Page 17 - Telebrasil - Novembro 1962
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petir privativamente à União os ser­    de se subordinar às ordens do Poder
viços dos troncos que integram o Ser­   Federal sem defesa e sem recurso.
viço Nacional de Telecomunicações in­   As portas dos tribunais foram-lhes
clusive suas conexões internacionais.   fechadas. Numa palavra: o Govêrno
Suprimido o vocábulo, a competência     fará o que quiser com as estações de
saiu dos troncos para se estender por   rádio e de televisão, proibidas estas
todo o sistema, abrangendo, portanto,   de abrir a bôca. Em matéria de pre­
as estações comerciais de audio e       potência bateu êle os “records” mun­
                                        diais levantados pelo discricionarismo
video.                                  do próprio Hitler e do próprio Musso-
   À primeira vista parece impossível,  lini, em que pesa o ridículo com que
                                        essas duas figuras se cobriram no
por contrário às concepções normais,    seu negro sudário.
que o veto possa alterar o fundo in­
tencional de um projeto de lei apro­       Dir-se-á que o Govêrno não pode
vado pelo Congresso, tornando o bran­   impedir ninguém de correr à Justiça
                                        para pedir a reparação de lesões nos
co prêto e quadrado o redondo. O        seus direitos. De acordo. E’ ponto
veto parcial visa a reparar ou modi­    constitucional. A lei escanhoada pelos
ficar os preceitos e dispositivos con-  vetos previa, entretanto, ações espe­
servando-lhes os propósitos. Assim      cíficas, de marcha acelerada e obri­
não sendo, erige-se em decisão revi­    gava a autoridade a prazos protegi­
sora do julgado, com o que passa a      dos, agora deixados ao seu arbítrio.
impor-se como lei exatamente aquilo
que o Congresso reprovara e repelira.      Mas, a Justiça obrará a seu tempo.
O exemplo está claro no objeto: o       N o momento trata-se de conjurar pe­
Congresso restringiu a competência      rigos imediatos, perfilhados pelos ve­
do Govêrno aos troncos manifestando     tos, alguns, os principais, “ intituí-
o intuito de conservar a competência    dos” , e assim postos fora da alçada
particular nas linhas; vem o Presi­     dos tribunais. Tal conjuração cabe ao
dente e, ceifando os troncos, fica com  Congresso ao examinar os vetos. E’
as linhas. Certamente uma tal con­      coisa para já. Dada a sua tendência
cepção do veto parcial é ilícita e ab­  para a morte voluntária há que re­
surda .                                 cear venha a lhe faltar quorum para
                                        a rejeição dos vetos. Notem bem, po­
   E não se contenta o Govêrno em       rém, os parlamentares: se mantive­
avassalar e tomar tudo. Nas suas re­    rem, comissiva ou omissivamente di­
lações leoninas com os concessioná­     tos vetos, podem encomendar o esquife
rios, enquanto não os devora ou sub­    em que sepultarão as franquias de­
mete um a um, afastou cuidadosa e       mocráticas .
totalmente a interferência da Justiça,
através de calculadas podas do texto
do Código. Os concessionários terão

INDÚSTRIA NACIONAL EM PERIGO

                                        Hugo P. Soares

   Há muitos anos atraz, teve início    larização do sistema brasileiro de te­
no país uma batalha árdua em busca      lecomunicações. Conforme se tem tido
do estabelecimento de condições para    oportunidade de afirmar, reiteradas
a instituição de uma indústria nacio­   vêzes — nós, no «Bilhete ao Leitor»
nal de equipamento telefônico — con­    do TELEBRASIL NOTICL4RIO e inú­
siderada como um dos principais fa ­    meros outros estudiosos do problema
tores para o êxito de qualquer esforço  em artigos, conferências e entrevistas
a ser desenvolvido no sentido da regu­  sôbre o mesmo assunto — o estabele-
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