Page 15 - Telebrasil - Junho 1962
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vérsia entre livre emprêsa e es-         subsidiárias, Minas Gerais e Es­
tatísmo, provando-se, cabalmen­          pírito Santo — à espera de te­
te, que, no Brasil, pelo menos           lefone: esta é a demanda conhe­
até agora, a ingerência do Esta­         cida. Estima-se, no entanto, que
do no setor econômico só tem             outro meio milhão de pessoas,
trazido prejuízos sem conta.             não inscritas, constitui a deman­
                                         da oculta ou o potencial de de­
   Ora, no início destas linhas          manda. E ’ gente que, conhecen­
afirmamos que o poder que ema­           do as dificuldades que já exis­
na do povo governa em seu no­            tem, se adapta às circunstâncias
me e, pelo menos teoricamente,           e espera que algo de novo e ines­
em seu interesse. E o interêsse          perado aconteça. Para pôr em dia
do povo está, precisamente, na           e expandir seus serviços, a Com­
existência de bons serviços, se­         panhia Telefônica Brasileira pre­
ja nêste ou naquêle setor. Logo,         cisaria realizar investimentos
a administração dos negócios ad­         hoje estimados em 50 bilhões de
ministrativos, a orientação do           cruzeiros e que. dentro de seis
governo, deve partir da experi­          ou doze meses, estarão natural­
ência que já temos e que se              mente ampliados, em termos de
constituem em elementos bási­             unidades monetárias, sob o im­
cos, com força cabal, para mos­          pacto natural da inflação. Mas
trar que a ingerência do poder           além daquêles 50 bilhões, seria
público na economia privada, não          necessário investir outros 50 bi­
tem dado, no Brasil, bons resul­          lhões dentro de seis anos. Êste é
tados. A o contrário disso, ali on­       o aspecto, apenas, do drama de
de a livre iniciativa tem curso           uma emprêsa concessionária de
pleno, desenvolve-se a concorrên­         um serviço, que sabe que poderia
cia. atua a lei da oferta e da pro­       vender muito mais do que real-
cura, verifica-se o equilíbrio na­        mente vende, que o mercado pre­
tural dos preços — desprezan­             cisa de seus serviços, mas que
do-se os fatores inflacionários —
 e o povo sai ganhando.                   não pode vender, não pode aten­
                                          der ao mercado, pois as tarifas
    Está na hora, portanto, de le­        a que está sujeita são inadequa­
 var em consideração tais fa to ­          das e o Poder Público, que deve­
 res, verificando-se os resultados         ria zelar e pugnar pelos melho­
 de nossa experiência no setor da          res serviços, tem criado apenas
 estatização e, à base disto, con­         dificuldades, concorrendo para o
 ceituar nossos rumos econô­               atrazo do Brasil no campo das
 micos.»                                   tel ecomunicações.

  TELEFONES — PROBLEMA                        N o entanto, esta mesma em­
                 N A C IO N A L            prêsa e suas subsidiárias, na-

               — “Jornal do B rasil’* —    quêles Estados, têm 80% dos te­
                                           lefones instalados em todo o país
                        — 27/ 2/1962 —     — 782.198 até 31 de dezembro
                                           de 1960. Seus cabos coaxiais li­
     «Mais de meio milhão de pes­          gam Petrópolis ao Rio e Santos
 soas estão inscritas, em cinco            a São Paulo; seus circuitos de
 Estados — Guanabara. São Pau­             micro-ondas ligam Rio e São
 lo, Rio de Janeiro e, através de           Paulo, São Paulo e Campinas.
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