Page 16 - Telebrasil - Agosto/Setembro 2002

Privatização melhorou,

mas faltam ajustes

A maior oferta de linhas e opções de operadoras,
contudo, ainaa não eliminou velhas questões.

Luiz Vieira

M uita coisa mudou nestes no início de 1998, hoje paga uma Lares de classe D
quatro anos de privati­
habilitação de R$ 38 (média nacional)
com telefone fixo
e tem o telefone instalado em poucos
zação do setor das teleco­
municações. Passamos de uma ca­índices de qualidade dos ser­
dias. Os
70
rência de linhas fixas para uma ca­ viços das operadoras também registra­
pacidade ociosa de mais de 11 milhões, ram melhorias expressivas nestes anos.
apenas nas quatro operadoras que A universalização deu passos enor­
foram privatizadas, sem contar as ofe­ mes, porém os custos envolvidos na
recidas pelas empresas-espelho. A manutenção de uma linha telefônica
competição se implantou de forma pelos usuários ainda mantêm longe do
expressiva na telefonia celular, com as serviço um grande contingente da po­
operadoras da Banda B inicialmente pulação. A inadimplência na telefonia
conquistando percentuais de até 40%, fixa cresceu muito com o maior acesso
e ampliando-se agora com as das das classes C e D. Além destas questões, 1998 1999 2000 2001
• Região 1 • Região 2 • Região 3
Bandas D e E. Na telefonia de longa que estão relacionadas a problemas
distância, disputada por até quatro maiores como a distribuição de renda
operadoras em alguns estados no ano no Brasil, são necessários alguns ajustes investimentos feitos pelas operadoras
passado, novos atores passam a atuar internos ao setor como o das tarifas de celulares que implantaram novas redes
no final destes quatro anos de priva­ interconexão, que estariam penalizando e pelas incumbents fixas que anteci­
tização, o mesmo ocorrendo com a te­ algumas operadoras em detrimento de param as metas da Anatei do próximo
lefonia fixa local. O usuário que che­ outras, e crescente necessidade de ano e agora enfrentam grande ociosi­
gava a pagar no mercado paralelo até aumentar a receita das operadoras para dade em suas redes.
US$ 10 mil por uma linha de telefone viabilizar o pagamento dos pesados Da parte dos fornecedores, cresce a
preocupação com o corte de encomen­
Investimentos no setor e faturamento da indústria das das operadoras e alternativas como
(em R$ bilhões) o mercado corporativo e o aumento das
exportações estão sendo considerados
por muitos deles. Alguns setores re­
10,5 1 1999 gistraram grande expansão, principal­
Faturamento 9,9 | | 2000 mente no segundo e terceiro anos da pri­
da indústria
vatização, e agora estão tendo que re-
dimensionar suas perspectivas já que o
setor das telecomunicações, não apenas
J 21,4 no Brasil, mas em todo o mundo, vem
Investimentos 16,2
no setor registrando queda de receita e as pre­
12,2 visões otimistas de aumento de tráfego
não se realizaram em virtude da crise
econômica mundial.
Fonte: Anatei