Page 27 - Telebrasil - Junho/Julho 2002
P. 27
f epois dos ajustes econômicos, obtidos nos dois mandatos
de Fernando Henrique Cardoso - com a inflação dominada e a
economia semi-estagnada o País busca o desenvolvimento sus
tentado e menor vulnerabilidade externa.
Affonso Pastore, ex-presidente do AJoísk) Mercadante
Banco Central e professor da USP Deputado Federa! (PT)
Regime de Resultados
Câmbio Flutuante foram Medíocres
São diretrizes para um desenvolvimento sustentado do País: Foram medíocres os resultados alcançados pelo País nos
controlar a política fiscal (gastos e aplicações do Governo), últimos anos, para um período de estabilidade tão grande.
reformar gradualmente a Previdência para reduzir a despesa Deteriorou-se o resultado externo, fruto de uma abertura
pública, manter o câmbio flutuante e estabilizar os preços. "ingênua" que tornou o Brasil vulnerável.
"É preciso ter um Banco Central independente, imune às Para estabilizar nosso crescimento, é importante diminuir o
pressões políticas para poder mexer nas taxas de câmbio e déficit externo. O melhor caminho a seguir será aumentar
de juros". É importante manter o regime de câmbio nosso comércio extenor para: acumular saldo comercial,
flutuante, praticado desde 1999. Tai regime, aliado ao diminuir a vulnerabilidade externa do País e permitir a baixa
controle da taxa de juros, permite melhor absorver os da taxa de juros.
choques externos à nossa economia.
Nas últimas duas décadas, o País cresceu, em média, 2,5% Exportar mais esbarra, porém, na onda de protecionismo
ao ano. Mas precisará crescer num ritmo maior para dos países centrais, como no caso do aço nos EUA e da
responder à sua necessidade social. Uma queda na taxa de agricultura na União Européia. Em novembro, já de Governo
juros fará crescer o PIB. A dependência do País ao fluxo do novo, o Brasil terá que apresentar à OMC suas reivindicações
capital externo ainda permanece muito alta. em relação ao comércio externo e terá que estar preparado.
O equilíbrio das contas externas pressupõe ajustar a taxa de Numa política de Governo, "o social deve ser o eixo central
câmbio e aumentar a poupança interna. A simples substi do desenvolvimento". Será preciso incluir no mercado de
tuição de importações (com produção local) pode diminuir massa a população pobre, até agora excluída. O País não
a pressão sobre a balança de pagamentos. Porém, manterá deve ser contra o investimento externo direto, de conteúdo
alto o risco do País. Dentre as medidas para atacar a rigidez tecnológico.
dos gastos do Governo, será preciso separar Previdência de
Assistência Social.
Para Monica Valente, vice-presidente da Central Única
dos Trabalhadores, nosso modelo econômico favoreceu o
setor bancário. "Será necessário desarmar a armadilha de
juros e da dívida pela inclusão da massa de brasileiros nos
benefícios do crescimento". Segundo o sindicalista João
Carlos Gonçalves (Juruna), o Brasil tem 1,9 milhão de
desempregados. Dois em cada dez trabalhadores.