Page 18 - Telebrasil - Junho 1962
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tante desta cidade sou grato aos  Sempre perseguira a idéia de
 estrangeiros que ajudaram a mi­   plantar maçãs; só agora porém,
 nha cidade a fugir da condição    levara a cabo a empresa extra­
 colonial em que se achajva e de   ordinária. Os resultados, de acor­
 que eu próprio encontrei nos      do com o que me conta o Sr. Ro­
 nieus verdes anos muitos vestí­   dolfo, excederam a sua expecta­
 gios. Não tenho mêdo nem ver­     tiva. — Mas por que êsse desejo
 gonha de proclamar o muito que    de produzir maçãs? pergunto-
 devemos, todos os cariocas, às    lhe. Explica-me Rodolfo que ja­
 malsinadas ^companhias de luz,    mais admitira a idéia de que não
 telefone, gás, etc., que fizeram  tínhamos as condições necessá­
 muito, que nos deram, em dado     rias para o cultivo da macieira.
 momento, êsse mínimo de con­      — O senhor não acha absurda
 forto de que necessitava esta     a afirmação de que um país, nas
 nossa antiga capital para sermos  condições do Brasil, não tem
 realmente uma cidade.»            meios de obter produção própria
                                   de maçãs? Naturalmente que eu
 «A S M AÇÃS DO SR. RODOLFO        achava tudo isso uma loucura de
                                   pessimistas e incapazes. — Di­
    No Aeroporto de Viracopos      go-lhe mesmo — insiste Rodolfo
 (em Campinas), pouso por qua­     — que as minhas maçãs de A ti­
 se uma hora do DC-8 que me        baia são tão boas quanto as me­
 leva a Buenos Aires — sou apre­   lhores que vêm do estrangeiro.
 sentado pelo meu companheiro
 de viagem, Júlio Barbero, ao Sr.  Dentro em poucos estaremos li­
 Rodolfo. Trata-se de um homem     bertos da importação. O Brasil
 claro, alourado — com uns qua­    será em breve auto-suficiente em
 renta e poucos anos presumíveis.  matéria de maçãs.
 Está sem paletó, mas traz na
cabeça um pequeno chapéu ver­          Indago de Rodolfo em que de­
 de-escuro, petulante, como os     ram as experiências que esta­
usam os habitantes das regiões     vam sendo feitas pelo Ministério
alpinas.                           da Agricultura no sul de Minas.
                                   Eu próprio visitei alguns sítios
    — Quem é êsse Rodolfo? per­    dessa admirável região e tive a
gunto enquanto o simpático per­    oportunidade de ver as primeiras
sonagem vai comprar um maço        maçãs que floriam. Certa manhã,
de cigarros. Barbero explica-me    bem cêdo, levaram-me a ver as
ràpidamente: — E ’ um amigo        macieiras molhadas de orvalho.
meu, muito trabalhador, que dei­   Os frutos rechonchudos, ainda
xou o comércio para dedicar-se     vermelhos, mal acabqfvam de ad­
à agricultura. Voltando Rodolfo,   quirir suas formas. Os técnicos
não necessito perguntar-lhe si-    estavam esperançados, mas, ao
quer que espécie de agricultura    que parece, não vingou a inicia­
está levando a efeito. Conta-me    tiva.
êle logo que é o pioneiro na pro­
dução de maçãs. Está enfórico. Já     Agora verifica-se o triunfo do
colheu esplendidos frutos nas      Sr. Rodolfo. Nascido na Alema­
suas terras em Atibaia. Pode-se
considerar um grande vencedor.     nha, Rodolfo vive aqui a vinte
                                   e seis anos e não quer saber de
                                   outro país neste mundo. Está sa­

                                   tisfeito e orgulhoso de exercer
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