusive — e
estrangeiros.
                                         esta última levará, por certo, as mes­
    Temos notícia de que fábricas de
 equipamento telefônico do Japão e de    mas vantagens que lhe asseguraram
 países socialistas, como a Hungria, a
 Tchecoslováquia e a Yuguslavia estão    sagrar-se vencedora na concorrência
 procurando penetrar no mercado bra­
 sileiro. em franca disputa com a in­    a que nos referimos anteriormente.
 dústria nacional ainda incipiente, por
 força do esquecimento a que foi rele­   Ora, se há uma indústria nacional
 gada. Ainda em outro tópico deste bo­
 letim. registramos que a Companhia      de equipamento para telecomunicação
 Rio Grandense de Telecomunicações,
                                         estabelecida em decorrência de planos

                                         oficiais — indústria esta plenamente

                                         capaz, do melhor conceito, represen­

                                         tada por quatro emprêsas indepen­

                                         dentes — não se compreende, eviden­

                                         temente, que o Govêmo libere o mer­

                                         cado sulino às emprêsas não nacionais,

                                         dos países socialistas, hoje, por mo­

                                         tivos óbvios, firmemente dispostas a

                                         penetrar no mercado brasileiro. Afi­

                                         nal, para que servirá a nossa indús­

                                         tria nacional de equipamento para te­

                                         lecomunicação se o Poder Público se

                                         dispõe a considerar pedidos de libera­

                                         ção cambial para a compra de equi­

                                         pamento da Hungria, do Japão, da

                                         China Comunista ou da própria Rús­

                                         sia? Onde a lógica dos critérios ofi­

                                         ciais adotados ? Onde a sinceridade das

                                         garantias oferecidas àquêles que se

                                         dispuzeram. nas horas difíceis, a ins­

                                         talar no país fábricas que representa­

                                         ram fabulosos investimentos e prova

                                         de confiança absoluta nos propósitos
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