Page 21 - Telebrasil - Junho 1962
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popular, treinamento vocacional      professores (de tempo integral)
e escolas técnicas.»                 sôbre a construção de obras sun
                                     tuárias? Quem imagina o Sr.
   Sem mais demora, devemos          Kubitscheck criando e organi­
concentrar nossos recursos nessa     zando uma grande rede de ensi­
imensa massa de jovens entre         no primário, secundário e profis­
quatorze e vinte anos de idade,      sional em vez de construir Brasí­
despreparados, sem saber como        lia? Quem iria medir a glória de
usar a inteligência e as mãos        um presidente pelo número de
nas condições primitivas em que      escolas que criou ou — menos
têm de ganhar a vida; inseguros      ainda — pela eficiência do ensi­
acêrca do próprio futuro, ansio­     no público? Onde as inaugura­
sos por aderir a qualquer idéia      ções? Onde as fotografias para
que lhes pareça promissora.»         propaganda do «benefactor»?

   «Financiemos a juventude, que         Quando se fala em desenvol­
aprende depressa, anciosa por se      vimento econômico e em Aliança
afirmar, para que tenha nas          para o Progresso, que é que se
mãos a ferramenta, o livro, o la­    pede aos americanos? Pede-se
boratório, a oficina, e aprenda a     «o dinheiro», sem siquer querer
consertar a teleyisão sem prati­      perm itir que êles verifiquem sua
car no receptor do freguês; usar      boa aplicação. Se não fôr em di­
um trator sem quebrá-lo; com­         nheiro, vá lá que seja em maqui-
preender o que lê, e o que os ou­     nismo ou em trigo. Mas quem
tros escrevem; e capaz de apren­      aceitaria uma aliança que «ape­
der a ganhar a vida sem ter que       nas» nos desse boas escolas, ci­
necessariamente recorrer ao em-       entíficas, industriais ou agrí­
prêgo público».                       colas ?

    A razão por que o problema            Entretanto, nos países subde­
da Educação, no sentido de su­        senvolvidos, o que decide afinal
prir à mocidade os meios de           do ritmo de progresso econômi­
APRENDER A PRODUZIR, é                co, mais do que qualquer outro
relegado entre nós a segundo pla­     fator, é a M E D ID A EM QUE
no, quando não ao esquecimento,       SE CONSEGUE FAZER CRES­
é que os efeitos dessa criminosa      CER E M E LH O R A R OS QUA­
omissão não são diretamente apa­      DROS H U M A N O S ; os empreen­
rentes. nem gritantes a curto          dedores, os engenheiros de pro­
prazo.                                 dução, os administradores, os
                                       técnicos, os projetadores, os cal­
    Se falta água, se falta ener­      culistas, os desenhistas, os con­
gia, se falta trigo, é um deus-nos-    tadores, «e t hoc genus omne».
acuda. Mas se falta educação,
ninguém grita porque ninguém               Toda tentativa de fazer cres­
sente que êsse cancro impede o         cer o estoque de capital do país
país de progredir.                     a um ritmo mais rápido do que o
                                       permite a disponibilidade dos ele­
    E qual o Governo que tendo         mentos humanos pouco contri-
 de escolher (governar e esco­
 lher), dará prioridade à criação
 de escolas e à formação de bons
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