Page 15 - Telebrasil - Novembro 1962
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VELHAS HISTÓRIAS QUE NÃO CUSTA RELEMBRAR

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Há cêrca de 4 anos, em dezembro        Os cinco mil terminais que represen­

de 1958, na Câmara Municipal de Be­ tavam a primeira fase do plano foram

lo Horizonte, votava-se uma lei auto­ encomendados, rapidamente, pela Com­

rizando a Companhia Telefônica de panhia e ficaram encaixotados na Sué­

Minas Gerais, concessionária do servi­ cia por muito tempo, apenas aguar­

ço telefônico local naquela cidade, a dando autorização para embarque e re­

adotar o sistema de autofinanciamen- gularização da encomenda. Mas o plano

to, a fim de ali instalar 20 mil novos foi posto a baixo pelo então Prefeito

telefones automáticos.                 de Belo Horizonte, que no dia 31 de

   Nos primeiros doze meses a empre­ janeiro de 1959, muitas horas após
sa ficaria obrigada a instalar cinco haver-se empossado no cargo o seu

mil novas linhas, devendo concluir a sucessor, vetou a Lei, recusando-lhe a

instalação dos vinte mil no prazo de indispensável sanção.

36 meses.                              Alegava-se, na ocasião, que os can­

Além do mais, bairros afastados, fo ­ didatos a telefone ficariam sèriamen-

ra do perímetro urbano, como as cida­ te prejudicados se tivessem que pagar

des satélites do Barreiro e de Venda para ter o seu telefone, o valor da
Nova. seriam beneficiados, recebendo quota estabelecido na Lei — esquecen­

a primeira delas 60 linhas telefônicas do-se, preconcebidamente, de que os

e a última 50. Duzentos telefones pú­ assinantes nada pagariam, fazendo-se,
blicos seriam postos a funcionar na isto sim, acionista da emprêsa, o que

periferia da cidade, a metade dos quais era muito diferente. E assegurava a
seria instalada dentro do prazo de 12 autoridade que vetava a Lei que o fa ­

                                       zia por considerar «que a adoção do

Para poder executar um programa projeto seria a liquidação das preten­

tão amplo de expansão de sua rêde, a sões das classes menos favorecidas,

Lei autorizava a Companhia a exigir quanto a telefones, as quais não pode­

de cada novo assinante que contribuis- rão arcar com êsse nôvo ônus».

se financeiramente para o custeio das  Em dezembro próximo fará quatro

novas instalações, subscrevendo « de­ anos, exatamente, que a Câmara de

bentures > conversíveis em títulos do Belo Horizonte votou o fam oso projeto

capital da Companhia, 50% em ações de Lei, mais tarde vetado pelo Prefei­

ordinárias e 50% em ações preferen­ to. Tivesse a Lei sido sancionada e

ciais.                                 Belo Horizonte disporia, hoje, de pelo

A fim de obter a instalação de um menos mais 20 mil novos telefones. A

telefone, o futuro usuário teria so­ Companhia Telefônica de Minas Ge­

mente que se fazer acionista, subscre­ rais contaria, atualmente, com vinte

vendo títulos do capital da empresa mil novos acionistas — que represen­

cujo valôr oscilava entre Cr$ 22.000,00, tariam, no capital da emprêsa, pelo

Cri£ 25.000,00 e Cr$ 30.000,00, con­ menos Cr$ 500.000.000,00 a mais, dos

forme fôsse o caso de telefone de re­ quaes Cr$ 250.000.000,00 em ações

sidência, de escritórios de profissões ordinárias com direito a voto — e a

liberais ou de estabelecimentos comer­ cidade contaria com um dos mais com­

ciais ou industriais. A Concessioná­ pletos e modernos serviços telefônicos

ria somente poderia iniciar a cobrança automáticos dos existentes no país.

do valôr da contribuição — que seria   Hoje, a demanda de telefones na

desdobrado em 36 pagamentos — Capital mineira é da ordem de 40 mil

quando pudesse assegurar a instala­ pedidos aguardando atendimento. Um

ção dos primeiros cinco mil telefones telefone, no chamado câmbio negro —

em 12 meses e a dos 15 mil restantes modalidade de «negócio» que prolife­

dentro do prazo de 36 meses.           ra por tôda parte, apesar da vigilân-
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