Page 28 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 2001
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No  caminho da





                            tecnologia







                                               O papel de mero consu­
          0     estilo  moderno  de vida e o  bem-   midor de tecnologia não é   "É  preciso
               estar que almejamos e gostaríamos
                que estivesse  ao  alcance  de todos
                                             razoável  para  uma  nação
          dependem fundamentalmente da tecno­  das dimensões do Brasil e   recuperar
          logia.  O   homem  pode  ser caracterizado   com as suas potencialida­
                                                                                                       Gilberto  Kassab
          como uma espécie biológica capaz de acu­  des humanas. Já dispomos   o  tempo
          mular capacidade crescente de criar e ope­  de  consideráveis  sucessos             ção intelectual pela opor­
          rar utensílios cada vez mais complexos.  nesse campo, entre os quais   perdido      tunidade de ousadias cri­
            Provavelmente  o  próximo  século  será   se  destaca,  atualmente,  a            ativas tanto quanto pelo
          pautado por um esforço consciente no rumo   nossa capacidade  de  pro­  com  grande   trabalho árduo e sistemá­
          do desenvolvimento sustentável, baseado   jetar e produzir aeronáveis               tico em busca dos resul­
                                                                      engajamento
          em tecnologias mais isentas de nocividade   de médio porte com com­                 tados almejados.
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          ao  meio  am biente  e  capazes  de  ser   provada  competitividade   dos  setores   der público, cabe contri­
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      TELEBRASIl/noverobro-dezembro   netram  com  tal  força  na  nossa vida  que   sões, em matéria de conhe­  público  e   um ambiente  educacio­
          mantidas alongo prazo.
                                             no mercado internacional.
           Algumas  das  tecnologias  recentes  pe­
                                               Mas, não tenhamos ilu­
                                                                                              buir para a produção de
          pode parecer estranho termos, durante tan­
                                                                          privado"
                                             cimento científico e aplica­
                                                                                              nal e econômico propício
          to tempo, prescindido de coisas como fac-
                                             ção tecnológica não é per­
                                                                                              à  pesquisa  e  à valoriza­
          símiles, telefones celulares, fornos de mi­
                                             mitido dormir sobre os lou­
                                                                                              ção do produto  intelec­
          croondas, e-mailsç, etc. Os próprios telefo­
                                             ros do sucesso. E preciso manter a cami­
                                                                                 tual. Uma legislação que abrigue incenti­
          nes  fixos  eram,  até  há  poucos  anos,
                                             nhada sempre. E preciso agregar, continu­
          incessíveis para as camadas populacionais
                                             amente, novos talentos; permanecer aten­
                                                                                 e incorporadoras de conhecimento e tec­
          brasileiras de menor poder aquisitivo.  to ao horizonte das tendências nascentes;   vos às empresas e organizações geradoras
                                                                                 nologia não deve ser negligenciada.
            Porém, é bom lembrar que a tecnologia   participar do intercâmbio mundial de co­  Não basta formar elevadas competên­
          não provê apenas conforto e facilidades de   nhecimentos e não perder oportunidades   cias científicas e tecnológicas no País ou
          comunicação e transporte. Possibilita tam­  de articular parcerias criativas. E um mun­  mesmo via intercâmbios, mas, acima de
          bém maior produtividade e melhor desem­  do que não favorece os tímidos, muito me­  tudo, é preciso gerar condições para que
          penho em todos os setores da economia,   nos os relapsos e desinteressados.  elas  sejam  absorvidas  e  encontrem  seu
          assim como preservação de saúde e eleva­  No Brasil, é preciso recuperar o tempo   campo preferencial de atuação entre nós.
          ção  geral  dos  seus  padrões.  Resulta  em   perdido com grande engajamento dos se­  Se possível atrair talentos como forma de
          melhoria da qualidade de vida como um   tores público e privado.Tanto as empresas,   acelerar a recuperação da distância  que
          todo, e há praticamente  uma relação dire­  expostas de forma crescente à competição   mantemos  em  relação  aos centros  mais
          ta entre domínio tecnológico e desenvolvi­  globalizada, deverão empenhar esforços e   desenvolvidos.
          mento humano.                      recursos no desenvolvimento de técnicas e   A Lei Geral das Telecomunicações abre
           No caso do Brasil, falta-nos melhor dis­  produtos sintonizados  com as demandas   perspectivas para regulamentação de  in­
          tribuição, tanto regional como social, das   mais exigentes destes tempos  como o Es­  centivos fiscais para pesquisa e desenvol­
          vantagens e dos benefícios da tecnologia   tado e a comunidade acadêmica não po­  vimento. Esse é um bom exemplo que deve
          moderna. Faltam-nos maior amplitude  e   derão faltar com o necessário apoio ao que   ser estendido a todo o campo produtivo
          persistência na aplicação de recursos para   deve ser um projeto de interesse comum.  nacional.
          a pesquisa, a incorporação e o desenvolvi­  A universidade se constitui no principal   Güberto  Kassab  é  deputado  federal
          mento das novas tecnologias. Nenhum país   formador de competências por meio de cur­  (PFL-SP)  e  Rodrigo  Garcia  é  deputa­
          pode considerar-se auto-suficiente, tal o   rículos que não sejam meros reprodutores   do  estadual  (PFL-SP).
          grau  de  interdependência hoje  existente   de conhecimento consolidado, mas também
                                                                                 (Este  artigo  foi  publicado  originalmente  na
          na tecnologia de ponta.            forma de estímulo ao espírito de especula-
                                                                                 Gazeta  Mercantil,  de  27  de  setembro  de  2001).
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